‘Estamos administrando o Vitória de forma heroica’, diz Paulo Carneiro

Presidente apontou o caminho mais curto para sair da crise financeira

Outro assunto abordado pelo presidente Paulo Carneiro na entrevista concedida ao Jornal Correio no último sábado foi a situação financeira do Esporte Clube Vitória atualmente. O mandatário rubro-negro admite que a situação é a mesma de quando entrou, em abril de 2019, visto que não chegou receita nova, no entanto, frisou que conseguiu reduzir o custo anual entre R$ 15 milhões e 17 milhões, o que ele considera um número impressionante. Para isso, precisou encerrar contratos de futebol “extremamente danosos e longos”, além de ter mandado embora cerca de 70 colaboradores, das diversas áreas, inclusive jogador de futebol.

 

“A mesma coisa de quando eu entrei. Não mudou nada, porque não entrou receita nova. Mesma coisa. Estamos administrando de forma heroica. Claro que as receitas de sócios aumentaram, mas de alguma forma o déficit operacional também aumentou nesse período, porque se você não tem dinheiro, trabalha com déficit de caixa ao longo do período, por mais que você tenha controlado os custos. E isso nós fizemos bem, modéstia à parte. O Vitória, hoje, reduziu seu custo entre R$ 15 milhões e 17 milhões no ano. É por isso que ele está vivo, porque ele fez um rigoroso dever de casa, reduziu todo desperdício que tinha no clube, desde contratos de futebol extremamente danosos, longos, que muitos deles nós temos que administrar, a uma multiplicação de funções desnecessárias ao tamanho do nosso clube. Nós mandamos embora cerca de 70 colaboradores, das diversas áreas, inclusive jogador de futebol, portanto, é um número impressionante. Mexemos em todas as áreas para que o Vitória pudesse sobreviver e continuar buscando sua autossuficiência.”

Paulo Carneiro também apontou o caminho mais curto para sair da crise financeira. Já implantamos em janeiro um programa de desenvolvimento esportivo que eu escrevi ainda fora do clube. Estamos desde o ano passado implantando esse programa no clube, que envolve reestruturação do departamento de futebol, com a implantação de uma equipe fixa, que não dependa de treinador. Se o treinador sair, o Vitória não sente. Claro, sente a falta do treinador, mas não a falta da estrutura, como acontecia no passado, que o treinador chegava com filho, dois assistentes, fisiologista, analista de desempenho, e, quando ele ia embora, desarrumava o clube. Isso, no Vitória, não vai mais acontecer. Na parte técnica, nós estamos implantando um programa de metodologia para fortalecer a nossa base, para que a base volte a ser o carro-chefe do clube, com a política institucional bem definida de buscar 2/3 do elenco feitos no clube. Nós já temos 1/3 e vamos chegar a 2/3 no médio prazo para que o Vitória tenha uma operação mais barata, com uma qualidade técnica melhor. Isso já se fez sentir na performance desses primeiros meses do ano, com a equipe feita com muitos jogadores da casa. Esse sempre foi um caminho de sucesso do Vitória e que tinha se perdido ao longo dos anos. A tendência é que já, já, o Vitória tenha uma grande receita para cobrir o seu passivo e equilibrar o seu futuro.”

Na sua segunda passagem como presidente do Esporte Clube Vitória, Paulo Carneiro completou um ano à frente do clube. O mandatário presidiu o Leão entre 1991 a 2005, e retornou em abril de 2019 com mandato até dezembro de 2022.  Ele falou sobre a diferença entre agora e naquela época.

“As dificuldades são parecidas, mas não são as mesmas. Na época, o Vitória não tinha patrimônio. Nós tínhamos que construir o patrimônio e, ao mesmo tempo, fortalecer a equipe para permanecer na primeira divisão. E realmente ficamos na primeira divisão por 12 anos, de 1993 a 2004. É um recorde, talvez, em clubes do Nordeste, de forma consecutiva. Nós ficamos na primeira divisão por 12 anos, oito sem direito de televisão. É um número dificilmente alcançado com essa característica de só ter televisão a partir da entrada do Vitória no Clube dos 13. O resto era uma quantia tão pequena e insignificante, era um abuso com relação às propriedades do clube. Então, a diferença é que, naquele momento, o passivo do Vitória era muito menor. O Vitória não tinha patrimônio, mas também não tinha passivo. Se ele era um clube pequeno, a dívida era do tamanho que ele tinha. Hoje, não, o Vitória cresceu no nosso período, depois continuou mantendo o status de clube médio, na Série A, com alguns rebaixamentos, mas recebendo direito de televisão integral, mesmo quando caía. Hoje nós somos um clube de Série B, com um endividamento enorme para a capacidade de caixa do clube e com receita de televisão de Série B. É a primeira vez que o Vitória tem receita de Série B. Sempre teve, mesmo rebaixado, receita de televisão de Série A. Então, administrar o Vitória hoje é uma tarefa hercúlea. O gestor precisa investir no crescimento do clube. Somente crescendo as outras receitas o Vitória vai poder se equilibrar financeiramente com relação ao déficit que ele tem operacional mensal.”

Autor(a)

Fellipe Amaral

Administrador e colunista do site Futebol Bahiano. Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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