E haja pressão no caldeirão do Esporte Clube Bahia. O fato do “time de transição” ter vencido, de virada, a modesta equipe do Jacobina por 3×1 em jogo válido pela 5ª rodada do Campeonato Baiano, sequer, arrefeceu à “chapa tricolor” que começou a esquentar no Piauí, com a derrota e a conseqüente eliminação diante do River, logo na estréia da Copa do Brasil. Entretanto, no último sábado, com a derrota diante do Vitória em plena Arena Fonte Nova, essa chapa ficou vermelha da cor de brasa e, por pouco, não explodiu o caldeirão tricolor.
Quando me refiro em “explosão do caldeirão”, leia-se, possível demissão do treinador Roger Machado ou, de toda sua comissão técnica. Não é que eu seja favorável ou adepto à esta prática, tão comum e rotineira no futebol brasileiro, dos clubes trocar de treinador como os políticos trocam de partido. Graças a Deus, de uns seis anos para cá, o Bahia tem sido uma das via de regra nesse expediente e não tem se utilizado do varejo para demitir um treinador, só demite no atacado, após profundas análises e avaliações do trabalho do profissional, ou seja, os gestores do Bahia não levam em consideração o recorte de dois ou três resultados negativos e sim, o conjunto da obra que representa um trabalho realizado em determinado período.
Todo torcedor, cartola, cronista esportivo ou qualquer pessoa que transita no ramo do futebol sabe que tudo com relação a esse imprevisível esporte passa pelo resultado. Só que nessa seara, existe resultado e resultados, isto porque, a avaliação do trabalho do treinador, depende muito das circunstâncias de um jogo, ou de uma sequência de jogos ou, mesmo do desenrolar da competição que envolve o clube na disputa e isso, faz com que, cada resultado tenha o seu peso, negativo ou positivo em relação ao campeonato ou copa que está em jogo.
No ano passado, o treinador Roger Machado, mesmo não pegando o time no início da temporada, ainda conseguiu levá-lo às quartas de final da Copa do Brasil, realizou bons jogos na primeira fase do Brasileirão, conquistando ótimos resultados, o que rendeu um bom somatório de pontos até a metade da competição, mas, a partir de então, houve uma queda vertiginosa de produção da equipe que preocupou o torcedor, entretanto, apesar dos tropeços, o Clube ainda conseguiu galgar à 11ª. colocação, posição que até hoje o torcedor não conseguiu assimilar, em função do brilhante desempenho do time na primeira fase daquele Brasileirão, cuja campanha, o encaminhava à uma vaga à Copa Libertadores da América ou, no mínimo, à disputar uma Pré, que ainda sairia no lucro.
Nessa temporada, pelo fato do treinador já ser remanescente no comando do grupo e com à permanência de diversos titulares da temporada passada e, mesmo sabendo das carências físicas de alguns jogadores e da falta de entrosamento do time, fatores naturais de um início de temporada, a torcida não esperava passar pela humilhação que vem passando: em três jogos da Copa do Nordeste, um empate com o Santa Cruz (Série C), uma vitória diante do Imperatriz (Série C) e uma derrota para o Vitória (Série B) em plena Arena Fonte Nova, resultado que caiu como uma bomba no universo tricolor, porque o torcedor já estava ressabiado com a sumária e precoce eliminação do time para sequência da Copa do Brasil, num pequeno espaço de tempo inferior à 72 horas.
Assim sendo, a Copa Sul-Americana passa a ser a “bola da vez” do Bahia e quero crer que o resultado dessa partida de hoje que representa o jogo de ida diante do Nacional do Uruguai, está intrinsecamente ligado à permanência, ou não, do técnico Roger Machado no comando da equipe, pois, além de ser o jogo de ida é, também, o jogo da VIDA do seu treinador: se vencer o jogo aqui, ele ganhará mais um fôlego para a partida de volta na casa do adversário na próxima semana, mas, se perder, tenho quase que certeza que será “fim de linha” no Bahia para o professor, por quê?
Porque, somando o peso técnico e financeiro da eliminação da Copa do Brasil, mais o peso técnico e o desgaste moral da derrota diante do Vitória, acrescentando o 6º lugar que o time ocupa no Grupo A da Copa do NE, uma competição de “tiro curto”, com o time fora da zona de classificação e, com o agravante de estar atrás de times de Séries B e C e ainda, admitindo-se a improbabilidade do time vencer no Uruguai, à permanência do treinador se tornaria insustentável. Mas, apesar dos pesares, sou Bahia dos quatro costados, continuo acreditando nos propósitos e objetivos dos seus gestores e, espero e torço que todos esses percalços sejam superados e que a paz, a harmonia e a alegria, voltem à reinar nessa cidade, literalmente, tricolor!
BBMP-BORA BAHÊA MINHA PÔÔÔÔRRA!
Jose Antonio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.