Sempre utilizei esse espaço para falar a respeito do meu querido Bahia, clube que amo em qualquer circunstância, em qualquer Divisão, com ou sem SAF, enfim, em qualquer situação que estiver, entretanto, independentemente dessa minha paixão clubística, sou um eterno amante do futebol e seria uma indiferença desse modesto escriba se omitir diante de tão trágico acontecimento que abalou o mundo do futebol onde brilhou o inimitável e insubstituível Rei Pelé, com seus dribles, exibindo sua genialidade com belas jogadas, chutes e cabeceios certeiros que redundaram na extravagante marca de quase 1300 gols assinalados.
Por uma questão cronológica, não tive o prazer de acompanhar os primórdios do Rei Pelé no futebol lá pelo ano de 1957 e isso só veio acontecer a partir de 1962 no Mundial do Chile, através das velhas, potentes e boas ondas do rádio, quando a então Seleção Canarinho levantou a Taça pela segunda vez consecutiva, sagrando-se Bi-Campeã do Mundo, oportunidade em que os cronistas esportivos do rádio e dos principais jornais e revistas do país – na época não existia transmissão de jogos pela TV-, não pouparam elogios não só a Seleção como, também, ao protagonismo do Rei Pelé.
Desde a histórica decisão da então Taça Brasil de 1959 que foi disputada numa “melhor de seis pontos” nos confrontos de Bahia x Santos, quando o Bahia venceu o Peixe na Vila Belmiro, Perdeu na Fonte Nova e voltou a vencer no Rio de Janeiro sagrando-se campeão em pleno estádio do Maracanã diante do Santos com Pelé & Cia, criou-se uma rivalidade entre os dois clubes que, qualquer jogo valendo pontos era cercado de grande expectativa por ambas as torcidas.
Posso dizer que dentre as diversas partidas do Rei Pelé realizadas na velha Fonte Nova, com ele no auge da sua gloriosa carreira, tive o prazer e o privilégio de marcar presença em três delas: a primeira, foi no mês 07/1969 no amistoso Bahia 0x4 Seleção Brasileira, em jogo de preparação para Copa do Mundo de 1970, cujos gols, foram assinalados por Jairzinho, Edu Tostão e Pelé.
Já em 16/11/1969, em jogo válido pelo então Torneio Roberto Gomes Pedrosa e, mais ainda, pela grande expectativa em âmbito mundial da marcação do milésimo gol do Rei, houve uma situação inusitada, quando boa parte da torcida do Bahia molestou e xingou Nildo Birro-Doido por ter tirado de cima da linha o gol que seria o milésimo do Rei, objetivo que só foi alcançado no jogo subsequente diante do Vasco da Gama com o Maracanã lotado, assim como esteve lotada a Fonte Nova no jogo daqui, enquanto que o último jogo do Rei na velha Fonte Nova, foi outubro de 1972, Bahia 0x2 Santos, jogo válido pelo Campeonato Brasileiro, mas, um jogo mais para cumprir tabela, porém, atraiu minha presença à Fonte Nova.
Outro jogo do Santos no Nordeste, com a presença do Rei Pelé que movimentou toda imprensa esportiva nacional aconteceu em dezembro de 1972 no estádio Presidente Vargas em Fortaleza no jogo Ceará 2×1 Ceará válido pelo Campeonato Brasileiro do mesmo ano. Naquela ocasião, a expectativa não era por marcação de algum gol emblemático do Rei Pelé que acabou marcando o único gol do Peixe e sim, porque o Rei completava o milésimo jogo com a camisa santista, um jogo que superlotou o PV, Pelé abriu o placar no primeiro tempo e no segundo tempo, aconteceu a virada do Vozão, um placar que até hoje é tão festejado pelo time cearense que no ano passado lançou uma camisa comemorativa aos 50 anos desse jogo.
Por toda grande performance do Rei Pelé vivida no Santos, na Seleção Brasileira, sempre dando visibilidade ao futebol brasileiro, acaba se tornando difícil descrever a respeito de sua imponente carreira, mas, lembro-me muito bem, do saudoso e criativo locutor esportivo Waldir Amaral que por muito tempo transmitiu jogos pela Rádio Globo do Rio de Janeiro, a partir da Copa do Mundo de 1970 criou um slogan para narrar os gols assinalados pelo Rei Pelé, tanto no Santos como na então Seleção Canarinho, uma frase que em poucas palavras resumia, tudo o quê o Rei Pelé representava dentro das quatro linhas: “É gol de Pelé, o Deus de todos os estádios […]”.
Portanto, só tenho a dizer: Muito Obrigado, meu eterno Rei.
José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.