A politização dos tempos atuais transcende as siglas e a preferência política, já entrou pelos fabricantes de vacinas e remédios contra a Covid, e se aprofunda no futebol. De primeiro momento, jogadores fazendo campanhas políticas envergando a camisa do clube em pleno campo, como foi o caso do volante Felipe Melo no jogo contra o Bahia, além do Atlético Paranaense, que através do seu presidente mandou iluminar a Arena da Baixada com as cores do partido do então presidente da república, isto ao arrepio dos seus torcedores. No ano passado, tivemos a já caducada Medida Provisória 984 numa dobradinha política entre o Presidente do Flamengo e ao atual governo numa manobra visando atingir a TV Globo, considerada por ambos como desafeto.
A novidade de agora é o contrato do Flamengo de patrocínio com as LOJAS Havan que dividiu o torcedor rubro-negro e também segmento político do clube. Logo após o anúncio, o grupo ‘Flamengo da Gente’ divulgou uma nota nas redes sociais se posicionado de forma contrária à proposta e criticando a diretoria atual. E claro, o motivo é o fato do dono Havan, Luciano Hang, ser próximo ao presidente Jair Bolsonaro e especialista em negacionismo, aliás, como o próprio presidente, que pouco está se lixando com 1 ou 430 mil mortes de brasileiros vítimas do coronavírus.
Especula-se que o patrocínio renderá cerca de R$ 6,5 milhões aos cofres do Flamengo pelos sete meses, no entanto, ainda precisará ser avaliado pelo Conselho Deliberativo do clube.
Leia a nota na íntegra
“O Flamengo da Gente lamenta a decisão da diretoria de associar a imagem do clube à empresa de um dos maiores fiadores e incentivadores de um governo responsável pela morte de centenas de milhares de brasileiros. Não é justificável o Flamengo aceitar levar na camisa uma marca que incentiva o negacionismo em relação à principal crise sanitária das últimas décadas.
A Havan é muito mais do que uma empresa catarinense de varejo. Seu dono se orgulha de ser um braço avançado de um projeto político de extrema-direita, com os ônus e bônus de seu posicionamento público. Há, por certo, questões econômicas e mercadológicas a serem ponderadas em qualquer cenário e a esse debate ninguém deve se furtar. Mas não há como tapar o sol com a peneira: a Havan carrega Bolsonaro em sua garupa e a história julgará quem fez questão de ser sócio desse projeto político.
Houve um tempo em que todos os brasileiros se orgulhavam da camisa da Seleção Brasileira. Hoje, infelizmente, a camisa da CBF virou símbolo de uma ideologia reacionária e ampla parcela dos brasileiros não se sente mais à vontade de envergá-la. Não podemos permitir que o Manto Sagrado enverede pelo mesmo caminho”