Mesmo com as aviltantes cenas de aglomeração e descaso, em meio a orientações de isolamento, o Brasil e o mundo empilham corpos vítimas da grave e talvez a maior crise sanitária experimentada em tempos recentes, ainda assim, se fala e se pressiona para o retorno do futebol a qualquer custo através dos portões fechados atendendo notadamente os interesses comerciais que comandam o futebol. Flamengo e Corinthians são os clubes que de forma clara se posicionam favoravelmente ao retorno, outros pressionam através das Federações estaduais, porém, enfrentam a resistência da maioria também dos governadores dos estados e os prefeitos.
Ontem, o presidente do Paraná Clube afirmou que seria uma insanidade, hoje foi a vez do prefeito de Belo Horizonte e ex-presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil que defende com veemência o isolamento social para evitar a propagação do coronavírus em Belo Horizonte sem futebol. Segundo Kalil numa tradução natural, pensar em futebol agora é coisa de maluco.
– Eu estou escutando esse tipo de comentário, mas eu não sei se há um posicionamento firme sobre a volta do futebol, com toda sinceridade. O futebol envolve, pelo menos, 200 pessoas em um jogo de futebol e mais 11 caras que vão se estapear lá dentro, vão cuspir na cara do outro, no chão, vão dar tapa, cotovelada, abraçar na hora do gol. É um descolamento total da realidade. Ninguém tá sabendo o que é corpo em um saco plástico- disse
– Eu vou falar uma coisa muito séria aqui. Eu nunca apertei a mão do governador de São Paulo, nunca falei com ele, nunca apertei a mão do prefeito de São Paulo e também nunca falei com ele. Eu sei que lá é o epicentro da pandemia, agora, se não fosse feito o que foi feito, teria 50 vezes mais mortos do que tem hoje. Quando o prefeito fala que está comprando saco plástico para colocar corpos e encostando frigorífico ao lado de hospital, esse pessoal é louco, esse povo não sabe do que tá falando. Estão comprando sacos plásticos, estão encostando frigoríficos, colocando caixão na rua, fazendo covas rasas e ainda estão pensando em futebol?
Ninguém gosta mais de futebol do que eu. Quando eu almoço domingo com meus filhos, vocês acham que eu converso sobre política, sobre Brasil? Ninguém sabe o que é isso, é o papo mais chato que existe. A gente fala de bola. Agora, falar de futebol agora é coisa de débil mental – completou.
A reação do prefeito é um contra ponto das negociações da Federação Mineira de Futebol e o Governo do Estado visando o retorno na próxima semana.