A gente precisa voltar a ser Torcedor do Bahia - por Erick Cerqueira

A gente precisa voltar a ser Torcedor do Bahia – por Erick Cerqueira

A real é que a nossa Torcida se “gourmetizou” demais

A gente precisa voltar a ser Torcedor do Bahia – por Erick Cerqueira

A Torcida do Bahia precisa ser revista, reinventada, recuperada, restaurada. Não somos, hoje, nem de longe, aqueles Torcedores que ganharam o Título de Torcida de Ouro em 2010. A Torcida do Bahia virou só mais uma. E isso é muito triste.

 

Vi o Bruno Queiróz falando em “discurso de ódio” no twitter, relacionando as bombas que quase cegaram o nosso goleiro. Mas já vinha notando isso há um tempo nas redes sociais. Nos grupos de whatsapp, os Tricolores já não mandam mais escalações, não debatem tática, e já nem comemoram mais gols do Bahia com figurinhas ou memes.

E aí vem o mantra: a culpa é de Bellintani.

Será mesmo? 

Bem, não votei em Bellintani, não fiz campanha pra ele, não tenho procuração pra defendê-lo e nem quero. Porque também tô puto em disputar a Série B depois de tanto tempo. Acho que ele errou e erra MUITO, e que não deveria ser reeleito com 86% dos votos. Mas ele foi. Na democracia que tanto comemoramos. Vamos fazer oposição? NA HORA! Só me chamar. Agora, deixar de torcer pelo Bahia por causa de um presidente incompetente, aí já é demais.

Talvez por ser mais velho, ter assistido o Bi Campeonato Brasileiro nas arquibancadas e ter descido até o fundo do poço em 2005 e 2006, tenha um pouco mais de sanidade mental para entender algumas coisas. 

Vivi a Era Maracajá. Sofri e penei com Pernet, Pithon. Sobrevivi a MG, Petrônio e MGF. Fiz protesto pela democratização, critiquei Schimidt e Marcelo Santanna, xinguei Bellintani, mas nunca deixei de torcer pelo clube.

Sou do tempo em que a gente colocava 40 mil pessoas no estádio pra vibrar com 1×0 no Ananindeua. Agora, imagina essa torcida de hoje vivendo essa época! Não teriam comemorado o gol de Raudinei porque “foi campeão na bacia das almas”. Muito menos o de Charles porque era contra o FAST, do Amazonas e teria áudio-book criticando o Bahia de 1988 porque se classificou como biônico do grupo 2, na segunda fase, graças ao Vasco que ficou em 1º nos 2 turnos.

A real é que a nossa Torcida se “gourmetizou” demais

Essa geração está desacostumada a lidar com frustrações. O pior, é que as redes sociais impulsionam esses sentimentos transformando a frustração em raiva. E a raiva é uma péssima conselheira. 

Ontem eu só queria um pouco de diversão. Cansado de ouvir sobre as mortes por covid, o desabamentos em Petrópolis, a guerra na Ucrânia…

Queria vibrar com defesas de Danilo, chamar Matheus de perna-de-páu, mandar Daniel colocar o pé na forma, chamar Guto de burro e gritar Gol de Rodallega. Mas são 3h da manhã e não consigo dormir pensando: eu dividia arquibancada com terrorista que jogaram 3 bombas dentro de um ônibus, com profissionais que jogam pelo meu time.

Tá na hora de parar de querer intimidar jogador em CT, de ficar gritando na frente da casa do presidente e aceitar que o time caiu, E que isso é um esporte, onde se vence e se perde, e todo ano 4 times caem e outros 4 sobem. E que vamos torcer pra subir logo esse ano.

Danilo Fernandes poderia ter ficado cego. Matheus Bahia poderia ter perdido o braço. Cirino poderia ter ficado surdo. E tudo isso porque a bola não estava entrando?

Tá na hora de parar. Refletir se é esse mesmo o caminho de intolerância e violência que nós queremos pra Torcida do Bahia que sempre foi conhecida pela festa e alegria. Se é normal, alguém comentar numa postagem sobre o atentado a bomba, a hashtag #foraBellintani, como um endosso ao crime. E pensar se essa irracionalidade do discurso de ódio, que inunda a política, será sadia nas nossas arquibancadas. 

Ontem foi o segundo dia mais triste na minha história de torcedor do Bahia. Só as mortes de Márcia Santos Cruz, Jadson Celestino Araújo Silva, Milena Vasquez Palmeira, Djalma Lima Santos, Anísio Marques Neto, Midiã Andrade Santos e Joselito Lima Jr, superaram a tristeza de ver o meu time ser vítima de um atentado, em Salvador.

Reflitamos. É o nosso clube. É a nossa Torcida. E podia ter custado a vida de pais de família indo trabalhar. 

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Autor(a)

Erick Cerqueira

Resenheiro extra-oficial do Único TIME BI CAMPEÃO BRASILEIRO entre Minas Gerais e o pólo Norte. Pós graduado em Gestão Esportiva e Publicitário. Twitter: @ericksc_



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