A efetivação de Preto Casagrande entra para a lista como mais ex-atleta que é emplacado e apostado como treinador do Esporte Clube Bahia, mesmo sem experiência ou bagagem necessária e num momento complicado para a equipe, beirando à zona do rebaixamento e correndo o risco de retornar à Série B, uma realidade vivida em 2016. A manutenção de Preto é uma prática que vem sendo bastante utilizada no Brasil, e com maior frequência nos últimos anos, se tornando cada vez mais natural, e muito pelo enquadramento dos medalhões como velhos e ultrapassados, no entanto, não são todos os técnicos da nova safra que tem sucesso de cara, muitos acabam contestados, pressionados e demitidos pela rotineira política da roda de técnicos do futebol brasileiro.
Essa prática foi utilizada pela última vez no Bahia em 2015, porém na época disputava a Série B, e não teve sucesso com Charles Fabian que acabou fritado e saindo de forma polêmica, diferente de Bobô em épocas passadas, quando era diretor da base, foi efetivado e logo campeão da Copa do Nordeste em 2002. Outro exemplo é Cristovão Borges, bicampeão baiano (77-78) e que treinou o tricolor, porém anos depois de iniciar a carreira de técnico. Outros clubes fizeram o mesmo recentemente, de efetivar interinos, Corinthians com Fábio Carille, que deu muito certo e caminha para levar o clube ao título brasileiro. Outro caso emblemático é o de Jair Ventura, que pegou um limitado Botafogo e colocou na Libertadores em 2016, e mesmo sofrendo as mesmas falta de qualidade do elenco em 2017, vem se esforçando ao máximo para fazer a equipe ser competitiva.
No Flamengo, não podemos dizer o mesmo, por lá, Zé Ricardo que também classificou o time para Libertadores em 2016, sofreu com os resultados ruins e eliminações, aliados a enorme pressão da torcida pela insistência na escalação de atletas contestados, tudo isso derrubou treinador. O ex-atleta e ex-técnico do Bahia, Cristovão Borges, em 2011 também recebeu a chance de começar a carreira de treinador quando Ricardo Gomes sofreu AVC e quase levou o Vasco ao título brasileiro, sendo vice-campeão. Andrade até conseguiu esse feito sendo campeão brasileiro pelo Flamengo em 2009, mas depois o ídolo não teve seu contrato renovado e veio parar no Jacobina-BA. Pachequinho (Coritiba) e Daniel Paulista (Sport-PE) são dois casos de insucessos em 2017, ambos não conseguiram se firmar e foram trocados por medalhões: Marcelo Oliveira e Vanderlei Luxemburgo.
Preto Casagrande será a segunda aposta de prata da casa do Bahia na ERA Marcelo Sant’Ana, que utilizou como critério principal o fato do ex-auxiliar ser querido dentro do grupo nos seus dois anos de trabalho, algo que foi exposto por ele em entrevista e diante da forte campanha pública do elenco para permanência do interino, além, é claro, das dificuldades de encontrar um nome no mercado que aceite vir trabalhar num clube por apenas 3 meses e carregando o peso da pressão nas costas pelo momento ruim e com pretensões pequenas, livrar a equipe do rebaixamento, e se aproximando da eleição presidencial que pode mudar completamente o clube em 2018. Ou seja, um turbilhão de emoções e aflições serão presenciadas até o final deste ano.
Se Preto dará certo, não sabemos, é uma incógnita. Mas o que seria dá certo? Evitar o rebaixamento para Série B? Claro, óbvio. Para a diretoria, essa é a meta, claro e evidente, ficar entre os 16 “MELHORES”. Assim sendo, termina-se o ano com o pensamento de missão cumprida, com um título do nordeste e garantido na Elite, mesmo que o sofrimento se arraste até as últimas rodadas, como sempre aconteceu com o Bahia quando disputou a Série A de pontos corridos. Espero e torço para Preto vingar no Bahia, à começar por melhorar as apresentações do time em campo, ainda com poucos retoques e notório algumas deficiência da época de Jorginho, mas acredito numa evolução à curto prazo. Nos 5 jogos como interino, Preto conquistou 2 triunfos, 1 empate e 2 derrotas, aproveitamento de 46,6% dos pontos ganhos (7 de 15).