Nesta terça-feira (4), às 20h, a Seleção Brasileira feminina entra em campo novamente contra a Jamaica, na Arena Fonte Nova, pelo último compromisso preparatório antes dos Jogos Olímpicos de Paris. Neste fim de semana, a equipe foi responsável por registrar um novo recorde de público do futebol feminino no Nordeste, também diante da seleção africana, com cerca de 33.272 torcedores presentes na Arena Pernambuco.
O número é consideravelmente maior que o antigo recorde, estabelecido em 2015, quando o Brasil enfrentou o Canadá para um público de 10.643 pessoas, na Arena das Dunas. A goleada do último sábado ainda perpetuou outra marca expressiva da seleção atuando no Nordeste: a equipe aumentou a invencibilidade na região, com um total de 10 vitórias em 10 partidas disputadas.
O futebol feminino no Brasil vive um momento de êxtase. No mês de maio, o país derrotou a candidatura de Bélgica, Alemanha e Holanda, e tornou-se sede da Copa do Mundo Feminina de 2027. Embora ainda esteja em desenvolvimento dentro de campo, a modalidade vem de anos animadores fora dos gramados. Em 2023, o país bateu recorde de audiência, e teve mais de 60 milhões de pessoas acompanhando o Mundial da modalidade. Além disso, recordes de público nos campeonatos nacionais têm sido constantes.
“Realizar a Copa do Mundo Feminina no Brasil será uma ótima oportunidade para desenvolver a modalidade no país. Nós teremos um grande investimento em várias frentes e isso beneficiará o ecossistema como um todo desde que o dinheiro seja bem empregado”, afirma Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e membro do comitê organizador da Brasil Ladies Cup.
A fase atual tende a entusiasmar o público a acompanhar a equipe: para a partida de hoje na Fonte Nova, mais de vinte mil ingressos já foram vendidos antecipadamente. A maior procura do público por ingressos acaba por implicar em maiores exigências quanto à operação nos dias de partida. O último jogo contra a Jamaica, por exemplo, contou com a atuação da Imply ElevenTickets, empresa responsável pela venda de ingressos, controle de acessos e equipes operacionais do evento.
“Ficamos muito felizes em ver que o futebol feminino tem tido um desempenho brilhante, e vem atraindo públicos crescentes no país. Ficamos extremamente satisfeitos em ver esse entusiasmo dos torcedores entrar para a história com o recorde de público no nordeste no último sábado. Operamos com alta performance as vendas dos 33.272 ingressos, realizamos o controle de acessos com 71 dispositivos, e fornecemos 100 staffs para operação do evento. Nos dedicamos para garantir a melhor experiência aos torcedores, garantindo um processo seguro e eficiente, para que todos pudessem desfrutar ao máximo do espetáculo”, afirma Tironi Paz Ortiz, CEO da Imply, empresa que desenvolve tecnologias e serviços para estádios e é referência no Brasil em palcos como Maracanã, Arena Amazônia, Arena das Dunas, Arena do Grêmio, Arena Fonte Nova, Arena Independência, Arena MRV, Arena Pernambuco, Beira-Rio, Ligga Arena, Ilha do Retiro, Morumbi e São Januário.
A estrutura, inclusive, foi um dos pontos de destaque da candidatura brasileira para o mundial. Com a realização de eventos de grande porte nos últimos anos, como a Copa de 2014, as Olimpíadas de 2016 e duas edições da Copa América (2019 e 2021), o país se mostrou preparado para receber a maior competição da modalidade no mundo.
“A modernização da construção civil nos permite equilibrar os ambientes urbanos com as necessidades da população. É extremamente importante realizar projetos excepcionais que tenham utilidade a longo prazo, como os estádios feitos para outras competições e que ainda são usados”, afirma Tatiana Fasolari, CEO do Grupo Fast, maior empresa da América Latina especializada em overlays.
Receber uma competição desta magnitude tende a impactar o país também em outros âmbitos, fora das quatro linhas. Com maior apoio a cada ano, mais interesse tem surgido por parte de jovens e crianças curiosas em ingressar na modalidade, o que consequentemente pode elevar a qualidade do futebol feminino de base.
“Receber um evento como esse traz um potencial enorme de transformação da modalidade no país. O futebol feminino no Brasil já vem vivendo um processo de evolução nos últimos anos, mas sediar a Copa do Mundo vai acelerar ainda mais esse processo, que deve trazer saltos expressivos no consumo e mudanças culturais mais concretas”, comenta Camila Estefano, General Manager do Em Busca de Uma Estrela, projeto social que oferece assistência médica, odontológica, nutricional e psicológica, para meninas que sonham em atuar profissionalmente.
Base como esperança para o futuro
Assim como a seleção principal, a equipe sub-20 ainda não é destaque no mundo, mas segue absoluta na América do Sul. No início de maio, o time comandado por Rosana dos Santos conquistou o decacampeonato do Sul-Americano Sub-20 e ainda garantiu vaga na Copa do Mundo da categoria, que será disputada entre agosto e setembro na Colômbia.
Uma curiosidade da conquista foi o número de jogadoras beneficiárias do Programa Bolsa Atleta, do Ministério do Esporte. Das 22 convocadas na ocasião, 12 recebem o auxílio do governo – representando 54% das selecionadas. Considerado o maior do mundo em patrocínio esportivo individual, o Bolsa Atleta busca garantir que os atletas se dediquem exclusivamente aos treinamentos.
“É muito positivo ver diversos esportes brasileiros – especialmente na base – tendo atletas contemplados pelo Bolsa Atleta. O programa representa um incentivo para o desenvolvimento das modalidades no Brasil, permitindo que os esportistas se dediquem totalmente aos treinamentos. Dessa forma, cada vez mais atletas qualificados serão formados, mudando os rumos do esporte brasileiro a longo prazo”, comenta Vanessa Pires, CEO e fundadora da Brada, startup que conecta empresas e investidores com projetos de impacto positivo.
Apesar da dominância no continente, o resultado foi extremamente significativo por ser a primeira competição oficial da técnica Rosana dos Santos, contratada em setembro de 2023. Com uma clara evolução no futebol feminino de base no país, o próximo objetivo do Brasil Sub-20 será superar sua melhor posição em Copas do Mundo, o bronze nas edições de 2006 e 2022.
“Aos poucos, as mulheres têm conquistado mais espaço dentro dos esportes, desta vez com uma treinadora de futebol de base mostrando evolução na modalidade. A tendência é que, com investimentos, o time seja cada vez mais forte e mais preparado, ajudando também a seleção principal”, analisa a Dra Flávia Magalhães, especialista em medicina esportiva e que acumula convocações para a Seleção Brasileira Feminina desde 2015.