Chega de tanta medalha

Confesso o inconfessável. Essa massificação… toda hora uma busca por um recorde, pódio, quadro de medalhas, a China na frente, em número de ouros, e a imprensa estadunidense contando a quantidade geral, Estados Unidos na frente.

Toda esta pressão, tantos dias, fuso horário trocado, o hoje pelo amanhã, decibéis de emoção, vigésimos lugares vendidos como bons resultados e algumas poucas migalhas de bronze, uma ou outra de prata ou seria de lata, ou de ouro, ou seria de couro.

O ser humano está zonzo de tanta cobertura olímpica, tanto na produção massiva como na recepção e se, três mulheres ganharam medalhas individuais, pronto, já amplificamos: esta foi a olimpíada da mulher brasileira.

Oh! Mundo tão cheio de vontade de sentido, de excesso de significado, como se este estresse cotidiano por conquistas nos fosse lustrar o ego nacional com a melhor pasta daquelas que os meninos usam no pós-lava-jato para dar um grau na lata véa.

Neste polimento à máquina, no entanto, se descasca a pintura original de um mundo em que as pessoas nem praticam este esporte todo, o que se via mais era a bebedeira que a Lei Seca vem freando, alguma coisa tinha de dar certo, afinal.

CAMISA 14

Voltemos os olhos aos nossos banais campeonatos, estes também confusos, pois acabo de saber por meu mais-velho que Vitória x Ipatinga será na hora da ave-maria, custo a acreditar, mas vejo os gestores da tevê com olhos de cifrão e compreendo.

Uma redação nova, superiores que se parecem, afinal são todos superiores, e acabo tendo também de incorporar esta figura poética e profissional de quem tem algo a cumprir, embora com deveres de ordenamento, planejamento e outros entos.

Que a Olimpíada nos seja leve e agora temos de aturar mais um chavão, um tal ciclo olímpico que está todo mundo falando, por que, deus dos gregos, temos de proliferar a ignorância em chavões?

A Olimpíada, em si, é o que estão chamando ciclo olímpico. Alguém, provavelmente um sudestino de boa audiência escreveu ou disse isso aí, e o resto da manada midiática, como papagaios de galera, estão repetindo, repudio nietszcheanamente, se possível.

E aqui, agradeço ao Francês pelos livros, pela atenção, pela camisa do reggae, por todos os textos, e renovo meu convite para integrar esta nova equipe, pois seria perfeito ter de volta o 10 embora a camisa 14 também vista bem em um Johan de textos.

ORDENADA

No bololô de idéias e sentimentos, nada como saber que nossa mãe faz aniversário, e segue como referencial-farol de toda bondade, entrega, compreensão e paciência que nos faz pensar em ser gente e não um bicho competitivo.

Sim, porque esta narrativa midiática de ansiedade por pódios só passa esta mensagem de que é preciso estar lá em cima, quem está embaixo não ganha manchete, só se perder a vara como o caso de nossa saltadora Fabiana.

Ou se escorregar feio, como foi nosso Diego, ou se perder sem ninguém esperar para o cara que pensou ser traído ou traiu, nem sei lá mais, como foi o nosso João, enfim, estes critérios de noticiabilidade é que nos deixam um pouco tensos.

Enquanto o Vitória voltou a vencer fora de casa, para desgosto de quem sofreu tanto um pouco antes, hoje tem rodada envolvendo outros clubes que aspiram, e este é um verbo difícil, a vaga para a Libertadores ou o reconhecimento nacional de um título.

Mas como diz Brown Sugar, o Bahia é o bicampeão brasileiro e segue em frente, embora a invasão da torcida, de forma tão segura e ordenada, não pareça ter sido apenas o que foi.Por Paulo Leandro

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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