O principal sonho da Confederação Brasileira de Futebol para substituir Tite na Seleção Brasileira, desde o encerramento da Copa do Mundo do Catar, sempre foi o italiano Carlo Ancelotti, do Real Madrid. Porém, ele vai assumir apenas em julho de 2024, quando encerra seu contrato com o clube espanhol. A entidade trata a chegada do italiano como certa, inclusive, anunciou Fernando Diniz como treinador interino até a chegada do novo comandante.
A Seleção Brasileira tem quase 110 anos de história, e nesse período, já teve 34 treinadores, além de outros 19 com o título de interino. Se Carlo Ancelotti acertar, será o quarto técnico estrangeiro a dirigir o Brasil. Os outros três foram o uruguaio Ramón Platero, o português Joreca e o argentino Filpo Nuñez. O site Globo Esporte fez um levantamento das passagens desses comandantes estrangeiros que passaram pela Seleção. Confira abaixo:
Ramón Platero – Uruguaio – 1925
O uruguaio Ramón Platero foi o primeiro estrangeiro e comandar a seleção brasileira, e o único a fazê-lo em um torneio. Campeão sul-americano como treinador de seu país em 1917, ele chegou ao Brasil dois anos depois para trabalhar no Fluminense e teve passagens ainda por Flamengo e Vasco. E foi quando estava no time de São Januário que recebeu a oportunidade de dirigir o Brasil no Campeonato Sul-Americano de 1925, na Argentina, antiga versão do que hoje é a Copa América.
A princípio, Joaquim Guimarães exerceria o cargo, mas optou por ficar como diretor técnico e deixou Platero à beira do campo. Foram apenas 19 dias como treinador da Seleção, de 6 a 25 de dezembro, com quatro partidas. Na estreia no Sul-Americano, o Brasil fez 5 a 2 no Paraguai, mas logo em seguida caiu por 4 a 1 para a Argentina. O torneio foi disputado em pontos corridos com turno e returno. Em novo encontro com os paraguaios, nova vitória: 3 a 1, até que a decisão ficou para o clássico com os argentinos que terminou 2 a 2 com direito a briga generalizada e gritos de “macaquitos” de torcedores que invadiram o gramado, segundo relatos da imprensa da época.
A confusão gerou protestos na CBD, no Rio de Janeiro, e o Palácio do Itamarati chegou a decidir que o Brasil ficaria fora das edições seguintes da Copa América, voltando a disputar somente em 1937.
Joreca – Português – 1944
Jorge Gomes de Lima, o Joreca, é o único europeu a ter comandado a seleção brasileira. Português de Lisboa, chegou ao Brasil ainda jovem e teve trajetória curiosa até se tornar treinador. Sua primeira experiência no futebol foi como jornalista. Comentarista de rádio, passou a dividir seu tempo com a faculdade de educação física no início dos anos 40 e chegou a ser árbitro antes de ter grandes oportunidades à beira do campo.
Logo na estreia como treinador, em 1943, foi campeão paulista pelo São Paulo e viu o prestígio crescer. Foram 172 jogos no comando o Tricolor Paulista e mais dois títulos estaduais: 1945 e 1946. Antes do bicampeonato, porém, teve a oportunidade de comandar o Brasil ao lado do lendário Flávio Costa, multicampeão por Flamengo e Vasco. Um representava o Rio de Janeiro, o outro São Paulo, e juntos treinaram a Seleção em dois amistosos contra o Uruguai em 1944. As partidas aconteceram nos dias 14 e 17 de maio daquele ano, com duas vitórias: 6 a 1 e 4 a 0.
Apaixonado por esportes, se aventurou ainda como lutador de boxe antes de assumir o Corinthians em 52 partidas em 1949, ano de sua morte.
Filpo Nuñez – Argentino – 1965
Filpo Nuñez foi o único argentino a comandar a seleção brasileira e em uma situação tão histórica quanto inusitada. Em 1965, Vicente Feola era o treinador da seleção já bicampeã do mundo, mas a CBD decidiu que o Palmeiras representaria o Brasil em amistoso contra o Uruguai para a inauguração do Mineirão. Como “Don Filpo” era o responsável pelo clube paulista, era ele quem estava à beira do campo no 3 a 0 sobre o Uruguai.
Por conta da situação, o argentino é tratado como interino nas estatísticas, mas foi, sim, treinador da Seleção por um dia. Filpo teve uma longa carreira como treinador desde 1948, quando estreou aos 28 anos no Independiente de Rivadavia, até 1997, no time feminino do Palmeiras. Falecido em 1999, aos 78, ele era tio de Eduardo Coudet, treinador argentino em atividade e que foi demitido recentemente do Atlético-MG.
Com quase 30 clubes brasileiros no currículo, foi campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1965 pelo Palmeiras.