Em ofício enviado para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Federação Bahiana de Futebol (FBF), o Ministério Público da Bahia recomendou a manutenção da torcida única nos clássicos Ba-Vis que serão disputados em 2024, pelo Campeonato Baiano, Copa do Nordeste e Série A. A decisão foi tomada após reunião entre representantes dos clubes, FBF e Polícia Militar, de acordo com o MP-BA.
Nesta terça-feira (19), horas após a recomendação, o Ministério Público da Bahia convocou uma entrevista coletiva para justificar a decisão tomada de manter a torcida única. A promotora Thelma Leal apontou falta de interesse do poder público em resolver o problema da violência nos entornos dos estádios.
“Estamos tendo certa dificuldade, principalmente com secretarias municipais que mandam representantes sem autonomia, sem poder de decisão. Nós vamos marcar reunião com presença dos secretários municipais. Não é incapacidade do poder público. Diria falta de interesse para resolver. Não tivemos iniciativa nesse sentido. Estou nessa promotoria há pouco tempo. Depois do que vi no Maracanã, verifiquei que a situação lá é muito melhor que aqui em termo de circulação. Estou com esperança de resolver no primeiro semestre. Diria que não é incapacidade. Diria que é falta de interesse em resolver nesse momento”, disse Thelma Leal.
A promotora explicou que a decisão do MP-BA acontece em razão dos casos de violência registrados ao longo deste ano. “No início do ano, em fevereiro, diante das cobranças pelo retorno das duas torcidas, começamos um procedimento. Ele tem caráter de acompanhamento e fomos colecionando todas as notícias relacionadas às torcidas, informações da Polícia Civil, e de redes sociais. Ao longo do ano registramos diversas notícias de violência entre torcidas. As duas principais, TUI e Bamor, estão impedidas de entrar nos estádios, mas seus representantes estão livres para frequentar os jogos. A decisão pela manutenção da torcida única é baseada em provas concretas de violências que aconteceram esse ano. No último jogo do Bahia temos relatos de uma verdadeira praça de guerra que teve a ladeira da Fonte Nova como palco. Nós vivemos um clima de tensão, esses torcedores estão extremamente violentos”, afirmou Thelma.
“Dentro do estádio é onde menos acontece violência, diferente nesse último jogo do Bahia [contra o Atlético-MG, pela Série A]. Na aérea reservada para as torcidas soltaram bombas. Mas no entorno, no deslocamento das torcidas, é onde os atos de violência mais ocorrem. Precisamos minimizar esses aspectos. Estamos na luta com o Tribunal de Justiça para retornar com o juizado para dentro do estádio, para que o cidadão tenha a pena aplicada ali. Vocês lembram a situação de São Caetano. Na época, 53 pessoas responderam ao termo circunstanciado. Essas audiências ainda não aconteceram, um ano e meio depois”, completou a promotora.