Fala, Nação Tricolor. Saudade de vocês. Mas hoje não vou falar sobre o fiasco de 180 minutos e apenas um gol, e contra. Falarei sobre a frase do título desse texto. Estava eu, paciente como um monge tibetano, há mais de 40 minutos na fila do churrasco, mas precisamente entre 30 minutos do primeiro tempo, do jogo contra o Doce Mel. Quando de repente um cara fura a fila. Na cara dura. Falou com um amigo dele que estava na fila e entrou, com mais uns 3. Eis que minha educação europeia deu lugar a indignação baiana e fui falar com ele. O cara disse que estava ali desde o primeiro jogo e tal. Mentindo, obviamente. Minha irmã, que me acompanhava na fila, me puxou pela cintura e me tirou do debate. Depois disse deu-se a confusão.
Só vi ela, do alto dos seus 1,59m, mandando um “vá tomar no ** você”. Quando virei, um amigo do cara veio conversar comigo e pedir calma, enquanto o cara e ela trocavam insultos. Até que do alto da empáfia, dos quase 1,90m do minúsculo cidadão, saiu a famosa frase: “se não fosse a Maria da Penha você ia ver”. Depois ainda chamou minha irmã de “feministinha de merda”.
Respeita as Mina
Era o dia em que o Bahia tinha acabado de lançar a linda campanha de não-violência nos estádios, de respeito a Mulher, véspera do Dia Internacional da Mulher e o playboy me sai com essa. Minha irmã falou com uma guarnição da PM, que mandou ela registrar queixa na Delegacia e nem voltou para enquadrar o cidadão. Amigos dela chegaram e vendo a confusão subiram atrás dele. Ao ser confrontado, simplesmente negou o que tinha acabado de dizer quando estava em bando.
Aí uma outra filinha de PMs parou e levou o valentão e minha irmã, para ela prestar queixa na Delegacia da Fonte Nova.
No dia seguinte, minha irmã, que trabalha como influencer em um instagram voltado para mães, denunciou, no dia 8 de março, que o cara era funcionário da AMBEV. Curiosamente, um caso de ameaça contra a Mulher, amplamente divulgado nas redes sociais, no Dia Internacional da Mulher, não chamou a atenção da imprensa local. Por que será? Questões comerciais? Será?
Então, resolvi escrever, apenas para pedir um posicionamento da cervejaria, que é patrocinadora de um clube que é exemplo mundial em defesa das Mulheres e das minorias. Gostaria muito de saber se ações serão tomadas pela AMBEV e, principalmente, quais serão elas.
Ao nosso Bahia, encaminharemos uma representação perante o Conselho do Clube. Afinal, o valentão já foi conselheiro do Tricolor, há alguns anos. Tenho certeza que um caso como esse não passará em branco.
No mais, obrigado a Dalmo Carrera, pelo espaço. Aos amigos do clube e da imprensa, que me auxiliaram e a todos que seguem prestando solidariedade a minha irmã, uma mulher vítima de ameaças e ofensas na véspera do seu dia.
Feliz Dia das Mulheres
Atrasado? Não! É sempre bom lembrar que todo dia é dia da mulher. E todo dia elas precisam lutar para serem respeitadas.
Erick Cerqueira