Bahia goleia o Galo mineiro, por 4×1. Mais um triunfo histórico. Festa nas arquibancadas da Fonte Nova, apesar do pequeno público, apenas 28 mil torcedores. A cidade já acordou tomada pelo Azul, Vermelho e Branco, mostrando que o Bahia é o Mundo e a Bahia é Baêa. O time se mantém na Série A 2024 e o Ano Zero do Grupo City conseguiu seu intento. Mas é preciso racionalizar sentimentos.
Às vezes, no calor da emoção, a gente acaba confundindo algumas coisas. Ou ainda, não tivemos tempo hábil para entender o processo pelo qual o Tricolor de Aço está passando.
A Torcida do Bahia não apoiou a venda do clube para o Maior Grupo de Futebol do Mundo para se manter na mesmice. A gente não pode normalizar um ano tão ruim, com tanto investimento, para ouvir o Rogério Ceni repetir o mantra de “O Bahia é um eterno gol de Raudinei”. Ainda que tenha dito isso o dia inteiro, pois esse lema, pra mim, era o único fio de esperança para evitar a queda para Divisão de Acesso.
Estamos felizes, eufóricos, fiquei emocionado com meu filho, rouco de tanto xingar o vizinho torcedor do ex-rival que soltava fogos a cada gol do Vasco ou Santos, mas é preciso elevar o patamar.
O Bahia é mais que isso. E agora precisa ser ainda mais. Não quero ter de falar sobre o gol salvador de Charles nas Oitavas de finais da “Cerei C” pra meu filho .Quero que ele conheça o centroavante Charles, de 88, comprado por Diego Maradona e que chegou a jogar na Seleção Brasileira com Zé Carlos e Bobô. E, claro, torcer pra ver nossos jogadores voltando a figurar entre os melhores do Brasil.
Que esse entusiasmo de ontem, vire a felicidade de voltar a conquistar grandes títulos, com um trabalho constante e crescente. Que nós não tenhamos que ficar comemorando carrinho de Acevedo no meio de campo, como se fosse um gol de bicicleta de Messi, numa final da Champions.
A Torcida do Bahia merece muito mais.
Se o time terminou em 16º, nesse Brasileirão, a Torcida iria para a Libertadores, dentro do G4, com média de 37 mil torcedores, atrás apenas de Flamengo, São Paulo e Corinthians, e na frente do atual Campeão Brasileiro, o Palmeiras.
Fomos mais de 1 milhão de Torcedores no estádio esse ano. Mostramos a nossa grandeza mesmo nos momentos mais difíceis desse ano, que não foram poucos.
Mas se tem uma coisa que a gente precisa entender é que a gestão do Bahia mudou de nível. E “a bola não entra por acaso” (lá ele, Soriano). Precisamos entender que isso leva tempo e que títulos são frutos de um trabalho sério, constante e a médio e longo prazo.
Uma banda podre da imprensa local, imediatistas e “resultadistas” que é, vai demorar um pouco pra entender isso, e ficarão insuflando parte da torcida contra o Clube. Atentai-vos para os profetas do caos.
Na véspera do jogo contra o Galo, um cronista já falava da demissão de Santoro como certa, ganhando ou perdendo. Claro, que se perdesse, o esperado seria uma reformulação da gestão esportiva do clube. Ele achou que cairia, soltou a mentira dele com fonte tirada “das vozes de sua cabeça” e a torcida repercutiu. Mas vocês acham mesmo que uma gestão de um clube, feita pela maior sumidade em Gestão de Esportiva do Mundo, direto de Manchester, iria deixar vazar a demissão de um diretor de futebol, um dia antes do jogo mais importante do ano? Óbvio que não.
A mentira ficou ainda mais evidente na entrevista de Ceni, que elogiou Santoro e falou de como os gestores o tratavam da mesma forma, ganhando ou perdendo os jogos. Os tempos são outros, Tricolores. E como escrevi no meio do ano, a gestão do Bahia, hoje, pensa a médio e longo prazo. É só ver o exemplo dos outros clubes do Grupo, em seus primeiros anos e sua evolução. Esse Ano Zero a missão era se manter no Brasileiro. E apesar dos inúmeros erros, trapalhadas, situações e derrotas vergonhosas, a missão foi cumprida. Agora, é focar no futuro, na renovação, nos reforços pontuais, nas conquistas e nos títulos.