Gostaria que o título desse artigo fosse outro para que estivesse aqui escrevendo ou descrevendo uma grandiosa campanha ou uma epopeia do outrora grandioso e glorioso time do Bahia na edição do Brasileirão que acaba de ser finalizado onde o nosso querido Esporte Clube Bahia foi mais um mero figurante e acabou aprovando seu projeto piloto de retornar à Série B, após figurar por cinco anos consecutivos na Série A.
Foram 38 jogos, com 11 vitórias, 10 empates, 17 derrotas, 42 gols prol e 51 gols contra, esse é o recorte da medonha campanha do Bahia no Brasileirão 2021 que quase igualou a campanha do ano passado contando, mais uma vez, com três treinadores, só que, no ano passado somou 44 pontos e conseguiu finalizar à competição na 15ª colocação e permaneceu na Série A, enquanto que nesse Brasileirão só conseguiu somar 43 pontos e foi rebaixado à Série B ocupando a 18ª posição, com a derrota de 2×1 diante do Fortaleza.
Com o grande susto que levou no ano passado quando o clube só se salvou do rebaixamento na penúltima rodada, o presidente Guilherme Bellintani fez sua mea-culpa reconhecendo seus erros, principalmente, na formação de elenco, foi reeleito por 83% dos votos, se comprometendo com o torcedor que 2021 seria diferente e que faria profundas mudanças no departamento de futebol objetivando formar um time competitivo e vencedor para 2022. Mudou, mas, não vc resolveu.
Maioria das contratações feitas em 2021 não logrou o almejado êxito
Infelizmente, ao implementar seu novo projeto para 2021, “reformulando” o setor de futebol, percebi que a emenda foi pior que o soneto. O presidente demitiu o então diretor de futebol Diego Cerri e contratou os executivos Júnior Chávare e Lucas Drubski, aquisições que não surtiram o efeito desejado, quando o clube contratou 19 jogadores para temporada e desse total salvaram-se, apenas, uns três ou quatro atletas, sem falar que teve jogador que nem foi aproveitado no time principal.
Diariamente, tenho escutado nas resenhas esportivas de rádio, assistido nos canais de TV e lido nos blogs de plantão, os clamores da grande Nação Tricolor exigindo à renúncia ou até, a destituição do cargo do presidente Guilherme Bellintani porque já está provado e comprovado que é um gestor que não manja nada de futebol. Também concordo! E vou mais além: e ainda por cima, trata-se de um tremendo pé frio!
Em contrapartida, existem as normas institucionais que configuram com os ditames estatutários do Esporte Clube Bahia que em nenhum Artigo ou § consta a destituição do seu mandatário-mor por conta de resultados ruins dentro de campo. Ademais, uma renúncia por livre e espontânea pressão, poderia causar uma grave crise institucional e esportiva no clube como já acontece com o nosso rival que num período de seis anos, já passaram cinco presidentes e já na iminência de emplacar o 6⁰ mandatário, com a agravante queda repentina do clube dentro de campo que em 2018 jogava Série A, passou três anos seguidos na Série B e em 2022 vai jogar na maldita Série C.
Imagino que para o Bahia mudar de patamar no cenário nacional ou voltar a ser o time vencedor que já foi e, ainda, fazer jus ao seu slogan Nasceu para Vencer, será necessário uma radical mudança de mentalidade e de filosofia de trabalho abrangendo todos os seus setores, da presidência à portaria do clube. Há anos que o clube festeja, se contenta e se acomoda com conquistas de pífios títulos de 3ª categoria tipo, campeonato baiano além de aceitar com passividade e resiliência, resultados negativos e vexatórios que envergonham, irritam, indignam o torcedor e até mata, como aconteceu com um torcedor de Periperi que infartou e foi a óbito durante o jogo de ontem, mas, fracassos que são considerados normais ou naturais pelo seu presidente e sua diretoria.
E esses tropeços já se tornaram frequentes na gestão Bellintani, quando perdemos um título da Copa do Nordeste diante do Sampaio Correa em plena Fonte Nova; numa estreia de Copa do Brasil quando jogávamos por um simples empate e fomos derrotados pelo “timaço” do River do Piauí e, também, quando entregamos de mão beijada ao Ceará outro título do Nordestão, perdendo às duas partidas em pleno PituAÇO, vexames que o presidente aceitou com a maior passividade e tranquilidade que nem chegou a demitir os treinadores ou, pelo menos, ter dado uns esporros nos elementos.
“Quem não tem competência não se estabelece”
Imagino que a frase inserida no subtítulo acima expressa, tem muito a ver com a gestão de Bellintani no Bahia. Um cidadão jovem, inteligente, próspero empresário, eficiente gestor público, mas, se inseriu num ramo totalmente alheio às suas vocações ou aptidões que é o futebol. Compreendo à insatisfação e indignação do torcedor – onde me incluo -, pelo seu fraco desempenho no futebol durante seus quatro anos de gestão no clube, mas, pelas razões expostas no sexto parágrafo desse texto, declino em pedir sua renúncia ou destituição do cargo.
Mas, se entender ou enxergar um pouco de futebol não é a praia do gestor, que ele se cerque de pessoas tarimbadas e vencedoras no ramo para que nesses últimos dois anos de mandato, pelo menos, consiga recolocar o Bahia na Série A, como ele encontrou quando assumiu o seu primeiro mandato, missão que considero dificílima, porque os três ex-campeões brasileiros, Bahia, Sport e Grêmio que caíram agora, vão se juntar com mais três ex-campeões brasileiros que já tinham caído anteriormente, Guarani, Vasco da Gama e Cruzeiro, além de clubes tradicionais como Náutico, Ponte Preta, Chapecoense, CSA, CRB e outros menos votados que já estão habituados à protagonizar na “Briga de foice no escuro”, que é à Série B, deixando o funil da Sério A cada vez mais estreito.
José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.