Compreendo a dificuldade dos jornalistas e radialistas esportivos baianos em ter que diariamente justificar para seu público, o pífio desempenho dos nossos clubes no Brasileirão, mas, na minha opinião, muitas vezes não fazem uma profunda análise do real motivo, e falam quase sempre o que o torcedor gostaria de ouvir. Dizer a cada derrota que nossos times precisa de reforços, é algumas vezes óbvio em outras falácias, os treinadores brasileiros falam a mesma coisa, precisamos de reforços, o atleta precisa descansar, estamos muito desgastados. O que existe no futebol brasileiro é uma nova ordem, onde os grandes times enxergaram que não adianta ter um plantel excelente se não tiver um grande treinador.
Dois clubes bem administrados como Athletico do Paraná e Fortaleza, perceberam que este é o melhor caminho para a consolidação como novas forças para fazer frente a clubes com recursos infinitamente superiores, e o grande caminho a ser trilhado infelizmente são os treinadores e preparadores físicos que vêm de fora do país. O Furacão buscou o treinador português António Oliveira e o Leão do Pici trouxe o argentino Juan Pablo Vojvoda.
Todo profissional em suas atividades se quiserem sucesso em suas carreiras precisam a todo o momento, se reciclar, se atualizar, e os treinadores brasileiros pararam no tempo, devido ao assistencialismo da sua categoria logo que é reverenciado o sucesso dos treinadores estrangeiros, saem em defesa da sua categoria, logo irão querer limitar o número de treinadores de fora, e as chamadas lendas, começam a criticar essa mística com argumentos frágeis.
Renato Gaúcho na vinda de Jorge Jesus ao futebol brasileiro, em um ato deselegante, tentou humilhar seu companheiro de profissão dizendo que o profissional não tinha conquistado nenhum título importante em sua carreira, e o time que ele treinava (Grêmio) era quem praticava o melhor futebol no Brasil. Quis o destino que o Grêmio enfrentasse o Flamengo, e a resposta de Jorge Jesus foi em campo cinco a zero, não perdeu uma partida jogando contra o Grêmio, e em um pouco mais de um ano no Flamengo, ganhou cinco títulos.
Luxemburgo ano passado treinava o Palmeiras, e jogava um futebol medíocre no Campeonato Paulista, a imprensa perguntou a ele porque o Palmeiras não conseguia jogar um bom futebol, e ele no seu estilo de sempre transferir a responsabilidade para o elenco quando as coisas não vão bem, disse: “Vocês querem que dê espetáculo com esse elenco”. Foi demitido. Com o mesmo elenco, Abel Ferreira foi campeão da Libertadores e Copa do Brasil jogando bonito.
A grande diferença dos treinados brasileiros para os estrangeiros é teoricamente muito simples. Os treinados brasileiros sabem fazer leitura de jogo, sabem fazer variações táticas, só que não treinam intensamente para aprimorar essas jogadas, não treinam jogadas ensaiadas, cobranças de falta, pênaltis. Lembro que Wellington Paulista (38 anos) era um medíocre cobrador de pênalti no Fortaleza, hoje é considerado pela imprensa cearense um exímio cobrador.
Os times com treinadores estrangeiros, fazem gol de falta, treinam jogadas ensaiadas, e principalmente seu preparo físico é o grande diferencial para manter essa intensidade e surpreender o adversário. Assisti vários jogos do Fortaleza, parece que o time está jogando com uma a mais. O preparador físico já trabalhou na Seleção Peruana, Adrian Vaccarin, Vojvoda trouxe. O preparador físico da São Paulo veio da Argentina, Alejandro Kohan.
Ouvi uma declaração de Benitez ter optado jogar pelo São Paulo, porque já trabalhou com ele e em todo seu tempo como atleta só treinou intensamente realmente como um profissional do futebol, com esse preparador físico, no Independente da Argentina. Ele disse que foi sua melhor fase fisicamente, enquanto jogadores brasileiros adoram os preparadores físicos do Brasil, que só treinam em academia, regenerativo.
Essa é a grande diferença que nossos dirigentes ainda não perceberam que a maneira eficiente para diminuir a grande diferença técnica dos grandes clubes do Sul e Sudeste, e treinamento em intensidade e principalmente preparo físico, só consegue isso com treinador de fora, ou se trouxer Rogério Ceni, qualquer outro treinador brasileiro sempre ficará sensação que precisamos de reforços, jogos previsíveis, e constante criticas.
Jorge Machado, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.