Bellintani fala sobre receitas, reforços e encontro com Renê Júnior

Bellintani foca em elevar as receitas do Bahia e apresenta projetos

O ex-Secretário de Desenvolvimento e Urbanismo de Salvador e atual candidato da situação à presidência do Esporte Clube Bahia, Guilherme Bellintani, foi o entrevistado desta quarta-feira no programa Arena Transamérica, onde falou sobre suas propostas caso seja eleito nas eleições que acontecem no próximo dia 9 de dezembro.

O provável sucessor de Marcelo Sant’Ana destacou alguns pontos importantes, como a forma de alavancar as receitas do clube e também comentou sobre a montagem do elenco para a temporada 2018, traçando o perfil que deseja trazer para o tricolor baiano. Questionado sobre o encontro com o volante Renê Júnior num Shopping, em Salvador, ele explicou que foi um pedido dos atletas e não tratou da renovação de contrato do jogador que vence em dezembro.

Veja algumas perguntas, e as respostas de Bellintani:

Resumo do projeto para o Bahia

Tem três coisas muito importantes. Primeiro consolidar os ganhos e acertos da atual gestão. Tudo que foi bem desenvolvido tem que ser mantido ou até melhorado. Segundo, é trazer inovação. A nação quer um presidente que consiga colocar o Bahia em um patamar ainda maior. Precisamos de novas formas de arrecadação de recursos e potencialização de receitas. Terceiro, uma política de futebol que dê sequência aos acertos dos últimos anos e corrija os defeitos. Nossos projetos se concentram nestes três níveis de atuação.

Como aumentar a receita

O Bahia tem uma receita, hoje, de R$ 100 milhões. Quase R$ 30 milhões são para pagar dívidas antigas, de gestões anteriores a Marcelo Sant’Ana e Fernando Schimdt. Um pouco mais do que R$ 30 milhões para pagar folha do profissional. Só aí já se vão quase R$ 60 milhões. Dos outros R$ 40 ainda precisamos pagar os custos da divisão de base e do clube. Sobra muito pouco para investir no futebol. Por isso, tenho dito que o presidente do Bahia precisa ser alguém que entenda de números, que entenda de economia. O Bahia precisa aumentar a arrecadação. A gente pode elevar a receita do clube. Guilherme Bellintani não é um cara de falar o que precisa fazer sem dizer como. Temos que revisar completamente a política de royalties. O Bahia, hoje, ganha menos do que R$ 1 milhão por ano de royalties. Tudo que é vendido do Bahia, uma caneta, uma caneca, qualquer produto gera royalties. Da camisa do Bahia, que custa R$ 240, só volta para o clube R$ 11. Está errado isso. Eu vou ter a coragem de colocar o dedo nessa ferida. Acredito que chegaremos em 2020 com uma receita de R$ 7 milhões arrecadados em royalties. Essa receita extra será investida em futebol. Não podemos gastar o que não temos, mas o que entra é para o futebol. O Bahia é um clube de futebol, precisa colocar a bola na rede. Outra questão é o programa de sócios. É burocrático para se associar. Fui analisar o formulário de inscrição para o sócio. Para que o Bahia quer saber o RG do sócio? Nome do pai, da mãe. Para que isso? É perda de tempo. Se ele está no computador, a internet cai. Se está na rua, no celular, dá tempo do ladrão levar seu aparelhio. É tanta perda de tempo que o torcedor desiste e deixa para o outro dia. É preciso dar vantagens de verdade ao torcedor do Bahia para que ele se associe.

Campanha do time na Série A

Nos últimos 20 ou 30 anos, não temos referência de quando o Bahia disputou a parte de cima da tabela. O torcedor não está satisfeito com isso. O Bahia ficou sete anos na Série B e C, dez anos sem ganhar um estadual. Houve uma evolução, mas não estou satisfeito. Temos que aprender com o erro, saber porque o time poderia ter um rendimento melhor nessa reta final e não teve.

