UNIÃO É A PALAVRA DE ORDEM NO E. C. VITÓRIA.
Ninguém sabe bem como começou, ninguém sabe como deu certo. O fato é que a impactante união de Alexi Portela, Ademar Lemos e Paulo Carneiro através da candidatura de Manoel Matos abalou o quadro eleitoral no EC Vitória, e a despeito dos que muitos possam pensar, o movimento dos players parece muito mais racional e inteligente do que possa parecer os mais histriônicos. Necessário de logo registrar que – diferentemente do que muitos dizem – Alexi Portela e Ademar Lemos jamais foram inimigos. Na verdade, são amigos de mais de 40 anos e, apenas por ocasião da eleição de Falcão estiveram em lados opostos, mas sempre como adversários, jamais como inimigos.
Paulo Carneiro, alçado a condição de Presidente sob a batuta de Ademar Lemos, ganhou voo próprio, mas, inteligente que é, sempre cuidou de guardar respeito aos rubro negros históricos, a exemplo de Alexi Portela pai (Presidente na década de 70) e Alexi Portela Filho, além, é claro de ter em Ademar um aliado de sempre. Tudo ruiu com a queda para a 3ª Divisão em 2014, quando a partir de então o afastamento da dupla Alexi/Ademar (juntos) de Paulo Carneiro, que iniciava ali seu inferno astral. Na sequência Ademar fez Alexi Presidente. De maior presidente da histórica (como de fato é), Paulo Carneiro passou a ser maltratado pela imprensa, e por muitos torcedores que antes o idolatravam.
Passional e aparentemente querendo provar a todo seu valor, PC aceitou trabalhar no rival, ampliando a ira de muitos por ele, e dando a pitada dramática de que a imprensa tanto esperava para mata-lo politicamente.
Ocorre que quando todos esperavam que PC estivesse morto, ele surge nas eleições de 2016 e, em menos de 20 dias, de modo absolutamente avassalador, tem uma votação expressiva, mostrando que, de algum modo, ainda tem lugar no coração de muitos torcedores. Ninguém poderia prever que Ivan de Almeida seria o desastre que foi, a despeito de ter encontrado um clube organizado, com dinheiro em caixa e com infraestrutura atualizada, Ivan parece ter despertado uma reflexão maior, que culminou nas conversas de bastidores até o enlace final, consolidada na candidatura de Manoel Mattos. Responsabilidade com a instituição foi o mote.
A operação parece cirúrgica e inegavelmente inteligente. Os nomes escolhidos com cuidado, deixaram impactada a torcida e mesmo seus adversários que – por mais que soubessem das conversas nos bastidores, jamais imaginavam a forma madura com que a chapa foi montada. Os diversos nomes lançados na imprensa era apenas distração. A escolha de Manoel Matos está intimamente ligada a seu perfil. Quem conhece Manoel reporta ele como profissional sério, dedicado e um negociador duríssimo. Não é segredo para ninguém que era Manoel quem tocava o clube no biênio 2015/2016 enquanto Raimundo cuidava de atender Conselheiros, “acarinhar” os jogadores e dar entrevistas nonsense.
O perfil de Manoel Matos, austero e trabalhador agrada em cheio Alexi e Ademar, que sabem que o Clube vai precisar de um “choque de gestão” para se reorganizar administrativamente, mas, também, sabem os dois, que num novo universo do futebol, não há mais espaço para jogadas excessivamente arriscadas. Paulo Carneiro, por outro lado, sabe que Manoel Matos será exigente com ele, e a despeito de ser um ex-presidente, sabe que – como empregado – será muito cobrado não só por Manoel (a quem rapidamente aprendeu a admirar), mas, também por Alexi, Ademar e outros rubro-negros fiadores chapa. Paulo sabe que esta é a cartada final no seu romance com o clube do seu coração.
Os amigos dizem que Paulo Carneiro está com um desejo jamais visto antes. Não vai prometer, mas sabe que aos 66 anos, seu sonho é levar o clube ao primeiro título nacional, e encerrar a zanga de parte da torcida. A cereja do bolo (e que reforça a tese que o movimento foi absolutamente racional e inteligente) foi a escolha do Vice. A cúpula identificou que – a despeito de terem os melhores nomes para a Presidência e para o Futebol – grupo precisava demonstrar desprendimento, e abrir espaço para “gente nova”, daí a escolha de Lucas Brandão.
Lucas Brandão é um jovem de 32 anos, Auditor e Contador, com inúmeras especializações, experiência profissional numa das maiores multinacionais de consultoria empresarial do mundo, tendo trabalhado nos EUA, dando consultoria para gigantes do setor automobilístico, energia, tecnologia dentre outras. Lucas é membro do atual conselho, fundador de torcidas organizadas do clube e torcedor que acostumado a rodar o país com o time.
O tabuleiro, intitulado “Vitória Unido, Vitória Forte”, ficou completo. Conta com a experiência e livre acesso de Alexi Portela no mundo do futebol, a experiência e vivência política no ECV de Ademar, o inegável conhecimento de futebol de Paulo Carneiro, a renovação de Lucas Brandão e, principalmente, a liderança de Manoel Matos.
Os adversários ainda parecem zonzos com a articulação. Ricardo David, um rubro negro considerado sem história no clube e sem capacidade de aglutinação, corre para agradar o sócio, já que dos caciques, só Falcão lhe apoia (apoio que tenta esconder, aliás). Já Raimundo Viana, sabe que falar mal de Manoel, é falar mal de si mesmo, na medida em que todos sabem o papel de Manoel na gestão.
Sobra então dizer que essa reunião de Portela, Ademar, Paulo e Manoel é por conveniência. Quem conhece os bastidores, sabe que se for por isso aí, todas as chapas deveriam se calar, há ex-inimigos em todas.O fato é que apenas uma chapa juntou os dois ex-presidentes mais vencedores da história rubro-negra e que mais perto chegaram de um título nacional. Coisa, aliás, ainda pouco explorada na campanha de Manoel.
Se futebol fosse uma fórmula matemática, a julgar pelos apoios de peso e currículo somados, Manoel Matos estaria alçado a se tornar o maior presidente da história do Vitória. A conferir.
Alex Ramos, torcedor do Vitória e amigo do Futebol Bahiano.
