No início dessa semana, li um artigo do Sr. Juscelino Santiago, colaborador desse Portal e torcedor do Bahia, o qual, além de lamentar o lamentável, mas, esperado rebaixamento do Santa Cruz à Série D, discorreu a respeito dos bons tempos do nosso futebol, quando se perguntou ou indagou aos leitores, “Por que o futebol baiano não consegue crescer?”, quando trouxe à tona, reminiscências dos anos oitenta e noventa, citando e exaltando jogadores da época, uma era em que se praticava o futebol arte que o levava ao espetáculo, não se via jogadores beijando escudo de time como fazem os fariseus de hoje, mas, se esmeravam dentro de campo e suavam à camisa em todos os jogos de uma competição.
Ao contrário do futebol baiano não conseguir crescer, temos o bom exemplo do Futebol Bahiano, essa moderna e eficiente plataforma digital que tem crescido em grande escala, sempre oferecendo aos desportistas, matérias e temas de qualidade. Mas, voltando à vaca fria em pauta, que é a inércia do futebol da Bahia no cenário nacional, a verdade é que existem problemas crônicos e anacrônicos não só de ordem técnica como, também, de cunho político-administrativo, fatores que têm contribuindo negativamente para involução do nosso futebol e, como Bahia e Pernambuco, por várias décadas, foram os estados que funcionaram como o epicentro do futebol nordestino, já começamos a perder degraus para o futebol cearense que vem numa boa crescente e perdurando essa performance, tem tudo para se tornar o hegemônico ou o Bam-Bam-Bam do Nordeste.
Série A
Foi muito desgastante e vergonhoso para o futebol da Bahia já ter intercalado as últimas duas décadas sem nenhum representante na Série A, como já aconteceu em 2005 a 2007, quando Bahia e Vitória jogaram Séries B e C, e em 2015 quando ambos disputaram à Série B, enquanto nos últimos três anos, temos assistido o Vitória brigando para não cair para Série C, o Bahia no ano passado quase aterrissando na Série B e esse ano, se não começar logo uma sequência de resultados positivos, inevitavelmente, irá parar no bico do urubu.
O grande erro do Bahia após conquistar o título do Brasileirão de 1988 foi se acomodar, deitando eternamente em berço esplêndido, ao invés de explorar o grande título conquistado promovendo ações de marketing junto aos seus parceiros comerciais e seus torcedores, no sentido de fortalecer o quadro associativo do clube e outras ações comerciais que poderiam ter alavancado às finanças do clube preparando-o para enfrentar eventuais crises, como a grave crise que aconteceu entre 2004 e 2010, quando o clube passou sete anos seguidos, ausente da Série A.
Série B
Enquanto outros estados já mostraram times que jogaram Séries D e C e estão jogando Série B, como é o caso de Brusque, Operário, Remo, Londrina, dentre outros, aqui na Bahia, só temos times na Série B quando Bahia ou Vitória são rebaixados da Série A e não por acesso, como os exemplos citados.
O Vitória tinha caído da Série A em 2014, retornou em 2016, passando três anos seguidos batendo na porta da Série B que vem sofrendo desde 2019 e nessas três temporadas, jamais figurou no G-4, muito pelo contrário, a briga todo ano é para não ser rebaixado à Série C.
O outrora Leão da Barra vem mergulhado numa crise política desde 2015, com gestões que não têm dado certo, desacertos que já consumiu sete presidentes em sete anos, com uma média de um presidente a cada ano, fator que tem colocado o clube numa franca decadência técnica e financeira que a cada dia vem se agravando, com todos os indicativos apontando para uma inevitável queda para jogar a Série C, na próxima temporada, inclusive, já fazendo prévias contratações de jogadores tarimbados nessa sofrível Divisão.
Série C
Desde 2009 quando foi instituída a Série D que o futebol da Bahia não tem sido competitivo para acessos dos nossos clubes do interior. Nas treze edições da competição, somente lograram êxito a Juazeirense que em 2017 conseguiu o acesso e no ano subsequente foi rebaixada e a Jacuipense que obteve o acesso em 2019, quase caiu em 2020 e esse ano vai para o último jogo da fase de grupos, com 99% de chance de rebaixamento, pois para não cair, terá que vencer de goleada o seu jogo diante do Autos/PI e ainda, depender de outros resultados que lhe favoreçam.
Série D
Uma categoria equivalente à quarta divisão do futebol nacional ou seja, a escória do futebol brasileiro, cujo campeonato, começa com 64 clubes divididos em oito grupos, para após uma série de “mata ou morre” classificar quatro clubes à Série C, uma competição que imagino ter sido criada mais por interesses eleitoreiros da CBF junto às federações dos estados do que por critérios ou fatores, estritamente, técnicos.
Não sei bem, quantas vagas à FBF tem direito para seus filiados do interior do estado, só sei que excluindo à Jacuipense e a Juazeirense que já conseguiram à façanha de subir para Série C, os demais que já figuram ou figuraram nas suas treze edições, foram meros coadjuvantes quando na maioria das vezes, não passaram da fase de grupos como aconteceu nessa última edição com Atlético de Alagoinhas, Bahia de Feira e Juazeirense, com o Canção de Fogo fazendo uma notável campanha na fase de grupos, invicto, mas, decepcionando no primeiro “mata ou morre”, sendo eliminado diante do Atlético Cearense.
Em suma, imagino que essa mediocridade do nosso futebol perante ao cenário nacional, é mais por descaso do que por acaso, e para que esse futebol volte a ser hegemônico na Região Nordeste, terá que ser passado a limpo, com uma FBF atuante e comprometida com os lídimos interesses dos seus afiliados, novos gestores de clubes com novas ideias, competentes, austeros e sobretudo que entendam da matéria futebol, para que possamos abdicar dessa mesmice de sempre, que tem feito com que o nosso futebol tenha crescido muito!!! Só que, para baixo, como acontece com o rabo de uma égua.
José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.