Bahia e Santos travaram várias decisões no final da década de 50 e início de 1960. Em 1959, os times disputaram a final da Taça Brasil, e o Tricolor ficou com o título para se tornar o primeiro campeão brasileiro. No primeiro jogo, o Esquadrão venceu por 3 a 2 o Santos de Pelé. No jogo de volta, em Salvador, o Rei entrou em ação, fez gol e comandou a vitória do Peixe por 2 a 0. A taça foi decidida em um terceiro jogo, no Maracanã, onde o Bahia venceu por 3 a 1. Pelé, que se recuperava de uma lesão sofrida durante partida com a Seleção Brasileira, não jogou.
Mas a primeira partida de Pelé em Salvador aconteceu mesmo em 1957, um ano antes do primeiro título mundial com a seleção brasileira. Bahia e Santos fizeram um jogo amistoso. Pelé tinha 16 anos na época e ainda não era conhecido como Rei, mas já mostrava um potencial enorme. No início da década de 60, Bahia e Santos disputaram mais dois títulos brasileiros, nas finais de 1961 e 1963, ambas vencidas pelo Peixe, tendo Pelé como grande destaque.
Tricampeão com a seleção brasileira (58, 62 e 70), Pelé também fez história com a camisa do Santos, único clube que defendeu no futebol brasileiro, conquistando a Taça Brasil em 1961, 1962, 1963, 1964 e 1965 e o Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão, em 1968, além de duas Copas Libertadores e dois Mundiais (1962 e 1963), 10 títulos paulistas e quatro torneios Rio-São Paulo. No fim da carreira, quando já havia se despedido do clube paulista, Pelé aceitou convite para atuar nos Estados Unidos, no Cosmos de Nova York, onde se aposentou oficialmente.
Vários clubes europeus tentaram tirar Pelé do Santos, como Real Madrid, Juventus, Milan, Inter de Milão e o Manchester United. No Brasil, ele também recebeu propostas e recusou. Em 1971, aconteceu uma história inusitada. Um ano após o tricampeonato mundial, Pelé foi anunciado como novo reforço do Esporte Clube Bahia pelo presidente Alfredo Saad em um programa de rádio chamado “Resenha do Meio-Dia”, que era apresentado pelo renomado radialista França Teixeira.
O presidente do Bahia era amigo de Pelé e confirmou no programa que o “maior jogador de todos os tempos” vestiria a camisa tricolor. O “anúncio” ganhou ainda mais impacto quando Pelé entrou ao vivo no programa e confirmou o acerto. Athiê Jorge Coury, presidente do Santos, por telefone, também confirmou. Seria algo extraordinário, que certamente ficaria marcado na história do futebol baiano, no entanto, não se concretizou, aliás, nada daquilo era verdade. Isso mesmo, não passou de uma “pegadinha”.
Alfredo Saad era amigo e sócio de Pelé. Ambos também tinham amizade com o radialista França Teixeira, e sempre se encontravam em Ilhéus, no Litoral Sul da Bahia. Com isso, todos resolveram fazer essa brincadeira. Em entrevista ao iBahia em 2012, o Rei do Futebol comentou sobre o assunto.
“Foi uma brincadeira que nós fizemos, porque eu estava sempre na Bahia nessa época. Eu tinha um sócio que também foi presidente do Bahia, o Sr. Alfredo Saad, que já faleceu e até hoje a sua esposa Margarida é minha grande amiga e mora na Bahia. Eu amo a Bahia e tenho muitos amigos baianos e tenho mil histórias como esta para contar”, disse Pelé.
França Teixeira confirmou que teve a ideia e convenceu Pelé a participar. “Surgiu a ideia. Eu digo: ‘Pelé, eu vou ligar para você em Santos ou em qualquer lugar, vou te localizar. Todo mundo tá dizendo, querendo que você arme um negócio que veio pro Bahia’. Aí ele: ‘como é que eu vou pro Bahia, rapaz?’. ‘Diga isso, rapaz’, eu falei. Armamos aqui a resenha no dia, ele já tava no telefone, já avisado. Pra desfazer depois, tivemos que dizer que era primeiro de abril sem ser primeiro de abril”, contou o radialista ao iBahia.
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