Numa pesquisa que fiz sobre a internacionalização das equipes de futebol e os resultados expressivos conseguidos por quem optou por fazer isso em seus clubes, pude observar fatos interessantes e relevantes sobre esse processo. Falo da contratação de jogadores estrangeiros para os planteis dos principais clubes sul-americanos, nisso incluso os clubes do Brasil. Os dois principais clubes da Argentina, hoje em dia contam em seus elencos, como principais peças jogadores de fora seu do país. No Boca Juniors os colombianos são destaque, no River coincidentemente, seu jogador mais valioso e decisivo é Borré, outro colombiano. Ambos contam com pelo menos 5 atletas de outros países no elenco e figuram sempre no topo das competições que disputam.
No Uruguai, o Nacional, seu principal também conta com 5 estrangeiros em seu plantel, assim como acontece nos principais clubes do Chile, Equador Paraguai, que são as forças principais da América do Sul. No Brasil, o Palmeiras foi protagonista contando com 5 atletas de outros países no seu elenco e faturando a Copa Libertadores e Copa Brasil.
Mas porque estou escrevendo sobre isso? Simplesmente porque é UMA TENDÊNCIA, afinal, atletas de outros países tem uma cultura mais competitiva, se dedicam e são mais profissionais em campo que os talentosos e preguiçosos jogadores brasileiros, que, com algumas exceções, não se portam como profissionais quando está em campo, muita das vezes, prefere ostentar seus luxos, vida desregrada aos holofotes do que procurarem um plano esportivo de excelência para tenham êxito nas respectivas carreiras.
Num time com jogadores com culturas de futebol e experiências em seus países ajudam quando houver as competições em cada país fora do Brasil, e esses atletas auxiliam nas partidas fora e nas Copas, que os times brasileiros não são acostumados nem com a língua nem com o tipo de futebol praticado nesses locais. Outra coisa que vejo é que no Brasil não há técnicos nativos (raras são as exceções) que se imponham aos atletas, sendo necessário que venham técnicos estrangeiros para que o jogador os respeite de fato.
Não tenho dúvidas que esses fatos não devem ser vistos como uma receita de bolo, pronta e acabada, mas como já afirmei, é tendência. Muito por causa do jeito que as coisas acontecem no Brasil, onde os profissionais do futebol não são devidamente cobrados como se devem, nem pelos técnicos que tem medo de chatear de alguma maneira os mimados atletas, e por parte das diretorias que se prestam a pagar valores absurdos a alguns jogadores e não tem o vigor de cobrar e ser incisivo nas punições dos mesmos, muita vezes alegando que isso seria prejudicar o clube.
Com relação ao Nordeste, esse processo pode ser benéfico, até pelo fato que atletas brasileiros que vêm do eixo SUL/ SUDESTE ainda tratam com desdém vir jogar aqui por essas bandas, enquanto os estrangeiros podem ter um olhar diferente, tal como Índio Ramirez no Bahia, e agora a vinda do zagueiro argentino Germán Conti, além do meia paraguaio Óscar Ruiz, que segue negociando.
O Ceará foi nesse caminho e trouxe os já conhecidos Steven Mendoza e Yony González, ambos colombianos que estavam atuando fora, mas já passaram pelo futebol brasileiro. O Fortaleza tem o zagueiro colombiano Juan Quintero e o meia argentino Mariano Vázquez, enquanto o Sport conta com o atacante uruguaio Leandro Barcia. No CRB, o paraguaio Jorge Jímenez e o argentino Diego Torres, enquanto o Santa Cruz conta com o goleiro uruguaio Martín Rodríguez, ex-Vitória, e o atacante equatoriano Jean Quiñonez. Esses são alguns exemplos.
Outra coisa que já está sendo feita em toda América do Sul é o investimento desses grandes clubes, na própria base, de ir atrás de jogadores jovens com potencial para atuar nas suas equipes inferiores. Há revelações surgindo em países diferentes do que nasceram e reforçando plantéis dos grandes, mas é claro, isso é um plano de base bem estruturado, que ainda falta no Brasil, mas que já acontece no Palmeiras e Athletico-PR, que tem modelos sólidos de base e colhem bons frutos com isso, pois abrem as portas para que esses jogadores sejam das seleções de base dos seus países e os valorizam ainda nessa fase.
Por fim, a internacionalização dos clubes deve ser implantada, e organizada a médio e longo prazo e clubes do Nordeste devem abrir a mente para essa possibilidade. A abertura da parte esportiva para outras possibilidades tem como resultados, em geral, os ganhos em campo e fora dele, pois o mundo globalizado também cobra isso dos clubes, assim, vejo como um bom caminho para elevar o status desses clubes e os colocar em outro patamar.
Diego Campos, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Baiano.