A chegada do Marcelo Chamusca ao Ceará foi fundamental para o acesso do vovo, obtido hoje à tarde com uma rodada de antecedência. Marcelo Chamusca, 51 anos, é baiano de Salvador, quando jogador foi volante e campeão baiano na base do Bahia por diversos anos além de ter trabalhado como auxiliar do time profissional na campanha vitoriosa da Copa do Nordeste em 2002.
Já como treinador, passou pela base do Esporte Clube Vitória, foi treinador do Salgueiro, Guarani, Fortaleza Vitória da Conquista e outros clubes, no entanto, foi no Ceará que obteve seu maior feito e partir daí creio que terá o mesmo reconhecimento que tem seu irmão Péricles Chamusca, atualmente sem clube.
Para contar a trajetória bonita de Chamusca no Ceará somente o jornalista Fernando Graziani que acompanhou de perto a campanha do Ceará em artigo publicado no jornal POVO na noite deste sábado, relatou a importância do baiano no avanço no querido Ceará, novo representante do Nordeste na primeira divisão no momento ideal, já que seguramente ocupará a vaga do Sport-PE praticamente rebaixado para a Série B no próximo ano.
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É impossível não associar o acesso do Ceará, conquistado com amplo mérito neste sábado, 18, com o trabalho realizado desde a chegada de Marcelo Chamusca.
Evidente que nenhum clube consegue subir de divisão e orgulhar seu torcedor sem o trabalho coletivo envolvendo todos os profissionais do futebol – inclusive aqueles que não estão ligados diretamente ao campo de jogo, desde os mais simples até os mais caros funcionários – mas se tirarmos Marcelo Chamusca do processo o acesso não teria sido escrito.
A escolha da diretoria do Ceará para substituir Givanildo Oliveira foi extremamente feliz. Chamusca já tinha admiração de Robinson de Castro, Evandro Leitão e Marcelo Segurado. Era desejo antigo, como informei aqui em texto publicado no dia 18 de junho.
Admirador do futebol bem jogado, das avaliações táticas, de desempenho e de muito trabalho, Marcelo Chamusca é obsessivo pelo estudo do esporte. Não por acaso subiu com um elenco que nem sequer montou e logo de cara conquistou a confiança dos atletas, que abraçaram o seu projeto desde a sua chegada, na 10ª rodada. Arrumou a equipe, fez acertos táticos e de motivação evidentes, e como consequência aumentou em quase 40% o aproveitamento de pontos em relação aos nove primeiros jogos da competição.
O Ceará, nesta Série B, foi uma equipe cirúrgica e intensa, preparada para disputar uma competição no regulamento de pontos corridos. E se Chamusca é o destaque pela forma como conduziu o time, o elenco construiu um caminho de equilíbrio e serenidade, sempre entre os melhores números defensivos, ofensivos e de desempenho como mandante e visitante.
Disputar a primeira divisão representará aos cofres do clube uma receita de pelo menos R$ 30 milhões a mais em relação a 2017. Assim, o orçamento geral do Ceará que hoje gira em torno de R$ 30 milhões, saltará para o dobro. No mínimo.
O acesso do Ceará não pode e nem deve ser visto como um fato isolado. O clube se reinventou completamente a partir de 2008, quando o grupo liderado por Evandro Leitão – do qual o atual presidente, Robinson de Castro, também faz parte – assumiu o comando.
Ao lado de diretores, conselheiros e torcedores nestes anos, uma nova história foi construída, com base em responsabilidade financeira, pagamento de dívidas trabalhistas, manutençao de salários em dia, criação de departamento de fisiologia, aumento de estrutura médica, além do crescimento de torcedores oficiais e do patrimônio, como a compra do Centro de Treinamento e estrutura hoteleira construída na sede.
A subida para a Série A em 2009 já não tinha sido por acaso. Os títulos estaduais que ocorreram e a conquista da Copa do Nordeste 2015 de forma invicta também não. Evidente que o percurso do futebol é igualmente feito de derrotas e frustrações, mas a estrutura, mesmo nesses momentos, têm sido mantida.
Ceará sem jogar obtém o acesso para o Brasileiro da Série A.