A Via Crúcis do técnico Dado Cavalcanti no Esporte Clube Bahia

Dado Cavalcanti: Entre tapas e beijos do torcedor, vem superando os obstáculos

Sempre foi tradição no Esporte Clube Bahia ter seu time dirigido por experientes e renomados técnicos de futebol que comandaram grandes clubes do futebol brasileiro, inclusive, na conquista dos dois maiores e principais títulos de sua triunfante trajetória que foram os títulos de Campeão Brasileiro de 1959 com Carlos Volante e Bi-Campeão de 1988 sob o comando do mestre Evaristo de Macedo, além de outros grandes e experientes treinadores que marcaram história no clube com inúmeras conquistas de campeonatos regionais: Fleitas Soliche, Carlos Froner, Aymoré Moreira, Zezé Moreira, Orlando Fantoni, dentre outros.

 

Já a partir do início dos anos 2000, o Bahia começou a mudar o perfil de seus treinadores, deixando as “velhas raposas” de lado e optando pela contratação de treinadores tidos como emergentes. Em 2002, o time já era comandado por Bobô, que de bobo não tem nada e acabou sendo campeão da Copa do Nordeste daquele ano, mas, como não conseguiu decolar na carreira, optou em trocar o futebol pela política.

Costumo dizer que o pior ciclo que o Bahia viveu ou sobreviveu na sua de história foi o inferno astral dos sete anos de amargura, abrangendo 2004 a 2010, período em que o clube transitou pelas Séries B e C, situações que fragilizaram o clube, cujo CNPJ, só não foi desativado, graças à força e pujança da grande nação tricolor que apoiou o clube nos piores momentos da sua história e foi durante toda aquela requenguela que o Bahia serviu de “laboratório” para muitos treinadores, experimentando todo tipo de profissional: Zetti, Vadão, Luís Carlos Cruz, Lula Pereira, Ferdinando Teixeira, Hélio dos Anjos, Mauro Fernandes, Arturzinho, Paulo Comelli, Charles Fabian, Jair Picerni, Roberto Cavalo, Paulo Bonamigo, dentre outros, ou seja, do iniciante Zetti ao experiente Márcio Araújo, que conseguiu o acesso em 2010, mas, o entra e sai contínuo de treinador no clube, só começou diminuir, na gestão de Marcelo Sant’Ana a partir de 2015, mesmo assim, ainda contratou sete treinadores, sempre apostando em técnicos emergentes, tipo Sérgio Soares e Doriva, mas, encerrando sua gestão com o experiente Paulo Cesar Carpegiani.

No meu entendimento, o maior erro que tem persistido na gestão Bellintani é a excessiva tolerância na permanência de treinador, quando este já está desgastado ou seu trabalho deixa de corresponder. Imagino que, a missão de contratar um treinador é tão difícil, como a missão de demiti-lo, entretanto, futebol é resultado, o único ingrediente pragmático que conduz o clube a conquista de títulos e quando este cessa ou não vem, tem que sobrar para o treinador e o presidente do Bahia, não é afeito a esse procedimento, foi assim Enderson Moreira, Roger Machado e Mano Menezes, treinadores que ficaram com validade vencida no Bahia, não sei se por pura generosidade ou pela natural neofilia do presidente, em matéria de futebol.

Após Bellintani cair na real e perceber que o trabalho de Mano Menezes no Bahia desagregava mais do que agregava, resolveu demiti-lo logo após a derrota para o Flamengo naquele tumultuado e fatídico jogo pela 26ª rodada do Brasileirão, sendo que, naquela oportunidade, o treinador deixou o Bahia na 16ª colocação, com 28 pontos ganhos, só não abrindo a zona de rebaixamento por superar o Vasco pelos critérios de desempate, haja vista que, o time carioca somava igual número de pontos.

Diante de toda desconfiança da torcida e de boa parte da imprensa, Dado Cavalcanti assumiu um time fadado ao rebaixamento, com jogadores cabisbaixos e ressabiados de derrotas, mas, em doze rodadas, conseguiu o que quase ninguém esperava: evitar o rebaixamento e, além de conseguir tal proeza, ainda veio de quebra, a vaga da Sul-Americana, onde já estreou ontem, fazendo uma partida bem razoável e do jante do Montevideo City, trazendo um empate.

Em todas as minhas “escolhas” de nome de treinadores que já fiz para treinar o Bahia, jamais incluir o nome de Dado Cavalcanti na suposta relação, por entender que, devido ao seu histórico de ainda não ter trabalhado num clube da potência do Bahia, não tinha “topete” para ser vc técnico do time principal, entretanto, ele foi requisitado para “debelar aquele incêndio” do final da temporada passada, obteve êxito, o grupo entendeu sua linguagem, absorveu suas ideias e o time deu a volta por cima e, entendo que seria uma injustiça da diretoria para com o profissional em não tê-lo efetivado para temporada em curso.

O que não entendo, é o nível de paciência e/ou tolerância (zero), que boa parte da torcida vem tendo com o trabalho do Dado. Lembro-me, muito bem, que por quase um ano, o torcedor suportou o trabalho do carrancudo Enderson Moreira que, além de perder um título da Copa do Nordeste em 2018 para o Sampaio Corrêa em plena Fonte Nova, lotada, preteriu o jogador Vinícius, e preferindo contratar o perna de pau Guilherme, do Corinthians que, de tão ruim, nem jogou. Desde a temporada passada que o Vina é o CARA no Ceará.

Outro profissional que o torcedor suportou por mais de um ano,foi o Roger Machado que após uma ridícula reta final da temporada de 2019, comandou o fracasso do time na sumária eliminação da Copa do Brasil, diante do River do Piauí, permitiu dois “passeios” do Ceará nas finais da Copa do Nordeste em Pituaçu e, teve a “proeza” de ser campeão baiano sem vencer o modesto time do Atlético de Alagoinhas, sendo que, também, sobrou paciência com o seu sucessor Mano Menezes, que em 51 pontos disputados, só conseguiu somar 16 e, se permanecesse no cargo, não tenho a menor dúvida que o time estaria amargando à Série B.

Então meu “impaciente” torcedor, “vamos conduzir devagar o andor, que o santo é de barro”. Ou será que os outros três “santos” citados, oriundos do Sul do país eram de barro e esse atual, por ser nordestino, é de aço?

DEIXEM O “ÔME” TRABALHAR!

José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano. 

 

Autor(a)

José Antônio Reis

Torcedor Raiz do Bahêa, aposentado, que sempre procura deixar de lado o clubismo e o coração, para analisar os fatos de acordo com a razão. BBMP!

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