Em janeiro de 2021, teve o atentado aos jogadores do São Paulo a caminho do Morumbi, foram 14 pessoas presas em flagrante e não tem ninguém detido. Em setembro do ano passado, o atacante Diego Tardelli foi vítima de emboscada voltando para casa depois de um jogo em Santos. Na reta final do Brasileiro de 2021, um grupo de torcedores do Grêmio invadiram o gramado da Arena após derrota para o Palmeiras e destruíram equipamentos do VAR, além de terem entrado em confronto com a Polícia. Por sorte, os jogadores conseguiram deixar o campo rapidamente.
O ano de 2022 começa e em jogo da Copa São Paulo de Futebol Júnior, torcedores do São Paulo decidem invadir o campo para brigar com jogadores do rival Palmeiras, enquanto uma faca era atirada no campo. Atletas do São Paulo ajudaram a conter os torcedores e evitar algo pior. Há quem prefira constranger profissionais em aeroportos, com xingamentos e ameaças, enquanto outros acham de bom tom invadir um Centro de Treinamento e agredir quem surgir pela frente.
Nos últimos dias, presenciamos cenas lamentáveis de violência envolvendo torcidas. Um grupo de torcedores do Bahia lançou artefatos explosivos no ônibus do clube na chegada à Fonte Nova, causando ferimentos que poderiam ter consequências muito graves. O goleiro Danilo Fernandes foi parar no hospital e por muito pouco não encerrou a carreira. Ontem (26), o amigo José Antônio Reis Reis, colaborador do Futebol Bahiano, falou sobre o assunto em matéria publicada aqui no site (leia aqui).
No mesmo dia do atentado ao ônibus do Bahia, a van que transportava a delegação do Náutico sofreu um ataque no momento do desembarque no Aeroporto Internacional Gilberto Freyre, em Recife, após a eliminação na primeira fase da Copa do Brasil para o Tocantinópolis. A delegação foi atacada por torcedores alvirrubros, que atiraram objetos contra o veículo, apesar da segurança reforçada. Uma janela foi quebrada.
No sábado, em Curitiba, parte da torcida do Paraná invadiu o campo e entrou em confronto com jogadores diante do rebaixamento à Série B do Estadual. No mesmo dia, o volante Villasanti, do Grêmio, foi levado ao Hospital com ferimentos após o ônibus que levava sua equipe ao estádio ser alvo de pedras atiradas por rivais do Internacional na chegada ao Beira-Rio. Horas depois, o interminável 26 de fevereiro de 2022 ainda registraria um ataque ao ônibus do Cascavel, após jogo com o Maringá.
A violência no futebol não é de hoje, seja dentro ou nos arredores dos estádios, aeroportos, Centros de Treinamentos, metrôs, etc. Um reflexo do que ocorre na sociedade, sendo manifestada no futebol. O pior é que ninguém faz nada para conter esses criminosos, muitos deles infiltrados dentro das Uniformizadas. Não existe punição alguma, nem mesmo quando são flagrados. A impunidade fomenta a violência, estraga o espetáculo do esporte mais amado do mundo e afasta o verdadeiro torcedor dos estádios. É preciso ter penas rígidas para integrantes de torcidas envolvidos em conflitos, se não iremos continuar a presenciar “atos bárbaros”.
Em seu Blog, no Portal UOL, o Jornalista Menon fez um desabafo sobre os episódios de violência de torcidas. Leia abaixo:
“A última vez que fui ao estádio foi em 5/3/2020, quando o São Paulo de Pato e Daniel perdeu para o Binacional, em Juliaca, no Peru, pertinho do maravilhoso e inesquecível Lago Titicaca.
A pandemia estava começando e poucas vezes sai de casa. Pensava muito em voltar aos estádios. A chuva me impediu duas vezes de ir ao Canindé, nas últimas semanas.
Agora, não! Chega. Pra mim, deu!
Na verdade, nunca fui um frequentador assíduo, como muitos de vocês. Nasci em uma cidade pequena, Aguai, e futebol, para mim, era através das ondas do rádio. Rádio Bandeirantes, com Fiori Gigliotti, Flávio Araújo, Enio Rodrigues, Borghi Jr…
Ir ao Morumbi, poucas vezes. Eu, meu pai e primos dele vínhamos de Kombi. A Kombi do meu avô.
Me lembro de um São Paulo x Colônia, da Alemanha. Gerson e Overath.
Em 1972, vim fazer cursinho em São Paulo. Fui bastante ao Morumbi e Pacaembu. Teve um jogo da seleção contra a Bulgária, se não me engano. Me recusei a ficar em pé para cantar o Hino Nacional. Um juvenil protesto contra a ditadura militar brasileira, com minúsculas.
Fui fazer faculdade em Lins e só voltei a São Paulo em 1984. Em 78, de férias, vi São Paulo x Operário, a primeira vez que a torcida tricolor lotou o Morumbi.
A partir de 84, me esbaldei. Muitos e muitos jogos aplaudindo os Menudos. Era feliz com Muller e Careca.
Em 1988, comecei a trabalhar em jornal. E, então, foram milhares de jogos no Brasil, América do Sul, Coreia, Japão, Alemanha, Estados Unidos.
Trabalho bom!
Você ainda ganha pra isso, né perguntou um dia, o saudoso Gilmar Vilanova, lateral esquerdo do São Luís, em Aguai.
Agora, não tenho mais coragem. Em de ir ao Shopping Bourbon em dia de jogo do Palmeiras. Ou em outro shopping perto de algum outro estádio.
Torcida do Bahia joga bomba no ônibus do…Bahia. Danilo Fernandes atingido.
Torcida do São Paulo joga bomba no ônibus do São Paulo.
Torcida do Paraná entra em campo para agredir seus jogadores.
E a faca atirada em campo por torcedor do São Paulo em jogo da Copinha?
Torcida do Inter joga pedra em ônibus do Grêmio. Villasanti no hospital.
Não vou aqui vilanizar torcida de futebol. Mas o poder público (com minuculas) precisa prender os bandidos.
Sei que a violência não é de hoje. Em 95, estava no Pacaembu quando um palmeirense foi assassinado.
Sei que a semana pode ter sido atípica e que a violência está por aí, espalhada nesse país de milicianos
Sei.
Nada mudou.
Só eu.
Tenho 68 anos. Tenho um bom sobrepeso. Subo escadas com dificuldades. Não posso correr para ficar longe de uma briga. Ou de um arrastão.
Não dá mais pra mim.
Minha degeneração física, aliada à degeneração ética do Brasil formam uma parceria que me impedem de colocar em prática um sonho que tenho acalentado nos últimos dois anos.
Joguei a toalha.
Estou triste. Muito triste.”