Texto publicado em 28/12/2008
Eu não invejo outros clubes, mas, com algumas exceções, todos começaram por investir em estrutura, associacionismo, e superaram modelos ultrapassados de gestão com estatutos democráticos que colocavam a transparência da administração como ponto chave do negócio chamado futebol. Coronéis urbanos ditando o futuro do clube de forma particularista e patrimonialista nunca mais!
Vejo, porém, que no Bahia o futuro pode repetir o passado, como diria o poeta Cazuza. O time de futebol é prioridade para a maioria cega. O imediatismo toma conta desta torcida fanática e com sede de títulos. Mas o futuro do Bahia continua ainda indefinido.
Na cabeça de quem deveria cuidar do patrimônio do clube só resta vender o que sobrou do espólio do clube. O Fazendão está à venda como a sede de praia. O time de futebol, porém, está em alta apesar de nunca ter entrado em campo.
Lembro que o nosso “Fazendão” é ainda o único lugar que o Bahia tem para treinar. O mando de campo do Bahia será em Pituaçu, mas será no Fazendão onde os jogadores terão que se concentrar para o jogo e se recuperar de contusões. Tudo bem que os salários estejam em dia, mas não se pode descuidar da parte de manutenção do campo de treinamento, das salas e aparelhos que deverão estar prontos para tratar dos nossos atletas.
O nosso Estatuto não prevê más gestões e como puni-las, mas seria desejável que todos sofressem um “impeachment”; a diretoria e conselheiros seriam colocados no exílio como foi Paulo Carneiro no Vitória. Isto fez bem ao Paulo Carneiro, tanto que virou a casaca.
As mudanças estruturais do Bahia ainda não chegaram. A estrutura arcaica do Bahia conseguiu o feito de levar o clube a escassez em títulos, a ficar sem estádio e com um estatuto bisonho em pleno século XXI. E isto tudo isto continua intacto.
É importante ressaltar que o velho vem muitas vezes disfarçado de novo. O filho que estudou apenas repete com novos métodos a fórmula do pai em conservar e dispor do poder que “Deus lhe deu”. Isto é uma lição da história que poderíamos não repetir se nosso atual presidente realmente mudasse nosso estatuto com “urgência urgentíssima”.
É importante não perde o foco, pois o passado ainda está aí com todas as suas mazelas. O presente do Bahia só satisfez ao imediatismo da torcida em ter um time de futebol que ainda não entrou em campo.
Maurício Guimarães