Eliminações, crise política e queda à Série C: o ano de 2021 do Vitória

Eliminações, crise política e queda à Série C: o ano de 2021 do Vitória

Terceiro ano consecutivo na luta contra o fantasma do rebaixamento resultou na queda do Leão da Barra para a Terceira Divisão

Foto: Pietro Carpi/Divulgação/E.C. Vitória

Quando se fala em roteiro cinematográficos de filmes e séries, os fãs aguardam novas temporadas com continuidade da edição anterior ou com novidades bem elaboradas dos diretores dessas produções. De forma semelhante, o roteiro do Esporte Clube Vitória, na temporada 2021, deu continuidade ao ano passado, mas contou com uma situação diferente: a tão temida queda de divisão. E o desfecho desse filme contou com uma série de fatores condizentes com o atual momento do clube, o que não pode garantir à narrativa real do ano do Leão da Barra um só clímax, e sim vários.

 

Primeiramente, a “dança de cadeiras” dos técnicos responsáveis pelo comando dentro de campo do time rubro-negro. Após livrar a agremiação do rebaixamento à Série C do Campeonato Brasileiro em 2020, Rodrigo Chagas, até então interino, retornou a beira do gramado como treinador efetivo – depois da demissão de Mazola Júnior, após a derrota para o CSA, por 3 a 0. Seis meses passados, o profissional, agora técnico do Jacuipense, cedeu a vaga para Ramon Menezes, ídolo rubro-negro. Em síntese, enquanto comandou o Vitória, Rodrigo Chagas venceu 11, empatou 13 e perdeu seis partidas em 30 jogos, saindo do clube com rendimento de 51%.

Sucessor do ex-lateral-direito do Leão, o Reizinho galgou ainda um dos marcos mais importantes de uma temporada para o torcedor rubro-negro apagar da memória: a classificação história às oitavas de final frente ao Internacional, no Estádio Beira-Rio, pela Copa do Brasil. Contudo, com somente dois triunfos a mais, o técnico ex-CRB deixou o Leão dois com 16 partidas feitas (seis empates e sete derrotas) e um aproveitamento de 31%, dois meses após ser contratado. Na era Ramon, o time marcou 15 gols e sofreu 30.

Para fechar a lista do carrossel de treinadores, o Vitória anunciou pouco mais de uma semana depois o técnico Wagner Lopes. Sem clube desde junho deste ano, o profissional durou quatro meses no cargo, onde disputou 24 jogos, nos quais venceu sete, empatou 10 e perdeu sete, sobretudo a eliminação nos pênaltis para o Botafogo-PB, pela 3ª fase da Pré-Copa do Nordeste. Em sua passagem pelo clube, ele conseguiu desenvolver uma equipe que marcou 24 tentos e levou 18.

A falta de manutenção de um comandante foi consequência do que seria o maior influente da temporada do Vitória: a crise institucional. Não só pelo drama político vivido desde 2019 com a eleição do presidente Paulo Carneiro, o clube baiano acumula roteiros comuns nos últimos seis anos. Durante esse período foram cinco mandatários eleitos, e três renúncias de Carlos Falcão, Ivã de Almeida e Ricardo David. Todavia, questões como denúncias de irregularidades na gestão afastou Paulo Carneiro do comando administrativo, dando espaço a Fábio Mota, atual presidente em exercício e responsável pela gestão do Conselho Deliberativo.

Outro agravante foi a crise financeira, que gerou atrasos de pagamentos de salários aos jogadores e funcionários, e, portanto, várias ações na justiça. Ainda assim, a crise no quadro orçamentário do Leão da Barra acumulou como razões também a eliminação nas quartas de final após o empate em 1 a 1 com o Fluminense de Feira, no Barradão, a queda na Copa do Nordeste diante do Ceará, por 2 a 0, nas semifinais da edição deste ano, e as duas derrotas consecutivas para o Grêmio, que ocasionaram a desclassificação para as quartas de final da Copa do Brasil.

Como de praxe, os fracassos partiram do princípio do plantel inchado para disputar as competições deste ano. No geral, a diretoria contratou 21 jogos, somente dois a menos que o número dos reforços anunciados em 2020, com destaque para o meio-campista Sérgio Mota, contratado em agosto, mas que sequer entrou em campo, e acabou deixando o clube antes mesmo do término da Série B. Além dele, mais 9 atletas foram desligados antes do término de contrato: Aníbal, Walter, Wesley, Catatau, Guilherme Santos, Pablo, Ronan, Samuel Granada e Gabriel Inocêncio.

Além disso, outra razão preponderante para o péssimo desempenho da equipe em 2021 trata-se do número de trunfos na Segundona. Ao todo, o Leão venceu oito jogos de 38 disputados, e empatou 16, além de 14 derrotas. No entanto, até 9 rodadas do término da competição nacional, o Rubro-Negro tinha apenas quatro vitórias somadas no torneio.

Por fim, em 73 jogos disputados em 2021, entre Campeonato Baiano, Copa do Brasil, Copa do Nordeste e Série B, o Vitória faturou 21 triunfos, 30 empates e 22 derrotas. Nesses quase 80 jogos feitos – incluindo as rodadas finais da Segunda Divisão de 2020 -, o Leão da Barra balançou as redes adversárias 73 vezes e sofreu 69 gols. Como resultado, o desfecho da “reprise” do filme das últimas três temporadas quase acontece de maneira idêntica, no entanto, de forma mais trágica, ocasionando o retorno à Terceira Divisão após 16 anos.

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Autor(a)

Redação Futebol Baiano

Contato: futebolbahiano2007@gmail.com



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