E.C Bahia: Apesar de “você”, SUBIMOS e amanhã há de ser outro dia!

"se a competição tivesse mais duas rodadas, teria minhas dúvidas se o time teria logrado esse êxito final."

Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/Bahia

O Bahia passou as 38 rodadas da Série B praticando um futebol medíocre, típico de Série C. Em contrapartida, além de integrar o G-4, ininterruptamente, da primeira a última rodada, foi pragmático, conseguindo bons resultados até a 29ª rodada, mas, na sequência, os bons resultados começaram a desaparecer, dificultando a conquista de preciosos pontos e iniciando uma fase ruim com o time chegando a realizar nove jogos para só vencer um, o que o levou a adiar um acesso que estava previsto para acontecer por volta da 34ª rodada, mas, graças a Santo Elesbão de Axum, vencemos o jogo da última rodada, conquistamos um inédito acesso à Série A, sem se assustar com às “forças estranhas” que sempre interferem no futebol.

 

Existem mistérios no futebol que só seus deuses seriam capazes de revelar e, por mais que saibamos da grandeza e imponência do Esporte Clube Bahia e da grandiosidade da Nação Tricolor, vamos combinar que, após aquele nefasto rebaixamento no final do ano passado e às naturais dificuldades para montar ou remontar o time para a presente temporada, creio que nem o mais otimista torcedor tá excetuando-se, o entusiasta Binha de São Caetano, que tem a convicção de que “o Bahia é o melhor time do mundo” jamais, imaginaria que o Tricolor chegasse a um desfecho tão positivo no final da Série B.

O Bahia chegou ao acesso à Série A, após somar 62 pontos em 38 jogos, com 17 triunfos, 11 empates e 10 derrotas, com 43 gols a favor e 29 gols contra, tendo um saldo positivo de 14 tentos e, para quem não acompanhou pari passu à campanha, não assistindo os jogos e só tomando conhecimento dos resultados, deve ter imaginado que o time praticou um excelente futebol pelo fato de ter conseguido o acesso integrando o G-4 em todas às rodadas. Ledo engano, na média, o time praticou um pobre e sofrível futebol, mas, auferiu bons resultados que é o principal e mais importante trunfo do futebol.

No meu entendimento, essa Série B que acaba de chegar ao seu final, embora muita gente tenha considerado como a mais fraca da Era dos pontos corridos, entendo que foi a mais importante e elitista por reunir cinco grandes clubes do futebol brasileiro, tipicamente de Série A que são as situações de Cruzeiro, Grêmio, Vasco, Bahia e Sport, mas, como só quatro clubes podem obter o acesso, o Sport acabou sobrando.

O acesso mais controverso e involuntário da história do Esporte Clube Bahia!

Já acompanhei os três acessos à Série A, conquistados pelo Bahia na Era dos pontos corridos da Série B e mesmo sabendo da importância de todas essas conquistas classifico o acesso de 2022 como o mais controverso e involuntário de todos, por conta dos diversos fatores e nuances que ocorreram no decorrer dessa Série B que, por incrível que pareça, passou todas as rodadas “querendo se ver livre do tricolor”, mas, em contrapartida, encontrava a “resistência” do time “querendo” permanecer.

Para início de análise, o então desacreditado time do Bahia estreou derrotando o Cruzeiro por 2×0 na Arena Fonte Nova, um jogo difícil e “encardido” que foi definido com dois gols de Vitor Jacaré, uma das contratações mais desacreditadas e criticadas pelos torcedores, triunfo que se tornou importante e emblemático para o time ter confiança na sequência da competição, porque já ocupava a 2ª colocação na 1ª rodada e a partir daí, permaneceu, ininterruptamente, no G-4 durante todas as 38 rodadas do certame, passando a compor o grupo seleto dos seis clubes que conseguiram essa façanha na Série B, desde que passou a ser instituída à forma de pontos corridos.

