O assunto é tão velho quanto o próprio futebol e nunca foi tratado de frente, exceto o Esporte Clube Bahia recentemente alertou da através de campanha a necessidade do respeito à mulher quando nos estádio de futebol, aliás, medida louvável, afinal já não cabe o assédio, nem no estádio ou em lugar algum, notadamente pela abordagem chula como acontece e sempre aconteceu.
Raros são os casos que são levados ao público e mesmo quando assim pouco repercute ou gera consequências para o autor ou autores especialmente quando a vitima é uma mulher comum em uma arquibancada qualquer pelo Brasil afora.
Ontem no jogo Operário 1 x 0 Criciúma pela Série B, um destes casos ganhou certa repercussão quando a estudante e de jornalismo e fotografa Milena Oliveira. quando ouviu diversas vezes um senhor a chamando de ‘gostosa’ enquanto realizava seu trabalho no gramado. Hoje a menina relatou o que aconteceu e o Operário, através de nota em seu site oficial repudiou o desrespeito praticado pelo torcedor.
Milena é fotógrafa do Portal Do Rico Ao Pobre e estudante da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Ela, que cobre o time desde 2017, contou que o senhor passou a assedia-la a partir da segunda etapa do jogo e nem mesmo após confrontá-lo, o torcedor se intimidou.
“Antes do começo do segundo tempo, sentei para trabalhar e escutei meu primo gritando meu nome na torcida. Acenei para ele e para meu tio. Quando virei procurar minha família este senhor olhou nos meus olhos e me chamou de gostosa”, contou a fotógrafa que tentou dialogar com o agressor, sem sucesso.
“Não havia seguranças por perto, mesmo assim falei que era nojento, que alguém poderia estar fazendo isso com alguém da família dele e ele não iria gostar, pedi para parar e ainda afirmei que o Operário poderia perder pontos por isso”,
Milena contou que nem mesmo o apelo da família e de amigos, na arquibancada, fez o senhor parar de assedia-la durante o segundo tempo de jogo. “Na torcida estavam três amigos vendo toda a situação e foram tirar satisfação com o senhor. Ele bateu de frente, eu fiquei de pé do lado da grade vendo tudo e tirei foto”, falou.
Indignada com todo o contexto do machismo, a estudante ainda precisou ouvir de outros torcedores que a discussão não fazia sentido, reforçando ainda mais as atitudes deploráveis de torcedores que não tiveram empatia com ela. “Escutei um torcedor afirmando que não entendia a confusão, pois eu nem era gostosa” , relatou ao jornal Tribuna do Paraná
O senhor parou com as palavras de assédio apenas quando dois outros fotógrafos que estavam trabalhando no jogo, interviram. “Ambos foram tirar satisfação com o senhor e perguntar seu nome para tomar previdências, só que com eles o senhor não respondeu, não foi agressivo e muito menos os assediou”, disparou.
Não foi o primeiro episódio de assédio que a estudante sofreu dentro do estádio do Fantasma enquanto trabalhava e, por isso, ela vai realizar Boletim de Ocorrência e irá processar o homem que a assediou. “Minha intenção é que homens como ele entendam o quanto o machismo machuca, fisicamente e verbalmente. O estádio não é local para disseminação de ódio e violência, e sim um local onde todos devem ser respeitados igualmente, sem medo algum de trabalhar ou torcer pelo time que amam”, conclui a estudante.
Confira a nota oficial do Operário:
O Operário Ferroviário Esporte Clube vem, por meio de nota oficial, repudiar o desrespeito praticado contra a fotógrafa Milena Oliveira, em partida contra o Criciúma (05) no Estádio Germano Krüger. O clube destaca-se historicamente militando pela igualdade em todas as instâncias e reafirma esse compromisso promovendo constantemente campanhas de conscientização.