No futebol, existem nuances e enigmas que só acontecem dentro do próprio futebol. No ano passado, em jogo válido pela 13ª rodada do Brasileirão, o Bahia de Roger Machado que ainda tentava se firmar dentro da competição, deu um chocolate de 3 x 0 no Flamengo na Arena Fonte Nova, dando um show de bola em cima do forte time de Jesus, placar de grande repercussão nacional que rendeu muita mídia e prestígio ao treinador Roger, por ter dado aquele famoso “nó tático” no “Mister J”, na época, um dos grandes favoritos ao título, prognóstico que se configurou no final da competição, com o Flamengo sendo campeão. Com pouco mais de um ano, em jogo válido pela 7ª rodada do Brasileirão, o Flamengo, já sem Jesus na causa, mas, com Domènec Torrent no comando, veio a Pituaçu, tirou à forra, amassou o Bahia metendo 5×3 e o treinador Roger que fôra o grande estrategista e herói do jogo da Fonte Nova, se transformou num mero entregador de camisas, sendo o vilão do jogo de Pituaçu. Obrigado Flamengo, por ter sido imperativo em dissuadir a ideia e a teimosia do presidente Guilherme Bellintani de continuar venerando e carregando Roger no andor tricolor, haja vista que, se não houvesse aquele massacre, Roger não teria sucumbido.
Com o “fim de linha” para o treinador, o presidente Guilherme Bellintani e seu diretor de futebol, Diego Cerri, se lançaram imediatamente a esse milionário e disputado mercado de técnico de futebol, mas, escasso de bons profissionais, indo às compras para contratar seu substituto, mas, com um perfil totalmente diferente dos que já foram contratados a partir da implantação do regime democrático tricolor que, excetuando-se o técnico Paulo César Carpegiani, o resto foi treinador tido como emergente, teve até um aprendiz de treinador que antecedeu PC Carpegiani, o qual, embora seja ou foi um genial técnico de futebol, também é genioso e temperamental, fatores que o atrapalharam em vitoriosa carreira, tanto dentro das quatro linhas como jogador, como à beira do gramado como técnico.
Falar à respeito do currículo do vitorioso gaúcho Luiz Antônio Venker Menezes ou, simplesmente, Mano Menezes, acaba se configurando num pleonasmo, é chover no molhado. Trata-se de um profissional com vinte e tantos anos de “estrada”, com experiência nacional e internacional, ainda nos anos noventa começou treinando times de pequeno porte do interior do Rio Grande do Sul, mas, quando chegou ao Grêmio no início dos anos 2000, chegou pra valer, sua carreira decolou e a partir de então, só treinou grandes clubes do futebol brasileiro, sempre conquistando títulos relevantes, tanto a nível estadual como no âmbito nacional, um belo trabalho que o levou em 2011, a ser contratado pela CBF para ser técnico da Seleção Brasileira, sendo demitido injustamente em 2012, na minha opinião, só para atender interesses escusos do baixo clero da entidade.
Curiosamente, ao contrário de 99% dos técnicos de futebol, Mano Menezes jamais calçou um par de chuteiras para jogar num clube profissional, sempre atuando em equipes amadoras, até se formar em Educação Física, quando começou a mesclar a função de preparador físico com a de técnico de futebol, acabou dando certo e ele acabou optando pela atual profissão, mostrando e demonstrando a grandes craques que já brilharam no nosso futebol, que para ser técnico de futebol, é dispensável ter sido um grande jogador de futebol no passado.
Ademais, dentre os grandes títulos conquistados pelo técnico recém-contratado do Bahia, quero ressaltar a heroica e conflitante conquista do título da Série B de 2005 pelo Grêmio em cima do Náutico, em pleno estádio dos Aflitos, completamente lotado com um barulhento público de quase 30 mil pessoas, quando durante um jogo bastante tumultuado, foram expulsos quatro jogadores do Grêmio por causa de um pênalti marcado, resumo da ópera: jogo paralisado por quase meia hora, no reinício, o pênalti é cobrado, o goleiro do Grêmio defende, repõe a bola em circulação e num contra ataque mortal, Grêmio 1×0 e mesmo com a inferioridade numérica, conseguiu aos trancos e barrancos levar a partida até o final é aí, aconteceu o inacreditável, Grêmio campeão da Série B de 2005, o Náutico não obteve acesso, num jogo que acabou se transformando em um filme, denominado: INACREDITÁVEL – A BATALHA DOS AFLITOS.
Então, após tantas críticas construtivas e, as vezes até ácidas, que fiz ao presidente Bellintani, pela teimosia e cegueira de não demitir Roger Machado, tenho a hombridade de parabenizá-lo pela excelente escolha de Mano Menezes, um técnico carismático, estrategista, com uma carreira já consolidada, tricampeão da Copa do Brasil (um pelo Corinthians e dois pelo Cruzeiro) e, sobretudo, um vencedor, um profissional de luxo e da elite do futebol brasileiro que só vem para engrandecer, ainda mais, à instituição Esporte Clube Bahia. Seja bem-vindo Mano, ao maior e melhor Clube do Norte/Nordeste do Brasil.
José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.