Ainda a despeito da triunfante campanha do Bahia que ocupou o G-4 de fio a pavio na Série B, para chegar ao acesso, o time ainda teve o desplante de trabalhar com três treinadores, começando com Guto Ferreira que comandou o time em 14 jogos, conquistando 25 pontos e obtendo um aproveitamento de 59,5%; o segundo foi o Enderson Moreira que dirigiu o time em 18 jogos, conquistando 27 pontos e um pífio aproveitamento de 47,4%, fechando o pacote com a chegada do “bombeiro” Eduardo Barroca que acabou obtendo um aproveitamento de 55,5% em 6 jogos (dois triunfos e 4 empates), mas, foi graças à “gordura” acumulada durante os 14 jogos comandados por Guto Ferreira, que o time conseguiu subir, quase no limite da conta do chá e, se a competição tivesse mais duas rodadas, teria minhas dúvidas se o time teria logrado esse êxito final.

Resumo da ópera: o staff do Bahia achou que foi uma grande sacada trocar Guto Ferreira por Enderson Moreira, mas, ficou provado e comprovado dentro de campo que a emenda foi pior que o soneto, o tiro saiu pela culatra, o trabalho do Enderson foi muito ruim, o time involuiu e já faltando os seis jogos finais, Enderson foi demitido, contrataram, às pressas, o Barroca para “apagar o incêndio” e, aos trancos e barrancos e já na última rodada, o time conseguiu chegar ao número de pontos necessários e/ou suficientes à subida.

Essas foram algumas peripécias que permearam toda trajetória desse inédito acesso, haja vista que, pela primeira vez, o time sucumbiu à Série B num ano e no ano subsequente retornou à elite do futebol brasileiro e, mesmo com empenho ruim no futebol, mas, com um excelente desempenho nos resultados e, sobretudo, com o inestimável apoio da imensa Nação Tricolor nos jogos da Fonte Nova, alcançou o principal objetivo da temporada que foi o acesso.

Quero salientar que aproveitei a bonita e insinuante composição de Chico Buarque de Holanda que se intitula “Apesar de você” que além de ter feito muito sucesso nas paradas da época, infernizou o Regime Militar no início dos anos 70, uma letra que tem tudo a ver com o quê aconteceu no futebol do Bahia, que começa mais ou menos assim:

“Amanhã vai ser outro dia
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão(…)”

Adeus calvário da Série B. Adeus gestor do Bahia! A Deus, peço que esse novo modelo de gestão do futebol brasileiro denominado, Sociedade Anônima do Futebol-SAF que está bem próximo de ser implementado no Bahia através do City Football Group, restabeleça o Lema “Nasceu para Vencer” do velho novo Esquadrão de Aço, resgatando toda sua triunfante e gloriosa história de time vencedor, removendo esse hiato de time inerte e acomodado que, há alguns anos, tem entrado nas competições como mero coadjuvante, sem nenhuma ambição à conquista de títulos relevantes, porque foi relegado ao submundo do futebol brasileiro e nas últimas vinte temporadas, passou a metade do tempo gravitando nas divisões inferiores da CBF.

Assim sendo presidente, para ser justo, reconheço a assertividade que você obteve no que tange aos negócios corporativos do clube, principalmente, a brilhante atuação na condução dessa complexa e relevante negociação da transformação do clube para o modelo SAF. Por outro lado, confesso que ficaria com a consciência pesada se não afirmasse aqui, o quanto você errou no futebol, o carro-chefe do clube, nesses cinco anos de gestão onde seus desacertos extrapolaram todos os limites, mas, apesar de você, o Esquadrão subiu, e amanhã há de ser outro dia.

Que o City Football Group venha imbuído dos melhores propósitos técnicos, financeiros e operacionais para administrar o caçula do seu grupo que será o Esporte Clube Bahia [City], um clube que já fez história no futebol brasileiro integrando o “Clube dos 13”, organização que conseguiu na época, reunir os maiores e melhores clubes de futebol do Brasil e é esse gigante Bahia que brevemente, passará a ser o 13º clube a integrar o maior e mais imponente conglomerado do futebol mundial e, por ironia do destino, o Tricolor Baiano voltará a pertencer a um grupo que comanda 13 grandes clubes, só que dessa vez, num patamar muito elevado.

José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.

Autor(a)

José Antônio Reis

Torcedor Raiz do Bahêa, aposentado, que sempre procura deixar de lado o clubismo e o coração, para analisar os fatos de acordo com a razão. BBMP!

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