Lembro-me, muito bem, quando o jornalista Marcelo Sant’Ana foi eleito presidente do Esporte Clube Bahia naquela eleição de 13/12/2014, obtendo 41% dos votos válidos, com 1718 votos, utilizando em toda sua campanha o slogan “A vez do futebol” como o carro-chefe da sua gestão desenvolvida no triênio 2015 a 2017. Na minha avaliação o presidente Marcelo não cumpriu em toda sua plenitude o seu discurso de campanha, até porque ele teve que fazer um trabalho de recuperação no clube que se encontrava na Série B e conseguiu recolocá-lo na Série A, ainda no seu segundo ano de gestão e, também, conquistar o título da Copa do Nordeste de 2017, um título que já fazia quinze anos que não era conquistado pelo Bahia e essa alegria ele proporcionou ao torcedor, no seu último ano de mandato. Se houve, na sua gestão, algo mais expressivo pertinente ao futebol, não lembro no momento.
Para sucessão de Marcelo Sant’Ana, foi eleito Guilherme Bellintani para o triênio 2018-2020 que se finda agora e, como os estatutos do clube, permitem uma reeleição. O atual presidente concorreu e foi reeleito, obtendo 86% dos votos válidos, cerca de 9.941 votos, enquanto seu concorrente, obteve menos de 14% dos votos válidos, recebendo 1.648 votos e, mais uma vez, observa-se que num universo de mais de 20.000 sócios aptos a exercer o direito de votar, menos de 12.000 sócios votaram, havendo uma abstenção da ordem de 40% o que deixa transparecer que tem muito sócio apto para reclamar, mas, “inapto” para exercer seu direito de votar, o que contribuiria, sobremaneira, com o fortalecimento da democracia tricolor.
Torna-se imperativo para o presidente reeleito Guilherme Bellintani rever ou revisar alguns conceitos para corrigir erros ou falhas que ocorreram na sua primeira gestão, principalmente, no departamento de futebol quando, na minha imaginação, concedeu amplos e irrestritos poderes ao seu diretor de futebol Diego Cerri que já está no clube há cinco temporadas, desde a gestão do seu antecessor Marcelo Sant’Anna , sendo que Cerri, teve um punhado de acertos e abundou nos desacertos no que concerne aos critérios qualitativos de contratações de jogadores e hoje, o clube enfrenta os efeitos negativos decorrentes das causas.
Retrocedendo às contratações de Cerri, lembro-me muito bem da aquisição de Zé Rafael em 2016 junto ao Londrina por um valor módico e o jogador, além do ótimo retorno técnico dado ao clube, em dois anos, deu um excelente retorno financeiro, assim como Edgar Junio que foi negociado para o Japão e ainda Gregore, contratado em 2018, que sempre é sondado por outros clubes e, a qualquer momento, poderá proporcionar um bom retorno financeiro para o clube.
Em contrapartida, contratou muito jogador ruim ou, sem nenhum comprometimento com o clube e, o pior, pagando salários incompatíveis com seus rendimentos dentro de campo e incompatíveis com a realidade econômica do futebol nordestino, como aconteceu em 2016 com o atacante Thiago Ribeiro que o Santos empurrou goela abaixo no Bahia, assinou um contrato de três anos, na época, recebendo o maior salário do clube e acabou não jogando futebol porque foi acometido de uma “depressão” e dentre os vários jogadores, ou melhor, enganadores que foram contratados, a peso de ouro do por Diego Cerri, só o isento da responsabilidade da contratação de Fernandão porque era um antigo sonho de consumo do torcedor, tanto que o atleta foi recebido, festivamente, no aeroporto, mas, chegou e dentro de campo, não correspondeu às expectativas e, o outrora herói, se tornou vilão.
O presidente Guilherme Bellintani além de ser conivente com as pífias contratações de Diego Cerri durante seus primeiros três anos de gestão, cometeu outra “falha técnica” que culminou no excesso de tolerância para permanecer com treinadores que não tinham mais condições de continuar no comando técnico do time como aconteceu com Enderson Moreira e Roger Machado que já era para ser demitido no final do ano passado, após a inexplicável queda de produção no Brasileirão ou, ainda, no início deste ano quando o time precisando de um simples empate diante do River de Teresina, levou um “gude preso” do modesto time piauiense e foi eliminado bruscamente na primeira fase da milionária Copa do Brasil, perdeu a Copa do Nordeste, da forma que perdeu para o Ceará, por pouco não viu o Atlético de Alagoinhas ser campeão baiano dentro de Pituaçu e só veio demitir Roger quando a vaca já estava a caminho do brejo.
Essas, são algumas restrições que tenho a respeito da gestão que se finda do presidente Guilherme Bellintani, sendo que, estou insatisfeito, também, com o que tem apresentado à divisão de base, mas, como se trata de uma atividade específica que necessita de um indeterminado tempo para que o trabalho apareça ou floresça, preferi não tecer comentários porque poderia estar sendo injusto ou insensato em minhas observações.
Para finalizar, gostaria que à sucessão presidencial do Bahia fosse mais concorrida, para que Bellintani enfrentasse candidatos fortes e não vencesse com tanta facilidade e como, além torcedor, amo de verdade o clube, apesar dos pesares, com mais um vexame na temporada diante do Palmeiras, desejo e torço para que ele tenha se redimido dos erros cometidos e realize uma excelente gestão, mantendo o que está fazendo de positivo fora de campo e acertando em cheio no futebol no próximo triênio porque, à essa altura do campeonato, só nos resta torcer para que o clube permaneça na Série A, haja vista que, pensar em vaga na Copa Libertadores, ou é utopia ou teoria de Binha de São Caetano.
Para tanto, como não sei se Deus se intromete em futebol, tenho rezado muito e pedido ao Senhor do Bonfim que é um ilustre adepto do Bahia, para que consiga o objetivo que temos agora e que a partir de 2021, seja diferente, com o presidente acertando tudo que errou na atual gestão, para que possa dar força e vez ao futebol.
José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.