O Vitória segue fazendo a risca o seu dever de casa e conquistou ontem seu terceiro triunfo consecutivo no Barradão pelo placar mínimo de 1×0, o que vem sendo muito importante para se distanciar da zona maldita. Entretanto, é preciso voltar a pontuar também como visitante, para poder pensar em algo mais nobre na competição do que apenas disputar pra fugir do descenso.
Depois de tomar uma sapatada do rival no domingo passado, o treinador Vágner Mancini instruiu a Anderson Batatais, seu substituto no jogo de ontem (devido à sua infantil expulsão no clássico), para fazer uma série de alterações no time titular. Foram sete no total e, como informado aqui no pré-jogo, da possibilidade de ter uma entrada surpresa entre os titulares. Esta alteração foi o grande destaque da partida salvando o Vitória de três chances claras de gol do Sport. Falo do goleiro Ronaldo, que fez 11 pontos no Cartola por conta de suas três defesas difíceis. Além do goleiro formado nas categorias de base, entraram de primeira o zagueiro Ramon que fazia a função mista de lateral e zagueiro (a depender da posse de bola ou não do Vitória), do lateral esquerdo Mateus vindo do Primavera-SP para o time sub20, o também zagueiro Ruan Renato que fez sua estreia e do retorno de Yago ao time titular.
A estratégia do Vitória foi a de mesclar a formação tradicional 4-4-2 (com a posse de bola) com a 3-4-3 (sem a posse de bola), no intuito de confundir o Sport, como também de pegá-lo de surpresa. Atitude muito arriscada e que quase deu merda, pois no primeiro tempo as principais chances de gol foram para o time pernambucano que perdeu duas excelentes oportunidades de abrir o marcador, ambas com Michel Bastos. A primeira numa falha de domínio de bola do garoto Mateus, 19 anos, aos 22 minutos em que o camisa 9 do Sport bateu forte de primeira tirando tinta da trave esquerda de Ronaldo e seis minutos depois, quando ele foi lançado nas costas de Mateus e bateu tirando de Ronaldo, e também do gol. A única jogada ofensiva de maior intensidade do Vitória nos primeiros 45 minutos foi num chute cruzado e forte de Neílton, aos 33 minutos.
Já no segundo tempo rolou uma combinação massa que talvez tenha sido decisiva para a vitória do rubro-negro baiano: O Sport caiu de produção e o Vitória teve uma leve melhora ofensiva. Por conta disso, o começo da etapa complementar foi com o Leão da Barra muito mais incisivo, buscando o ataque e o Sport recolhido, sendo forçado a ficar do meio de campo pra trás e sem conseguir encaixar os contra ataques. Aos 15 minutos, Willian Farias lançou Erick (que tinha entrado no lugar de Luan ainda no primeiro tempo, por lesão), o camisa 11 partiu pra cima em velocidade, cortou para a perna direita (que não é a boa) e acertou um chute seco no canto de Magrão. Vitória 1×0! E é o terceiro gol que o pernambucano Erick faz em cima do Sport e reforça o misticismo do futebol brasileiro. Cria do Náutico, rival do Sport, Erick foi algoz do leão pernambucano nos poucos clássicos que disputou lá no Recife, pela categoria profissional.
Mais do Mesmo – Bastou o Vitória ter feito o gol, para o freio de mão ser puxado. Tática covarde e que irrita o torcedor na arquibancada. Assim como nos duelos contra a Chapecoense e Paraná, o Vitória parou de ser incisivo após a feitura do gol. Daí, o Sport que já estava grogue na partida voltou a se assanhar e foi aos poucos crescendo no jogo. Quando Claudinei resolveu trocar o inerte Rafael Marques por Marlone, o Vitória viu novamente o risco enorme de perder os três pontos. O camisa 10 do Sport entrou com muita disposição, se movimentando nos dois extremos e criando situações ofensivas para o time recifense. Entretanto, nas melhores situações criadas, o time pernambucano parou em Ronaldo, que fez defesas importantíssimas e que garantiram o terceiro triunfo consecutivo em casa do Leão da Barra.
Agora, o Vitória enfrentará o Atlético-PR na Arena da Baixada às 16h do próximo domingo. Espera-se que o treinador Vágner Mancini reflita sobre esta sua ideia de jogo. É muito arriscado jogar por 1×0 e se abdicar imediatamente da partida assim que faz o primeiro gol, seja com 5 min de jogo ou com 15-30min do segundo tempo. O ideal é buscar ampliar o marcador, até pra ter uma margem de segurança maior, sobretudo quando o adversário é do mesmo naipe e demonstra na partida que não está tendo uma atuação destacada. Além disso, “sentar no 1×0” dentro de casa e tendo mais de 30 min de jogo pela frente é uma covardia e até um desrespeito ao torcedor que se deslocou do trabalho ou de sua residencia para ver in loco a partida.
Fábio Monteiro, amigo e parceiro do Futebol Bahiano. Casa Rubro-Negra.