Bahia: passado, presente, corneta e futuro - por Erick Cerqueira

Bahia: passado, presente, corneta e futuro – por Erick Cerqueira

Bahia: passado, presente, corneta e futuro – por Erick Cerqueira
Foto: Leticia Martins/Divulgação/Bahia

Fala, Nação Tricolor. Essa semana estive trabalhando na organização de um evento de reencontro de alunos do Colégio Angelina Assis, da década de 1980. E como todo reencontro, foram muitas risadas, resenhas e entreveros futebolísticos. Meu colega Paulo Henrique Souza soltou uma pérola: a gente comemorou o Bi Campeonato na escola. Lembrei que a última (e única) vez que vi o Bahia jogando a Libertadores, a Chevrolet estava lançando o Kadett e tinha apenas 11 anos. Idade que meu filho fará ano que vem.

Mas voltemos de volta  para o presente. 

O Bahia acaba de ser eliminado da Copa do Brasil, numa partida pífia, onde não conseguiu chutar uma bola sequer no gol. As críticas mais lidas e ouvidas eram sobre Ceni usar o mesmo time titular, sempre, fazer as mesmas alterações, com as mesmas peças e que precisava mudar. 

Eis que lembrei do livro 1984, de Orson Welles, onde ele falava sobre um duplopensar que seria o ato de aceitar, ao mesmo tempo, duas crenças contraditórias, como corretas. Porque, veja bem: se o técnico é fraco, burro e teimoso, o goleiro é fraco, Cauly está horrível, Everaldo não presta, Thaciano está um lixo e o lateral é improvisado, esse time deveria ser muito ruim. E os mesmos que falam tudo isso, estavam revoltados porque esse time horroroso não poderia ser eliminado pelo Flamengo no RJ. Não seria o lógico, ele perder? 

BAHIA x Atlético MG

De volta ao Brasileirão. O time eliminado retorna a Fonte Nova, com os mesmos 11 titulares, e faz um primeiro tempo morno, dominando a partida, mas sem efetividade. Apenas uma bela jogada de Cauly deixando Thaciano de cara com o goleiro, mas ele chutou pra fora. A Torcida só conseguiu aplaudir, mesmo, um chute de Caio Alexandre pra fora. Esse era o nível de carência. Na saída, as merecidas vaias pelos 135 minutos de bola rolando desde quinta-feira, sem um único chute ao gol. 0x0.

Na volta pro segundo tempo, o mesmo time, sem uma única alteração. Aí já é teimosia, Ceni. Pqp. Mas não foi bem isso o que aconteceu. O time, do nada, ligou o botão de querer voltar a fazer gol e foi pro jogo.

Thaciano insiste na marcação do lateral (que tanto cornetaram), rouba a bola e toca pra Everaldo girar e fazer um golaço, de 9, pra explodir a Torcida e quebrar a grade lateral da Fonte Nova. 1×0. Nesse  momento, dos 220 jogadores titulares do Campeonato Brasiuleiro, apenas 5 deles, têm mais gols que Eve. Durmam com essa, infieis. 1×0.

Cauly recebe no meio, abre a bola pra Jean Lucas (que estava horroroso), recebe de volta e deixa a bola limpinha pra Everton Ribeiro largar a muzenza pro gol do Galo, contando com desvio da defesa. 2×0.

Aí Ceni surpreende um total de zero pessoas e faz as mesmas alterações que fez contra o Flamengo. Pirraça ou convicção? 

Kanu (não) faz falta na entrada da área, no mesmo lugar em que Hulk marcou no jogo em Minas. Mas dessa vez, Marcos Felipe fez uma defesaça. Mas o melhor ainda estava por vir. 

A Torcida na Fonte passou do OOOOOOLÉ pro GOOOOOOOLAAÇO PORRA! Uma tabela pornográfica pela ponta esquerda, colocou a zaga do galo na roda de bobinho e a bola sobrou na meia lua pra Lucho largar o canudo e dar números finais ao massacre. Que golaço! Galo depenado, pode voltar pra BH. 3×0.

BORA BAÊA MINHA PORRA! 

O time joga bonito demais, bicho. Mas pros corações partidos e traumatizados dessa geração FAST e desse interregno nada auspicioso de 3 décadas, onde torcer pro Bahia se resumiu a “lutar pra não cair” ou “vamos subir, Esquadrão”, é difícil aceitar a nova realidade. Teve uma hora que meu pai disse: tem de dar chutão. E eu brinquei com ele: torcedor, seu time joga bonito. Se acostume. 

Sei que não será fácil, que tem gente chorando Baiano, ainda. Porém, em alguns meses poderemos voltar a falar de Liberta. Não daquele jogo sob dilúvio contra o Inter, que meu pai me levou pra desespero de minha mãe. Mas sobre o jogo que levarei meu filho. Só que pra ele, será uma coisa mais comum, ver o nosso Bahia lutar na parte de cima da tabela, pelo título, e quando não der, chorar na Libertadores. É o que o futuro nos reserva. 

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Autor(a)

Erick Cerqueira

Resenheiro extra-oficial do Único TIME BI CAMPEÃO BRASILEIRO entre Minas Gerais e o pólo Norte. Pós graduado em Gestão Esportiva e Publicitário. Twitter: @ericksc_



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