Vários clubes do futebol brasileiro se tornaram uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF), exemplos de Bahia (Grupo City), Vasco (777), Cruzeiro (Ronaldo), Botafogo (John Textor), todos eles com modelos parecidos, passando a administração total do clube para o investidor. Em entrevista ao “Segue o BAba”, podcast do Globo Esporte, o presidente Fábio Mota voltou a falar sobre o assunto e fez crítica ao modelo adotado por esse clubes, afirmando que privilegia apenas quem está comprando. Além disso, frisou que muitos clubes estão sendo usados como barriga de aluguel.
“Desde que eu assumi o clube na Série C a gente tem proposta de SAF, e eu dizia o tempo todo que não era o momento de se pensar em SAF porque a marca estava desvalorizada. As propostas eram de R$ 200 milhões. Imagina vender o Vitória por esse valor. Só quem tinha ganho era quem tinha comprado. A história recente provou que eu estava certo”, afirmou o presidente.
“Eu nunca disse que sou contra SAF. Eu sou contra os modelos de SAF que foram feitos no Brasil. Acho que é um modelo que privilegia quem está comprando a instituição. Ninguém nunca faz a avaliação de quanto vale a base de um clube. Se você revela dois ou três jogadores, você já consegue recomprar sua própria SAF”, disse Fábio Mota.
“O que eu defendo é, quando o Vitória voltar para Série A. Com finanças equilibradas, ele pode sentar para conversar com calma sobre o futuro. Vai ser SAF? Vai ser fundo imobiliário? No Brasil, os grupos econômicos estão usando os clubes para fazer barriga de aluguel. Eles vinham e compravam o jogador. Agora é mais barato comprar o clube, colocar vários meninos novos, vender e valorizar o dinheiro. Nesse caminho o Vitória não vai. Todos que fizeram SAF no Brasil, foram porque não tinham outra alternativa. Ou faziam, ou fechavam as portas. Não é o caso do Vitória”, completou o gestor.
“Se você pegar dois jogadores da base, David Luiz no Flamengo e Hulk no Atlético-MG, eles valem mais que tudo que o Vitória deve. A minha crítica aos modelos de SAF que chegaram é o seguinte: Ela não traz o quanto vale a divisão de base. Se você revela dois ou três jogadores, já consegue recomprar a sua própria SAF”.
Fábio Mota diz simpatizar com a SAF que será adotada pelo Fortaleza. “Eu sou muito simpático pelo modelo que o Fortaleza tá fazendo como SAF. Eles criaram a SAF Fortaleza, com 100% das ações do Fortaleza, e a partir daí, vão vender as ações. Porém, o controle do futebol sempre vai ficar com o Fortaleza. Estão buscando parceiros e investidores para dentro do projeto, mas sem precisar vender a alma, entregar sua tradição e história”.