Morte é morte, é perda certa e em algum lugar será dor e profunda. Não se questiona o que reputo como certeza. No futebol a morte tem um efeito ampliado, repercute em um ambiente puramente mercantilista e em alguns episódios transforma-se em ferramenta de negócio pela exploração excessiva, pelas imagens exaustivamente exibida trazendo comoção e sentimentos efêmeros.
O exemplo mais recente que podemos lembrar, aconteceu com acidente com a delegação da Chapecoense. Algo triste, lamentável, porém que ganhou contorno de tragédia jamais vista, por envolver jogadores de futebol em plena campanha de um torneio de apelo Internacional.
Em marco de 2014, um avião da empresa Malaysia Airlines com 269 pessoas simplesmente sumiu, desapareceu no céu ou no mar e quatro anos depois, não se tem noticias alguma.
Tratava-se de um avião comercial e o mundo ainda não sabe o que aconteceu com ele e as pessoas que estavam a bordo. É um enigma. Algo de difícil compreensão em em mundo cheio de tecnologia e “sentimentos aflorados”, mas pouco se importam com isto, acredito até que poucos tenha conhecimento do fato com detalhes adicionas. Talvez os olhos não viram, logo o coração não sentiu, digamos.
No futebol tudo é diferente. O apelo, os jogadores, a torcida, somado com repercussão mantêm o lamentável acidente vivo como fosse ontem, ainda rende, certamente dirá um chefe de redação tratando da pauta dia.
Enfim, existe um tratamento desigual para episódios, quando não idêntico, bem semelhante ou bem mais grave, e quem vai regular este termômetro é justamente a repercussão oferecida que é bem distinta e no 2ª momento, serve para atender diversos interesses, inclusive o comercial. Exemplo como este é possível encontrar aos milhares.
Talvez, quem sabe, este foi à pretensão do ex-lateral do Bahia Daniel Alves quando tratou de forma fria, deselegante, “normal” e, sobretudo, indiferente, a morte inesperada zagueiro da Fiorentina-ITA, Davide Astori no ultimo sábado. Disse ele.
“Não ficamos tão abalados, porque não o conhecíamos muito. Sinto muito por sua família. Penso que Davide fez aquilo que gostaria neste mundo caótico e talvez esteja num lugar melhor agora. Mas todos os dias milhares de crianças morrem de fome e não recebem tanta atenção. E são tão importantes quanto. Todos nós vamos morrer, cedo ou tarde, porque estamos aqui de passagem. Estamos tristes, mas certamente não tanto quanto seus familiares”
No entanto, o ex-jogador do Bahia precisa lembrar que ele faz parte desta engrenagem que recebe uma atenção adicional até de forma injustificada para fatos corriqueiros.
Eu por exemplo, se calçar um sapatinho com ursinho de pelúcia e publicar em umas redes sociais, não terei milhões de curtidas e a repercussão mundial em jornais e revistas como aconteceu recentemente com ele próprio, o Daniel Alves. Por isto, vejo com surpresa as suas declarações que considero profundamente insensível, especialmente vindo de alguém que se beneficia todos os dias da exploração de banalidades do mundo do futebol-
Portanto a morte de um jogador sempre será tratado como a morte da bezerra. Faz parte. Com ele não será diferente. É uma pena que não terá acesso a internet neste dia para se certificar das manchetes nos jornais.
Vale o registro.