Felizmente, ainda vivi e convivi com o futebol romântico, pacífico, com boas gozações entre torcedores rivais, cada um torcendo pra seu time e com seu radinho de pilhas no ouvido que na época, era um parceiro indispensável para ir a um estádio acompanhar uma partida de futebol, enfim, uma felicidade total para atender o seu maior e melhor lazer que era ver seu time jogar, interagindo no entorno ou dentro de uma praça de esportes com os amigos, independentemente, das opções clubística de cada torcedor, quando o time jogava bem ou vencia, os jogadores eram aplaudidos ou apupados e chamados de filhos da pátria amada quando perdiam gols ou eram vencidos pelo adversário, enfim, grandes e inesquecíveis noites de quartas-feiras e belas e marcantes tardes de domingo, até porque, tinha futebol para várias torcidas, haja vista que, a maioria dos jogos era realizados com rodadas duplas.
Infelizmente, isso é passado, os tempos são outros, com novas gerações tanto de torcedores, como de “torcedores” que passam 24 horas por dia conectados com o mundo virtual, mas, parece que a paixão de alguns “torcedores” migrou para raiva e o amor de outros “torcedores” acabou se transformando em ódio, intolerância, estupidez, irracionalidade, violência, adjetivos que juntos, formam um barril de pólvora que já vem aterrorizando, há anos, os estádios de futebol e seus entornos, principalmente, após a instituição das torcidas “organizadas”. Coloco entre aspas porque até o momento, a sua maioria tem mostrado e demonstrado que não foram organizadas para praticar o bem, muito pelo contrário.
O lamentável e abominável atentado terrorista sofrido pela delegação do Esporte Clube Bahia momentos antes de um jogo válido pela Copa do NE nas proximidades da Arena Fonte Nova que feriu alguns jogadores, segundo informações da polícia, há fortes indícios e suspeitas de que o crime foi praticado por integrantes de uma torcida organizada do próprio clube, quando imagens gravadas flagram elementos na cena do crime tocaiando o ônibus para perpetrar o crime e aguardados por dois veículos com motoristas a postos para fuga, mostrando o potencial dessas facções que abandonaram o seu suposto ou aparente objetivo de atuar como uma associação esportiva para apoiar um clube de futebol para enveredar pelo mundo da violência, do crime e do terrorismo.
Desde a noite da última quarta-feira que a Bahia se faz presente, com grande destaque negativo, na mídia de todo o mundo, onde as tristes imagens do atentado têm repercutido, sobremaneira – menos o resultado do jogo Bahia 2×0 Sampaio Corrêa -, nos principais noticiários “esportivos” de todos às rádios, TVs, jornais e blogs, um atentado jamais registrado em nossa outrora hospitaleira e pacífica capital, onde jamais havia sido registrado um fato tão violento e grave, envolvendo a delegação de um clube de futebol.
Neste sábado, o ônibus do Grêmio foi apedrejado na chegada ao Beira-Rio, ferindo alguns jogadores. O Náutico também passou por algo parecido, após eliminação na Copa do Brasil, sendo intimidado no aeroporto e depois o veículo que conduzia os jogadores teve o vidro quebrado. O Paraná foi rebaixado à 2ª divisão do estadual neste sábado e o árbitro precisou encerrar 4 minutos antes por conta da invasão da torcida, que brigou com os jogadores.
Na condição, não só de torcedor do Bahia mas, também, de cidadão, torço para que essas situações não entrem nas estatísticas policiais como “mais um” crime banal, que começa a ser investigado e apurado, mas, os criminosos acabam ficando impunes, fazendo loas ao nosso caduco e obsoleto Código Penal dos anos quarenta, zombando das leis em vigor, dando risadas na cara das autoridades e, consequentemente, já se preparando para novos ataques e investidas criminosas, por conta da prévia certeza da impunidade.
Por conseguinte, trata-se de um atentado terrorista envolvendo um dos mais tradicionais clubes do futebol brasileiro e que logo após a ação criminosa, o governador da Bahia determinou a polícia uma rigorosa apuração e investigação do crime, o Ministério Público do estado está atento a toda situação, toda imprensa continua repercutindo o delito, enfim, o que espero é que os culpados e irresponsáveis sejam severamente punidos e mandados para o lugar que eles merecem, que é passar alguns anos na cadeia e, se os gestores dessas associações não banir de suas fileiras elementos que pactuam com a violência, essas “organizadas” terão que ser banidas do meio futebolístico.
José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.
P.S.: Quero deixar bem claro que a opinião acima é espontânea e de total responsabilidade do autor, sem nenhuma interferência da linha editorial ou opinativa do Blog Futebol Bahiano.