Dias antes das últimas eleições tricolores, estava eu divagando sobre meu Baêa, quando me veio à mente uma música que abria o programa BAHIA CAMPEÃO DOS CAMPEÕES, do querido Oldemar Seixas. Em um de seus trechos, dizia: “O Bahia é o time do povo, domingo estarei aqui de novo”. Ah, bons tempos aqueles, em que o Bahia era realmente um time do povo.
Ainda nos dias atuais, ouço dizer que a torcida do tricolor é aquela composta, em sua maioria, pelo vendedor de picolé, lavador e guardador de carros, engraxate, ou seja, grande maioria composta por uma classe de profissionais menos agraciada financeiramente. Gente que tirava seus “10 contos” do sustento da família para ir para Fonte Nova ver seu time do coração, apoiar, vaiar, sofrer e ser feliz, tudo numa mistura grandiosa de amor e ódio.
Mas o Bahia não é mais o time do povo. Hoje, pertence a uma classe mais privilegiada: seus sócios, comandados pela sua diretoria, numa visão meramente mercantilista do futebol.
Digamos que o Bahia tenha 50, 60, 70, 80, 100 mil sócios. O estado da Bahia possui população estimada em 4.930.634 habitantes e a capital baiana 2.886.698 habitantes, conforme IBGE. Ficando somente com a capital e baseando em estatísticas outras publicadas, de que o Bahia detém 65% dos torcedores soteropolitanos, temos o numero de 1.500.000 (tirando os que não torcem pra time algum) torcedores tricoloridos, número esse sobejamente maior que o de sócios. E entre esses primeiros, estão os vendedores de picolés, guardadores de carros etc, que compõem a torcida do povo, grande e imensa maioria. Mas o Bahia não é mais o Bahia do Povo.
A diretoria reeleita, vem, ano após ano, transformando o time antes popular em um clube fechado e não para todos e sim para poucos. Ações de marketing (necessárias), porém voltadas, inicialmente para alicerçar o projeto do Presidente em sair candidato à Prefeitura de Salvador; ações sociais pongando em fatos totalmente fora do objeto do clube, trazendo apenas os aplausos de parte da imprensa sulista, a qual vive de apologias ao nada, e visibilidade para o presidente do clube, visto e lido como mentor das campanhas chamadas por eles de institucionais.
E aí vem a parte do time, o objetivo fim do clube: O FUTEBOL. Primeiro, bancou um diretor de futebol com salário mensal de R$ 200.000,00, demite da base do time, todos os profissionais da terra e contrata um caminhão de paulistas, descomprometidos com a história do clube, aliás, algo bem questionável, especialmente para os mais velhos que tem conhecimentos que a estadia destes profissionais no passado visavam apenas curtir as praias, noitadas de Salvador.
E tudo isso com o aval do presidente do clube, que senhor de si, está seguro no cargo pelos conformados que o sustentam e reelegeram. Não é por acaso, que o time, sob o comando da atual direção anda a passos largos em direção da 2ª divisão em 2021.
Que moral pode ter um diretor que faz aposta dizendo que caso ganhe a mesma, vai fazer um jogador do time desfilar de sunga perante sua torcida e a torcida do adversário, numa rodada dupla na Fonte Nova? O presidente do Bahia parece não querer mais que o clube seja o time do povo e o está limitando uma imensa torcida para uma pequena parte elitizada.
Enfim, todos juntos, organizados com o fim precípuo, para eles, de colocar o Bahia nas valas da 2ª divisão.
Ah meu admirado e respeitado repórter Oldemar, o nosso Bahia não é mais O TIME DO POVO.
LUCIANO JOSÉ SANTANA – TORCEDOR HÁ 63 ANOS DO EC BAHIA