Nesta quarta-feira (08), a Confederação Brasileira de Futebol assinou a regulamentação que determina que competições amadoras podem ser mistas no Brasil. Ou seja, atletas poderão fazer parte de equipes masculinas e que equipes exclusivamente femininas poderão participar de competições masculinas, a critério de cada entidade organizadora. A nova regra poderá ser aplicada em todas as categorias, da iniciação esportiva ao futebol amador adulto.
“Com esta mudança, pretendemos democratizar e massificar a prática do futebol pelas atletas, removendo barreiras para o surgimento e o desenvolvimento de novos talentos. A CBF tem investido muito nas Seleções e nas competições femininas de alto rendimento, que contam hoje com um calendário de competições nacionais a partir da categoria Sub-17. O topo da pirâmide está relativamente bem estruturado, mas assentado sobre uma base frágil”, afirmou o Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que assinou a regulamentação nesta quarta-feira por meio de uma Resolução da Presidência.
“É importante destacar que o futebol misto trabalha com a massificação e a inclusão. Faltam equipes e, sobretudo, competições amadoras em nível local e regional nas primeiras categorias de iniciação e formação desportiva, como a Sub-10, Sub-12, Sub-14. Acredito firmemente que a regulamentação do futebol misto ajudará a corrigir este problema, incentivando a participação de milhares de jogadoras em equipes e competições mistas. Com o tempo, o aumento no número de atletas registradas também poderá levar à criação de equipes e competições exclusivamente femininas nas categorias mais jovens”, acrescentou o dirigente.
Vale frisar que o futebol feminino permanece exclusivo às atletas femininas, e que a organização de equipes e de competições femininas, de forma dedicada, continuará a ser incentivada pela CBF e pelas Federações filiadas. Segundo a CBF, a regulamentação do futebol misto visa reparar a injustiça histórica cometida contra o futebol das mulheres, que teve a prática proibida no Brasil por longos 38 anos durante o Século XX e que, mesmo após a revogação da proibição, continuou a sofrer com a discriminação e a falta de incentivos.
A mudança representa também uma homenagem, um tributo a gerações de mulheres, que mesmo diante de tantas dificuldades, como a proibição e o preconceito, desafiaram os costumes da época e ousaram praticar o futebol, jogando de forma clandestina e, em muitos casos, em meio aos homens. Deste ambiente, de prática mista informal do futebol, surgiram craques que fizeram parte da história do futebol feminino e da Seleção Brasileira, como Sissi, Michael Jackson, Pia Sundhage, Formiga e Marta.
A regulamentação do futebol misto já é uma realidade em muitos países, como França e Alemanha. Na Inglaterra, atletas de ambos os sexos podem jogar juntos até a categoria Sub-18, enquanto na Holanda e na Dinamarca não existem restrições de idade.