Fala, Nação Tricolor! Como foi frustrante seu domingo à noite? Eu fiquei muito pirado! Mas voltei andando pra casa e conversando com 2 especialistas do futebol, um de 10 e outro de 11 anos, e eles me atentaram pra um detalhe. Por que o Bahia só quer fazer gol bonito? E comecei a refletir sobre isso.
Precisamos pensar em algumas coisas que estão além do resultado da partida, além da perda do gol de Cauly e muito além do pênalti perdido por Caio Alexandre. O Bahia está no caminho certo, mas está bem no início desse caminho.
No final do jogo no Etihad Stadium, quando o Manchester City perdeu a vaga pro Real Madri, ficava me perguntando: por que eles insistem tanto em tentar entrar na área tocando? Vai pro bufubufu, bicho. Cava falta, cruza a bola na área e reza por uma cabeçada. Mas Guardiola não mudou o estilo do time. Eles ganham jogando bonito e perdem assim também.
Depois, assisti uma entrevista do lateral esquerdo Marcelo num podcast. Ele contou que Mourinho mudou o estilo do Real Madri, fazendo eles brigarem mais em campo, dar carrinho, dar porrada e assim passou a ganhar a Champions, em especial a La Décima. Porém, mesmo vencendo, desagradou a torcida merengue. Porque eles esperavam ver espetáculo todo jogo, ganhar sim, mas jogando bonito, também. É uma filosofia do clube.
E aí pegamos a caravela e cruzamos o Atlântico de volta ao Brasil. O Bahia, guardadas todas as proporções, fez o mesmo. Jogou como vem fazendo o ano todo. Tocando, tentando achar os espaços, criando grandes chances de gol, do jeito que animou sua Torcida e que vem impressionando, positivamente, a crônica nacional nesse começo de Brasileirão. E aí precisamos ter em mente que: não é porque ganhou que está tudo certo e nem porque perdeu que está tudo errado.
A eliminação de ontem foi decepcionante, frustrante demais. Porém, muito mais por causa da expectativa gigantesca criada (e justificada) pelo futebol jogado pelo Tricolor durante o ano. Ontem faltou SÓ o gol.
A bola na trave de Jean Lucas podia ter sido 1 centímetro pra baixo. A cabeçada de Arias pra defesa absurda do goleiro dos caras podia ter tido outro final. Cauly poderia dar uma cavadinha, um drible ou uma bicuda e mataria o jogo. Mas às vezes a bola se recusa a entrar. A danada é tinhosa. E eu, que sempre elogiei o “só vale gol bonito” do Bahia, ontem implorei por um gol de canela, um bate-rebate, um bufubufu, um cruzamento no nariz do Oscar, ou na barriga de Thaciano, afinal “não existe gol feio, feio é não fazer gol” (MARAVILHA, Dadá. 1900 e cachorro lascou a boca). Mas não rolou. E é preciso entender que nem sempre vai rolar. Porque a pegada do Bahia agora é outra. E pra nascer esse Novo Bahia que tanto sonhamos, as dores do parto serão inevitáveis.
O futebol apresentado pelo time não mudará uma vírgula por causa dessa eliminação. O processo, o projeto, a implementação de uma nova filosofia está tudo em andamento e seguindo seu rumo. Fora de campo ainda buscamos uma área pra nova Cidade Tricolor, a Fonte Nova ainda está em processo de transição pro Bahia e estamos apenas no Ano 1 de um projeto grandioso e audacioso.
A eliminação de ontem foi mais doída porque o Penta do Nordeste estava logo ali. Mas tinha um CRB pela frente, que foi quase perfeito em sua proposta, que era tentar segurar o Bahia até o final e vencer nos pênaltis, com o goleiro deles salvando, e o nosso, errando todos os lados. Detalhe: Ceni falou na coletiva que não estavam esperando essa possibilidade de ir para os pênaltis. E isso não é soberba. É confiança no elenco, no trabalho e no processo em curso.
BORA BAÊA MINHA PORRA!
Faltou o gol, mas não faltou futebol. E isso ficou refletido no final da partida, onde a Torcida aplaudiu o futebol e vaiou a eliminação, tudo junto e misturado. Agora é pensar na co-liderança do Brasileirão. Estamos no caminho certo, mas é só o começo. E tropeços acontecerão.
Ah, e sobre a felicidade dos simpatizantes do ex-rival. Bem, ao menos agora, eles tem 1 PONTO pra comemorar.