Aqui na Bahia, tudo acontece ou, já aconteceu quase tudo num melancólico e fatídico Bavi realizado no estádio Manoel Barradas no dia 18/02/2018, num jogo válido pela fase de classificação do Campeonato Baiano daquele ano, espetáculo onde aconteceu de tudo e um pouco: socos, pontapés, pernadas, rasteiras, bate-boca, expulsões, encenação, menos o que estava no script para acontecer, que era a prática do futebol. Aliás, sabemos que, como clássico é clássico e vice-versa e nunca tem favorito, mas, para aquele jogo, parecia que o rival vivia um momento melhor que o Bahia e, tudo levava a crer que, se a partida não fosse prejudicada pelos tumultos e tivesse seguido seu curso normal, o time mandante poderia ter saído vencedor.
O detalhe foi que mesmo com as expulsões registradas nas duas equipes, o Vitória ainda levou a pior em todos os aspectos. Reiniciado o jogo, o rubro-negro estava com oito jogadores e, provavelmente, o time recebeu alguma ordem para forçar duas expulsões para ficar com seis jogadores e o árbitro encerrar a partida, como ocorreu, mas, quando a partida foi julgada pelo Tribunal de Justiça Desportiva, houve punição severa para os jogadores que foram expulsos e, de quebra, um jogo que foi encerrado em campo com o placar de 1×1, foi decidido no Tapetão por 3×0 à favor do Bahia.
O castigo foi tão grande que após aquele tumulto em campo, a partir de então, o Leão deixou de rugir e não conquistou mais nada, muito pelo contrário, a tônica é perder. Naquele mesmo ano, foi rebaixado à Série B, três anos sem levantar um título de campeão baiano, não chega à uma final da Copa do Nordeste, no ano passado, esteve prestes à cair para Série C, enquanto que esse ano, conseguir o acesso, ainda é uma incógnita, apesar da equipe estar brigando na parte de cima, diferente de 2019.
Para quem não sabe ou não se lembra, os conflitos se iniciaram em 2016, quando o meia Vinícius, por questões indisciplinares foi punido pelo então gestor de futebol do Atlético Paranaense que na época, era o atual presidente do Vitória, punição que motivou a saída do atleta do clube paranaense, quando ele resolveu migrar para o Bahia em 2017 e já em 2018, foi o pivô daquela briga generalizada ocorrida no Bavi já citado no início do texto, numa tarde triste e vergonhosa para o futebol da Bahia. Vale ressaltar que, enquanto o jogador Vinícius foi considerado como o pivô de toda confusão naquele sinistro Bavi, no jogo Vitória 3×4 Ceará, válido pela Copa do Brasil, ele apenas concedia uma entrevista à um canal de TV, quando foi interrompido e ameaçado pelas bravatas e pelos berros de Paulo Carneiro que invadiu o campo no intervalo do jogo e, dentre outros impropérios proferidos, o ameaçou de apanhar, numa cena tão vergonhosa e trágica que acabou se tornando cômica, em função daquele traje démodé que o cartola vestia naquela noite, usando uma bermuda parecida com aquelas antigas cuecas “samba-canção”, um lance tragicômico que, além da TV tê-lo exibido para o mundo, virou meme, viralizando nas redes sociais.
OS INCIDENTES DO JOGO FORAM JULGADOS NESTA SEXTA-FEIRA
Nessa Sexta-feira, através do Futebol Bahiano, tomei conhecimento que às penas aplicadas pelo pleno do STJD para os protagonistas daquele deprimente espetáculo, resultaram numa suspensão de 135 dias para o presidente do clube que ficará impedido, tanto de representá-lo durante esse período, como de assistir os seus jogos, inclusive, no Barradão, além de ter que pagar uma multa de R$ 21 mil. Quanto aos atletas que foram expulsos, o Léo Ceará pegou um gancho de dois jogos, enquanto que o Vico, foi suspenso por apenas um jogo, punições que pelo cabotinismo promovido pelo presidente do clube no intervalo do jogo, achei até brandas, mas, por incrível que pareça, a suspensão do seu mandatário, tornou-se um ganho para o clube, porque, quando ele acabar de cumprir esses 135 dias, a competição já está chegando ao final e o clube não correrá mais o risco de uma reincidência. Quanto à suspensão dos jogadores, prejuízos técnicos relevantes para o time, que já não dispõe de tanta opções no grupo. Então, Isso é que é um carma, na acepção da palavra.
José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.