Antes de discutir esse tema, gostaria de apresentar-me, pois esta trajetória qualificará o discurso pautando algumas das abordagens aqui expostas.
Participei do futebol baiano em diversos âmbitos do trabalho de base, trabalhando com alguns dos gestores e profissionais de futebol mais conceituados da Bahia. Felizmente ou não, em paralelo as atividades futebolísticas, também participava de um ambiente acadêmico que norteou o caminho que traço hoje para minha carreira profissional, o que me fez em 2017 me afastar do trabalho no futebol de base.
A partir do exposto começo a discutir: O E.C. Bahia nas divisões de base: Será Bahia?
As divisões de base do Esporte Clube Bahia têm desde 2007 (Contexto histórico que estive dentro do clube) modificado sua filosofia, e mesmo com a falta de política específica, apresentou destaque e originou a formação de alguns atletas conceituados além de outros menos conceituados, porém sempre com características de clube formador. Na última década o clube conseguiu dentre diversas façanhas nas categorias de base, alguns importantes como: Chegar à final da Copa São Paulo de futebol sub 20, ser campeão da Copa Nike sub 15, chegar à final da Copa Votorantim sub 17, conquistar a Copa 2 de julho, disputar a hegemonia dos títulos nos campeonatos estaduais é pé de igualdade com o rival Esporte Clube Vitória, conquistar o certificado de clube formador pela CBF, ser finalista da copa do Brasil sub 20, dentre outros títulos de âmbito nacional e internacional, que por consignação colocaram o tricolor na escala de grandes clubes na formação de base do âmbito nacional.
O detalhe é que os profissionais do clube sempre foram em sua maioria provenientes do estado da Bahia, que partir do investimento baixo em comparação com o sul e sudeste do Brasil, apresentam um extraordinário potencial de organização e formação de atletas e equipes. Alguns destes profissionais vem se aperfeiçoando, outros novos chegando, e alguns antigos já não tem mais espaço neste contexto do esporte atualmente. Contudo algo é conveniente explicitar; os profissionais “nativos” são além de competentes, especialistas e culturalmente conhecedores da representação e importância do Esporte Clube Bahia no contexto nacional e internacional.
É notório que atualmente o clube tem adotado uma política de desprezo aos profissionais provenientes do contexto estadual, em detrimento do novo modelo institucional, que direciona o futebol e sua gestão sob a responsabilidade do gestor do departamento profissional, que em consonância também não é da região. É neste mérito que se observa uma montagem nas divisões de base dissociada culturalmente da conotação regional a partir da realidade e institucionalidade BAHIA, que não é de conhecimento/sentimento destes indivíduos que migram do sul do Brasil.
Corroboro com a sistemática correta adotada pelo presidente do clube abordagem do clube ao direcionar a gestão um especialista em futebol, qualificando seu currículo de destacado gestor administrativo, torcedor eminente do clube, que deveria espelhar-se na sua trajetória, e adicionar ao departamento de divisão de base pessoas que tivessem além da capacidade profissional, a identidade e pluralidade cultural da nossa região. É incompreensível e assustador a demanda de excelentes profissionais que foram extraídos do clube a alguns meses atrás (não referindo a todos os demitidos), pois atendem por conhecimentos, habilidades e capacidades expoentes para contribuir com a formação dos nossos atletas.
E por fim, creditar que essas explanações não referem nenhum tipo de protecionismo, discriminação ou necessidade de retorno ao futebol, (pois como falei anteriormente minha carreira profissional está em outro patamar), mais sim na assertiva de questionar e expor o absurdo que é desconsiderar a importância da gestão e preparação dos atletas de base, a partir do conhecimento de profissionais qualificados que estão dispostos no estado, que irão agregar o DNA TRICOLOR, além de absorverem sentimentos e propostas aprofundadas no caso que refere-se ao Esporte Clube Bahia.