Formação do elenco

Não vou falar de pessoas agora. Tenho respeito a esse processo eleitoral e ao sócio, que vai escolher se serei ou não presidente. Primeiro precisamos entender qual o perfil do time. Queremos a manutenção de parte razoável deste atual elenco. A parte que não temos contrato e queremos renovar, vamos partir para cima. E quem vier, tem que se encaixar no perfil do time. Um time jovem, rápido, que tem dois volantes firmes, que permitem que os laterais subam. Um time que tem dois zagueiros que erraram muito pouco no campeonato. Um time que do meio para frente é muito rápido. Precisamos de reposição que dê um outro patamar ao elenco. Precisamos de quatro a seis atletas para este início do ano. Precisamos continuar trazendo jogadores jovens, como Zé Rafael e Edigar Junio, que são jogadores novos com um grande rendimento. Chega do Bahia trazer jogador de barriga cheia, ex-atleta em atividade. Vamos decretar em 2018 o fim do fim de carreira no Bahia.

Foto vazada em reunião com Renê Junior

Não conversamos com o Renê sobre isso. Não sou presidente, sou candidato. Foi um encontro de 15 minutos. Fizemos isso através de pedidos de atletas próximos, que queriam saber o que os candidatos pensam para o Bahia.

Gestão ideal

Há um discurso no futebol brasileiro de que o sujeito para administrar um clube tem que ser ou empresário ou boleiro. Já conhecemos as péssimas experiências de pessoas exclusivamente da bola gerindo clube. Qual foi a experiência que vamos aplaudir de um boleiro dirigindo um clube de futebol nos últimos anos? Não podemos permitir que um empresário administre o clube, um empresário que olha para o futebol e vê apenas números, planilha. Tenho a experiência da vivência do clube. Frequento arquibancada desde sete anos de idade. Ajudei no clube desde a intervenção com Carlos Rátis. Participei ativamente da gestão de Marcelo Sant’Ana. A gestão de um clube de futebol não é como em uma empresa qualquer. Essa experiência tive ativamente nos últimos três a quatro anos.

Cidade Tricolor

Defendo que a migração seja integral para a Cidade Tricolor. Tanto do profissional como da divisão de base. Não temos orçamento para manter dois centros de treinamentos. Defendo essa migração para janeiro de 2019. E temos que fazer da Cidade Tricolor um centro de formação diferenciado de atletas.

Divisão de Base

Temos exemplos aí de resultados da Divisão de Base, que são Jean e Juninho Capixaba. Nesse ano o Bahia revelou mais do que nos últimos anos. Jean tem 21 anos apenas. Para goleiro é muito jovem ainda. Mas, a Divisão de Base do Bahia precisa se estruturar mais. O Sub-20 do Bahia hoje tem uma carga maior de atletas. São três faixas de atletas reunidos em uma mesma categoria. São atletas de 18, 19 e 20 anos. Precisamos repensar isso. Precisamos do Sub-23 para alongar essa relação do atleta com o clube, para que ele se prepare para o profissional. Imagine se, hoje, o Armero estivesse atuando, com a titularidade, o que seria de Juninho Capixaba?

Relação com a imprensa

Existem erros variados, às vezes do Bahia e às vezes da imprensa. A Imprensa precisa cada vez mais pesquisar as coisas antes de divulgar, também. Cobrarei da imprensa responsabilidade na divulgação de informações do clube. Estudei na faculdade jornalismo que a fonte original, nesse caso, é o clube. Comigo a imprensa terá relação franca, aberta, inclusive para criticar quando assim eu merecer. O que não pode haver é a falta de apuração da informação. Quem me conhece, seja da atuação na iniciativa privada ou pública, sabe que não sou de fugir de responsabilidade. Precisamos ter uma relação aberta, franca com a imprensa, sem restringir qualquer atuação de veículos ou profissionais.

Autor(a)

Fellipe Amaral

Administrador e colunista do site Futebol Bahiano. Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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