Apesar do pouco tempo de Atlético-MG, o volante Gustavo Blanco, aquele mesmo que “não servia” para jogar no Bahia, e hoje chama atenção no novo clube pelas suas qualidades, que não foram enxergadas (ou não quiseram enxergar) no tricolor. Após o empréstimo ao América-MG onde foi destaque ganhando prêmio de melhor volante do Mineiro de 2017, o jogador vive uma nova realidade no Galo, disputando posição com jogadores renomados, os chamados “medalhões”, e mesmo assim o garoto vem conquistando seu espaço com muita personalidade. Destaca-se suas características de “boa marcação e passe, além da facilidade para chegar o ataque”, credenciais apresentadas na estreia como titular diante do Coritiba.
Diante deste assunto, precisamos falar sobre as categorias de base do Bahia e a falta de paciência, seja da torcida seja da comissão técnica, com as joias da nossa base. Nos últimos anos o Bahia obteve bastante sucesso nas categorias de base, conquistando títulos, chegando a finais importantes e inclusive chegamos a ser vice-campeões da principal competição de categorias de base no Brasil, a Taça São Paulo de Juniores, fomos vice-campeões da Copa do Brasil Sub-20 no ano passado, mas aí vem a pergunta que não quer calar: Por quê não vemos esses jovens super promissores atuando no time principal?
Porém, ao contrário do que seria a lógica, vemos o Bahia servindo de vitrine para os jogadores de base dos times do eixo, os quais assistimos a comissão técnica ter uma paciência e uma persistência quase que sobrenatural com eles, enquanto com os nossos só vi acontecer hoje com o grande arqueiro Jean e o já negociado Anderson Talisca, que a diretoria bancou a sua titularidade, mas eu pergunto: Por quê não vimos essa mesma atitude com Gustavo Blanco, e por que não vemos atualmente com Éder e Juninho Capixaba, e tantos outros? Se fizesse isso com outros que se destacaram ou que tinham potencial, poderíamos estar numa situação muito melhor, inclusive financeiramente, mas nossos dirigentes preferem servir vitrine e bancar os “produtos” alheios.
É difícil ver um jogador que poderia ser titular fácil no Bahia, jogando em outro time e indo muito bem, sendo que na mesma posição ficamos com Feijão e trouxemos Matheus Reis, mas emprestamos o talentoso Gustavo Blanco, quando era para ser justamente o contrário. Porém, como diz o ditado popular: “Santo de casa não faz milagres”.
Se formos analisar a história do clube, veremos que quase em sua totalidade os ídolos do clube foram formados nas categorias de base do Bahia ou vieram dos times do interior (tanto da Bahia, quanto do nordeste) e nos trouxeram grandes alegrias e inclusive a hegemonia durante décadas no norte/nordeste, mas parece que nossos “olheiros” da atualidade só conseguem enxergar os jogadores dos times do sudeste. O Tricolor de Aço nos últimos anos tem se especializado em ser vitrine dos clubes do eixo: Moisés (Corinthians), Marquinhos Gabriel (Inter), Tinga (Grêmio), William Barbio (Vasco), Paulo Miranda (São Paulo), Nikão (Atlético Mineiro), entre outros no passado recente.Atualmente a saga continua: Matheus Reis (São Paulo), Matheus Sales (Palmeiras), Ferrareis (Inter), João Paulo (São Paulo), em detrimento à própria base, pois ao primeiro sinal de insatisfação da torcida eles jogam os nossos para o esquecimento ou se desfazem por bagatelas e com muito torcedores dando graças a Deus, como foi o caso de: Daniel Alves (ele mesmo!), Anderson Talisca, Bruno Paulista, Gabriel, dentre outros que não me vêm a memória, porém com os jogadores que vem de fora somos obrigados a aturar enquanto durar o contrato ou se fizer sucesso até o time dono do passe vender ou chamar de volta.
Acredito que o caminho para o Bahia voltar as glórias de outrora é investindo na formação de atletas na base e trazendo potências jogadores do interior, fazer uma busca nos times tanto do interior do estado, como nos outros clubes do nordeste, e aí sim expandir para outros estados, pois cada vez mais vemos no futebol mundial os clubes investindo na formação de jogadores. Temos um exemplo de sucesso aqui no Brasil, o Santos FC, quase todo ano revela bons jogadores e volta e meia um craque, é um time que tem por cultura mesclar jogadores experientes com a prata da casa e tem dado certo, trazendo divisas para o clube. O São Paulo é outro clube que vem novamente se destacando nesse seguimento.
Na minha humilde opinião, o Bahia deveria fazer a transição para a Cidade Tricolor (pois pela estrutura permitiria a integração de todas as categorias) e montar uma comissão técnica completa e permanente que acompanhem todas as categorias do Bahia e também o time dito principal. É preciso haver uma integração com o time Sub-20, com treinamento semanais em conjunto (ou sempre que possível). O Bahia precisa ter uma filosofia de jogo e não mudar ao sabor dos técnicos, pois técnicos vem e vão, mas os jogadores ficam e sempre que ocorre uma mudança de técnico, muitos jogadores acabam sendo subutilizados ou inutilizados, pois não se adequam ao padrão de jogo do novo “professor”, e assistimos isso acontecer inúmeras vezes ao longo dos anos.Vejamos o exemplo do Barcelona e o seu Tiki-Taka, que é trabalhado desde os jogadores da tenra infância até o elenco principal, sendo que o clube só contrata jogadores que se adequem à sua filosofia de jogo. Bem amigos, acredito que me alonguei demais no meu comentário, precisamos ter um time com filosofia de jogo e a cara do Esporte Clube Bahia e deixarmos de ser vitrine para os outros times da Série A colocando seus jogadores para serem “testados” no Bahia em detrimento dos nossos.
Leonardo Pereira (Pretuh), torcedor do Bahia e amigo do Blog.