VAR NO FUTEBOL BRASILEIRO: SUAS VARADAS E VARIAÇÕES

Contra o Athletico, Bahia foi, literalmente, varado pelo VAR

Foto: Divulgação

Implantado no futebol brasileiro pela Confederação Brasileira de Futebol-CBF em fase experimental no segundo semestre de 2018 para atuar nas quartas de finais da Copa do Brasil, o Árbitro Assistente de Vídeo, o nosso famoso e/ou famigerado VAR, felizmente ou infelizmente, foi oficializado em 2019 pela entidade máxima do futebol nacional que além de atuar nos trezentos e oitenta jogos do Campeonato Brasileiro da Série A atuou, também, nos jogos das Oitavas de Finais da Copa do Brasil e em algumas semifinais e finais de competições regionais. Quando adjetivei o VAR como sendo famoso ou famigerado é porque, o classifico como “bipolar” em função de tantos erros e acertos cometidos.

 

Na minha opinião, o VAR é mais uma “inventança” do que uma invenção dos dirigentes de futebol para maquiar ou tentar blindar à péssima e secular arbitragem que atua no futebol mundial, principalmente, no futebol brasileiro que de quando em vez, é detonada pela imprensa com graves e/ou gravíssimas denúncias de favorecimento de um determinado árbitro para determinado clube como aconteceu no Brasileirão de 2005 com a “Máfia do Apito” denunciada pela Revista Veja, matéria que expôs o ex-árbitro de futebol Edilson Pereira de Carvalho, um árbitro do quadro FIFA, acusando-o de favorecer ou “empenar jogos” como se diz na gíria do futebol, a favor do Corinthians durante aquela competição, denúncias tão graves que levou o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva-STJD a anular os resultados de onze partidas envolvendo o Timão, por suspeitas de fraudes.

Agora, pergunto: se naquela época existisse o VAR, será que àquelas denuncias feitas pela maior revista de circulação nacional, na época, teriam levado o STJD à anulação dos resultados daquelas onze partidas? Acho muito difícil ou improvável! Desde o momento em que ouvi falar a respeito dessa jeringonça tecnológica que veio para ficar e, sobretudo, com o objetivo de, acabar de uma vez por todas, com os erros, equívocos, enganos, tropeços, falhas humanas, má fé ou seja lá o que for, muitos árbitros, voluntário e/ou involuntariamente, se utilizam de um apito, de uma bandeira ou de um cartão amarelo ou vermelho para mudar a história de uma partida de futebol, entendi que os lances suspeitos de irregularidades detectados e/ou alertados pelo VAR, por se tratar de uma ferramenta virtual de alta tecnologia, seriam decididos pelo próprio equipamento e não pelo árbitro central da partida, até porque, o equipamento é operado por quatro árbitros de mesa, mas, infelizmente, a decisão final cabe ao árbitro central do jogo, o quê significa que, se o árbitro quiser prejudicar ou beneficiar o time A ou B ou o time B ou A, tem o livre arbítrio para qualquer decisão a ser tomada.

Talvez essas incógnitas de A e B que coloquei, façam com que algum leitor venha a inferir que estou me referindo aos dois jogos entre Atlético/PR x Bahia pelas quartas de finais da Copa Sul Americana de 2018, quando o Bahia foi, literalmente, varado pelo VAR tanto na Arena Fonte Nova como na Arena da Baixada, mas, as letras citadas não têm nada a ver com as letras iniciais dos dois protagonistas daqueles jogos, sendo meras coincidências. Vale salientar que não estou aqui chorando pelo leite derramado, mas, a verdade é que até hoje, estou engasgado com aquelas polêmicas “varbitragens” que acabaram sendo determinantes para eliminação do Bahia e decisivas para que o Furacão chegasse ao título da competição.

Durante às trinta e oito rodadas do Brasileirão 2019 o VAR foi o principal alvo de polêmicas e críticas nas resenhas de rádios ou em mesas redondas de canais de TV, em função de erros, muitas vezes, erros crassos em lances banais que se podia analisar a olho nu, como também, o tempo excessivo que se perdia para analisar determinados lances que, na maioria das vezes, oscilava entre três e seis minutos com a partida paralisada para o rotineiro e chato “lance em revisão” e, o pior: em se tratando de lances de gol, todos nós sabemos e percebemos que o gol, muito ao contrário do que afirmou em certa época, o então treinador Parreira quando proferiu à “pérola” de que “o gol, é apenas um detalhe”, quando na verdade, se trata da maior emoção do futebol, é o clímax, o supra-sumo de uma partida de futebol, mas, com a interferência dessa “varbitragem”, um lance de gol em revisão perde à emoção, tanto para o narrador do jogo, como para o torcedor que está no estádio ou para o telespectador e/ou para o ouvinte de rádio, todos ficam ansiosos e apreensivos aguardando o desfecho do lance e aí, após tanto tempo de análise, alívio para o torcedor do time “beneficiado” e angústia para o torcedor do time “prejudicado”.

Mas, o pior de tudo, acontece quando vem a confirmação do gol. Fica uma comemoração tão sem graça que parece que todos que estão comemorando são idiotas ou retardados mentais, em função do efeito retroativo do lance, porque um gol deve e tem que ser comemorado no ato, no momento em que o torcedor percebe que a bola ultrapassou a linha do gol e balança à rede.

Ademais, independente de tudo a respeito do que já citei a respeito do VAR, imagino que ao mesmo tempo que a CBF está sendo mãe com os clubes que disputam à Série A e às oitavas de finais da Copa do Brasil, está sendo, também, madrasta com seus demais filiados que disputam às divisões inferiores (B,C e D), núcleo que íntegra o subsolo do futebol brasileiro. Sabe-se que, o custo operacional com o equipamento, aliado aos custos com os árbitros que o operam e seus aspones, torna-se altíssimo dentro do borderô de uma partida de futebol, mas, no Brasileirão desse ano, num custo estimado em 20 milhões de reais, a CBF arcou com 12 milhões de reais ou 60% desses custos, ficando 8 milhões de reais restantes por conta dos vinte clubes que disputaram a competição. Entretanto, já que os cartolas da CBF estão convencidos do alto grau de confiabilidade do VAR e, também, por se tratar de uma entidade de sólida saúde financeira, ao invés de utilizar dois pesos e duas medidas com seus clubes filiados, por que não colocar em prática, já a partir de 2020, a isonomia da arbitragem no futebol brasileiro, ou seja, estender o uso do VAR à todas às competições que integram às divisões inferiores do futebol nacional?

Para concluir, como ainda não “engoli” o VAR, mas, vou ter que “engolir”, expresso toda minha indignação por entender que esse “VAR”, é uma “VARgonha”: “VAR” se lixar!

José Antônio Reis, Salvador-Bahia.
Colaborador do Futebol Bahiano.

Autor(a)

José Antônio Reis

Torcedor do Esporte Clube Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.

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