A democracia do Bahia pode ser comparada com as eleições partidárias

O Brasil e suas ELEIÇÕES: elegemos, mas não temos o poder de retirar nenhum dos eleitos

Guilherme Bellintani comemora resultado da eleição — Foto: Divulgação/E.C. Bahia

Pode parecer que estou tratando de política dentro deste espaço reservado ao futebol, e na verdade estou sim, mas da política do futebol. E fazendo uma analogia com a política no Brasil, a democracia do Bahia é igualmente comparada com as eleições de representantes, elegemos os nossos representantes e em verdade eles só nos representam na hora da campanha e dos votos, como na política que temos deputados, senadores e vereadores para “fiscalizar” os feitos de Presidentes, Governadores e Prefeitos, temos o famoso “CD”, Conselho deliberativo que “exercem” este papel dentro dos clubes de futebol. E assim como na política, estes representam a si mesmos e não aos seus representados, os interesses dos clubes e anseios de suas torcidas passam a ser irrelevantes diante dos interesses das diretorias competentes ou incompetentes, e no nosso caso a segunda opção se aplica.

 

E para justificar o título, elegemos mas não temos o poder de retirar nenhum dos eleitos dos seus cargos. Ah!, podemos fazer pressão, sim, mas se o conselho “que também elegemos” não tiver alinhado com a torcida, coisa que em geral acontece, nada será feito em favor do clube. Fora a sua torcida em uma representação legal, recorra a justiça para destituir a diretoria por administração temerária e depreciativa que traga prejuízos ao clube. Que é o que parece estar acontecendo.

Ao longo desses últimos cinco anos deixamos de ser um clube que teve o futebol como carro chefe no decorrer de sua história para ter como principal meta as “inclusões sociais”, ora meus caros irmãos tricolores, parece hoje o nosso emblema maior “ESQUADRÃO DE AÇO” pode no momento ser chamado de EX-QUADRÃO DE AÇO. O nosso aço, enferrujou, perdeu força, não há mais identidade. Do nosso Bahia que outrora em um jogo de futebol, a torcida tinha o prazer de ficar até o apito final do árbitro, pois tinha a certeza que no último minuto do jogo o time fatalmente teria uma resposta positiva para dar, só ficou o escudo e as cores.

Hoje vemos jogadores que não tem a mínima identidade com o clube, com a torcida ou com a história do clube, atletas que visam apenas duas coisas, salários e visibilidade, hoje assistimos a um jogo do Bahia e vemos jogadores que na dividem uma bola, não correm em um lançamento para evitar a perda da bola.

Eu assisti a Copa do Mundo de 1970 onde o Brasil tornou-se tri campeão mundial e vejo no Bahia de hoje a mesma lentidão daquela seleção, só que aquela seleção tinha qualidade, era melhor do melhor, e o nosso tricolor de hoje apesar de jogar a 20km por hora, não tem sequer 10% daquela qualidade. E jogamos a 20km contra equipes que estão correndo a 80, 90, ou até 100km. como podemos competir? Como iremos voltar a vencer? Se eles acham que estamos bem quando vencemos o Globo, o Campinense, o nosso problema é bem sério e grave. Em 59, 60, nos comparávamos ao Santos de Pelé, em 88, nossa referencia era o Vasco, Fluminense, Internacional. em 2022 o nosso sarrafo desceu para Globo, Campinense.

O histórico de nossa base atual é deprimente, cadê os nossos olheiros? hoje temos o “DADE” que monitora jogadores por mídia. Ora, por mídia até eu que estou completando 63 anos, estaria habilitado a jogar no Bahia, seria um excelente meia, pois no meu Instagram só teria lances que “saltaria os olhos”.

O futebol modernizou-se. É claro que sabemos disso, mas as estratégias antigas de captação de atletas, ainda na sua essência não podem ser descartadas, a figura do olheiro não pode ser substituída simplesmente por empresários, o olheiro tem uma prerrogativa que o empresário não tem, ele está nos campeonatos de bairros, na várzea, no intermunicipal, ele está onde o empresário não vai, e com certeza o custo com 50 olheiros será sempre infinitamente inferior ao de apenas um empresário. o olheiro traz, na maioria das vezes 100% do atleta para o clube, enquanto o empresário, um percentual mínimo.

Precisamos resgatar o vínculo e a identidade do atleta com o clube, e para isso se faz necessário voltar ao futebol raiz, aquele futebol que trouxe ao Bahia atletas como Baiaco, Ronaldo Passos, Zé Carlos, Charles, Edinho, e muitos outros, além de patriármos Douglas, Roberto Rebouças, Osni, Fito Neves, atletas estes que não tiveram sua origem no Bahia, mas que foram ídolos no tricolor pois viveram em uma época em que jogavam por amor e não por valor, jogadores que tiveram no final de suas carreiras o Bahia como time do coração, e para não sermos injustos com a atualidade, Gilberto, Gregore, Flávio que tiveram no tricolor os melhores momentos de suas carreiras. O último jogador da base do Bahia que tivemos de qualidade técnica incontestável foi o Anderson Talisca.

Queremos aquele menino que tenham o sonho de dar uma casa decente a sua mãe, que tenha orgulho de vestir a camisa do clube, que sinta-se inebriado em fazer parte do elenco e brigue para ser o melhor entre eles.

Juscelino Santiago dos Santos, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano. 

 

Autor(a)

Redação Futebol Bahiano

Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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