A rotatividade de treinadores continua em alta no Brasileirão 2021

Como no Brasil para tudo existe o famigerado "jeitinho brasileiro"....

Antes da bola rolar nesse Brasileirão, a Confederação Brasileira de Futebol-CBF, visando atender a um antigo desejo da entidade em evitar ou diminuir à intensa troca de treinadores durante à competição, reuniu os representantes dos vinte clubes da Série A para apreciar e votar as novas regras atinentes à demissão de treinadores durante a competição, acordo que foi votado e celebrado, após ser contabilizados 11 votos à favor e 9 votos contra, entrando em vigor a partir da largada da competição.

 

No acordo, ficou estabelecido limitações, não só para o clube demitir o treinador como, também, o treinador pedir demissão ao clube, ou seja, o clube só pode fazer uma demissão de treinador e, consequentemente, mais uma contratação para substituí-lo, enquanto o treinador só poderá pedir demissão uma vez no clube que iniciou a competição e tentar a sorte em outro clube. Como no Brasil para tudo existe o famigerado “jeitinho brasileiro”, o acordo vem sendo burlado, tanto pelos clubes como pelos treinadores, quando instituíram o tal “comum acordo”, expediente que vem funcionando paralelo às demissões e pedidos de demissões convencionais.

Creio que um acordo nesses moldes, deve ter agradado bastante ao treinador Vagner Mancini que, há algum anos, liderou um movimento junto com outros treinadores no sentido de criar uma entidade para proteger a classe, por entender a vulnerabilidade e a instabilidade que estão expostos no emprego, quando são constantemente desrespeitados pelos dirigentes de clubes que, a depender dos resultados dentro de campo, promovem constantes demissões desses profissionais.

Só que o discurso do Mancini parece mais com o discurso de Satanás pregando Quaresma, haja vista que ele é useiro e vezeiro em romper contratos com clubes que seu trabalho vem agradando, como já aconteceu no ano no passado trocando o Atlético Goianiense pelo Corinthians e, recentemente, o América-MG pelo Grêmio.

A inexplicável demissão do então técnico do Cuiabá, Alberto Valentim, logo após a primeira rodada do Brasileirão, quando o time cuiabano empatou com o Juventude, talvez um fato inédito que aconteceu no decorrer de dezenas de edições da competição, já dava para perceber que à troca de treinadores com o Brasileirão em curso, prometia ser constante, independentemente, do acordo celebrado entre os clubes e à CBF, no tocante à limitação na demissão de treinadores.

No Brasileirão do ano passado, o Bahia passou por grandes dificuldades desde quando o time iniciou a competição sob o comando de Roger Machado que foi substituído por Mano Menezes, mas, quando a diretoria percebera que o time estava fadado ao rebaixamento, demitiu Mano Menezes e jogou a “bomba chiando” no colo de Dado Cavalcanti que soube superar não só a desconfiança do torcedor em relação ao seu trabalho como, também, conseguiu remotivar um time acabrunhado e desacreditado pela sua torcida, mas, conseguiu dar a volta por cima e acabou se livrando do rebaixamento à Série B.

Já nesse Brasileirão, em termos de dificuldades, o Bahia reedita a saga do ano ano passado quando, a essa altura do campeonato, já experimenta o terceiro treinador dentro da competição, iniciando-a com Dado Cavalcanti que o torcedor não sabe se seu afastamento se deu por conta de demissão ou através de comum acordo, sendo substituído por Diego Dabove, cujo trabalho, não vingou e teve que ser demitido ou, afastado em “comum acordo”, com a diretoria queimando o último cartucho com a contratação de Guto Ferreira que nos primeiros três jogos que comandou, se não obteve os três triunfos almejados, teve a proeza do time não sofrer gols, conquistando cinco pontos, obtendo um aproveitamento superior a 55%, além de já ter dado uma nova performance ao time, um plus que nem Dado e nem Dabove conseguiram dar.

A verdade é que, até o momento que estou redigindo esse comentário, dos vinte clubes que jogam a Série A, quinze já trocaram de treinador, ou seja, um percentual equivalente a 75%, inclusive, respeitando ou desrespeitando o acordo, já tem clube experimentando o terceiro treinador dentro da competição, como acontece com Bahia, Grêmio e América. Em contrapartida, Atlético Mineiro, Palmeiras, Fortaleza, RB Bragantino e Corinthians, formam os cinco clubes que ainda mantém o mesmo treinador que iniciou a competição.

Não poderia deixar de registrar um fato pitoresco que aconteceu após a realização da 27ª rodada, após o Juventude ter sido derrotado pelo Grêmio no último domingo à noite. Logo na segunda-feira, o time de Caxias do Sul anunciou pela manhã a demissão do técnico Marquinho Santos e no mesmo dia, à tarde, o América de Minas Gerais já anunciava a contratação do recém demitido treinador para substituir o Vagner Mancini que trocou o Coelho pelo Grêmio.

Para finalizar, não sei quem sairá vencedor nesse eterno confronto entre o mar (clube) e o rochedo (treinador). Só tenho certeza que o eterno perdedor é a (ostra), o torcedor.

José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.

 

Autor(a)

José Antônio Reis

Torcedor Raiz do Bahêa, aposentado, que sempre procura deixar de lado o clubismo e o coração, para analisar os fatos de acordo com a razão. BBMP!

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