A Confederação Brasileira de Futebol anunciou na última quarta-feira a limitação para troca de técnicos no Campeonato Brasileiro da Série A, regra que foi aprovada pela maioria dos clubes e valerá tanto para clubes que queiram demitir seus treinadores quanto para técnicos que peçam demissão de seus times. Ou seja, ainda que técnico não venha apresentando resultados satisfatórios, sendo ele, o segundo contratado, o torcedor terá de engolir o sujeito até o final da competição. O clube começará o Brasileirão com um técnico inscrito e, caso demita este treinador, poderá inscrever apenas mais um. Em caso de uma segunda demissão, o profissional substituto tem que estar trabalhando no clube há pelo menos seis meses.
O Esporte Clube Bahia foi um dos clubes que votaram contra o projeto. Nas redes sociais, o presidente Guilherme Bellintani explicou o porque de votar contra e criticou a limitação: “uma medida aparentemente bonitinha, mas pouco transformadora”. Veja abaixo:
“Por que o Bahia votou contra a proposta que limita dois treinadores no Brasileirão 2021?
O Fair Play Financeiro do futebol brasileiro, projeto muito importante elaborado ao longo de anos, deveria começar a ser implantado no país em 2021, com punições progressivas aos clubes que gastam mais do que podem. Isso foi aprovado e bastante divulgado.
Na reunião do Conselho Arbitral de 2020, o Bahia já havia lamentado a lentidão prevista para aplicação das penas no projeto brasileiro. Ainda assim, tínhamos esperança que em 2021 fossem iniciadas as punições aos clubes que colocam em campo times que não podem bancar.
Para nossa surpresa, o assunto foi “esquecido” em 2021. As penas previstas, que já eram brandas, simplesmente foram desconsideradas e a implantação real do projeto seguirá indefinida. “Podem contratar e não pagar”, é a mensagem perpetuada por mais uma temporada.
Para tentar dar um ar de modernidade ao Campeonato deste ano, à margem da real transformação que seria o Fair Play Financeiro, propõe-se uma medida aparentemente bonitinha, mas pouco transformadora: a limitação de contratação de treinadores.
Ora, se não haverá punição aos clubes que gastam mais do que arrecadam, se todo mundo pode continuar dando calote, se insistiremos em adiar mudanças realmente estruturantes, não venham controlar quantos treinadores eu devo ou não devo contratar em um campeonato.
O intervencionismo só faz sentido se for sistêmico. Sendo pontual, para dar falsa impressão de modernidade, com o respeito que tenho a todos, não contarão com meu carimbo. A velha máxima de “vamos mudar alguma coisa para permanecer tudo como está” não terá o meu apoio.”