Bahia: da Primeira Estrela à Geração City – por Erick Cerqueira

Fala, Nação Tricolor! Como é que dorme depois de mais um triunfo como esse? Atropelando o adversário e sendo o único time a manter os 100% de aproveitamento em casa.  Mas hoje quero falar com vocês sobre conflitos geracionais com a nossa juventude. O tio é velho, e passou por alguns momentos de Fonte Nova. Então, deixa eu contar uma história pra vocês.

Quando era criança, nos Barris, meu avô dizia pra gente que o Bahia da década de 80, só tinha perna de pau. Bom mesmo era nos tempos de Marito, Léo Briglia, Biriba e Vicente. Ele fez parte da Geração da Primeira Estrela, 

Depois, veio a Geração do Hepta Baiano, na década de 70, que meu pai, até hoje fala com brilho nos olhos, sobre Douglas, Picolé, Beijoca, Sapatão, Baiaco, Thyrso, Gilson Gênio e Jorge Campos. E chegou a minha vez de ir pra Fonte.

Minha estreia foi em 1982, aos 5 anos, e lembro de nomes como Renato, Emo, Sales, Osni, Léo OIlveira, Dadá Maravilha que pra mim, até então, eram apenas figurinhas do meu álbum Olé Bahia. Assistimos ao surgimento do time Bi Campeão Brasileiro, em 1988. Tínhamos na mente, que a gente podia até perder fora de casa, mas quem viesse pra Fonte Nova, teria de suar sangue pra tirar pontos do Bahia. Nessa década,  1980-1989, ganhamos seis títulos Baianos e um Brasileiro. É a Geração da Segunda Estrela. 

Início do declínio

Mas aí, vieram os anos 90 e as coisas começaram a mudar. Na primeira metade da década, o time começou até a fazer bons campeonatos brasileiros e armar bons times. Porém, vimos o surgimento de um rival, que começou a dividir os títulos estaduais com a gente. Um momento tenso, que teve como marca o famoso Gol de Raudinei e o surgimento da Estrela do Bahia, que brilhava nos finais dos jogos. Foi uma mudança na Torcida. A alegria passou a vir como um grande alívio. 

Já na segunda metade dos anos 90, começou o declínio e o movimento “Maracajá, Devolva meu Bahia!”. Logo depois, com essa crise política instaurada, caímos pela primeira vez, em 1997, empatando em casa contra o Juventude. Daí pra frente foi só ladeira abaixo, culminando na Década da Vergonha, 2002-2010.

A Geração Fast

Justamente nesse momento de sofrimento, foi forjada uma geração que merece respeito. A Geração Fast. Essa galera cresceu vendo o Bahia comemorar classificação pra octogonal final  da “Cerei C”, e cantando com 90 mil pessoas na Fonte: “Êêê, eu vou pra série b”. E depois cantou o “Vamos subir, Esquadrão!” após rezar o “Pai Nosso”, em PituAço.

Essa geração ainda não tinha visto o Bahia ser grande, como a gente contava pra eles. Só conheciam a grandeza do Esquadrão pelos livros, filmes e vídeos no youtube. Porque mesmo após a volta pra Série A, em 2011, o Bahia passou a ser um mero coadjuvante, brigando por Sulamericana ou contra rebaixamento. 

A Geração City

Mas agora a história é outra. E surge a Geração City, como bem definiu o Washington Rodrigues. Estamos vivendo essa transição geracional de forma interessante. Os mais velhos estão voltando a vislumbrar o Bahia Gigante de outrora. Os mais novos, como meu filho, estão amando ver grandes contratações, belas jogadas, gols bonitos, a implantação da filosofia do jogo posicional, as tabelas rápidas, a transição cadenciada, a posse de bola, o controle do jogo com saídas trabalhadas… e a Geração Fast, ainda ressabiada, quer ver logo um chutão pra frente, correria de Ademir e gol de canela de Estupiñan, porque tem medo de sofrer um gol e não ter forças pra reagir. 

O Bahia City já é uma realidade. E já está começando a apresentar resultado, nessa briga no G4 após o atropelo no Juventude. Mas é um processo, a médio e longo prazo. Só que a Torcida vai precisar de mais um tempinho pra entender isso. Temos o segundo melhor ataque do Brasil, o vice artilheiro da competição e tem gente xingando nosso 9 e querendo o centroavante reserva do Juventude, de volta. É duro, mas se existe uma transição em campo, precisaremos de uma transição nas arquibancadas, também.

Comemora, Torcedor! O Xalaialaiá não é mais “sobre Subir” e nem pode ser sobre ex-rival que luta contra rebaixamento. A gente precisa cantar “VAMOS SER TRI, ESQUADRÃO!”, sem medo de ser feliz. Porque se não for em 2024, será em poucos anos, e as nossas Duas Estrelas, não se apagarão.  Isso já não é mais um sonho de uma geração. É a geração da uma nova realidade, que estamos vivenciando.

Autor(a)

Erick Cerqueira

Resenheiro extra-oficial do Único TIME BI CAMPEÃO BRASILEIRO entre Minas Gerais e o pólo Norte. Pós graduado em Gestão Esportiva, publicitário, parcial, Torcedor do Bahia e pai de Thor! Twitter: https://twitter.com/ericksc_

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