O melhor jogador do Esporte Clube Bahia de todos os tempos!

Douglas Franklin é o segundo maior artilheiro da história do Bahia

Foto: Douglas, Sapatão, Fito e Baiaco.

Torcer pelo Bahia é algo diferente, inexplicável e indescritível, só quem fez tão seletiva escolha é que pode avaliar ou analisar, internamente, o que representa um ser humano, ser Bahia. É um clube que desde os anos trinta, emociona gregos, troianos, baianos e soteropolitanos, haja vista que atinge, atrai e envolve, sem nenhuma distinção, gente de todas as camadas sociais que constitui um povo, uma Nação que já está impaciente em função dos efeitos dessa devastadora pandemia, já não aguentando mais suportar esse longo jejum do futebol, todos torcendo pelo retorno do time em campo e ávidos em voltar a ver essa cidade toda colorida com às cores do vermelho, azul e branco, como estávamos acostumados a vê-la, principalmente, em dias subsequentes à realização de jogos, quando comemorávamos grandes resultados e boas atuações do nosso eterno e querido clube do coração.

 

O Bahia sempre foi um clube afeito em brindar seu torcedor com a formação de grandes times objetivando brigar por títulos para não figurar como mero coadjuvante nas competições que sempre disputou,  excetuando-se aquele inferno astral vivido na década de 2000, à qual, costumo denominá-la como a “década perdida”, período em que,  mesmo tendo conquistado o Bi-Campeonato da Copa do Nordeste 2001/2002, entrou em decadência, passou sete anos ausente da Série A e só conquistou um título de campeão baiano, troféu que o clube tem de montão, mas, em função dos sucessivos fracassos, acabou perdendo para o arquirrival, a hegemonia do futebol baiano que exercia, há décadas, tendo muito trabalho para recuperá-la.

E, se já é uma missão  árdua e difícil  para o seu torcedor escolher “o Bahia dos sonhos”, imaginemos escolher o melhor jogador de todos os tempos? Aliás, no meu artigo anterior, que foi publicado no último fim de semana, tive que fazer um grande exercício de memória, além da aplicação de critérios técnicos e meritórios para escolher o meu “Bahia dos sonhos”. Tive a certeza que escolhi um ótimo time, mas, não tenho a convicção de ter escalado o melhor time que sonhei, por entender que se trata de uma escolha complexa, que envolve dezenas de temporadas, principalmente, para esse modesto torcedor que nutre amor e paixão por esse querido clube, há 57 anos, período em que dezenas e mais dezenas de grandes jogadores vestiram o manto sagrado do maior e melhor clube do Norte/Nordeste do Brasil.

Ainda me deu vontade de partir para os planos B, C, D, enfim, escalando outros times, justamente, para atender as tradicionais “menções honrosas”, mas, como só valia a escalação de um único time, tive que, involuntariamente, cometer minhas “injustiças”. Mas, como dentro do futebol não há, nunca houve e jamais haverá justiça, se pequei, meu pecado acabou não sendo grave, por ter sido compatível com o próprio pecado que já é inerente ao futebol.

Quanto ao melhor jogador de todos os tempos do Bahia, não posso ter dúvidas sobre minha escolha e, mesmo contrariando à célebre frase do saudoso escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues quando ele  dizia que “toda unanimidade é burra”,  tese que respeito, mas, não concordo, até porque, o jogador que escolhi, de tão bom que era, sempre foi unanimidade no seio da torcida do Bahia. Além de se tratar de um jogador que figura no seleto grupo de atletas que participaram de todos os sete títulos conquistados juntamente com Baiaco, Sapatão, Fito e Romero. Era um artilheiro nato, um exímio “garçom”, enfim, um craque na acepção da palavra, cujo nome, é lembrado, venerado e exaltado até hoje, por quem acompanhou sua brilhante trajetória dentro do futebol, era aquele craque que fazia a diferença,  trazia felicidade, alegria e júbilo ao torcedor que sempre saía exultante e maravilhado da antiga Fonte Nova, após um jogo do Bahêa.

E sem mais delongas, como já apresentei suas credenciais técnicas, tenho o prazer de dizer que o craque e ídolo que escolhi é o ex-meia atacante Douglas Franklin, o segundo maior artilheiro da história do Bahia com 211 gols e dezenas de passes – naquele tempo, era “passe” mesmo, assistência, só se fosse médica -, Beijoca é quem deve saber, quantas vezes ele balançou às redes, graças aos precisos e  preciosos passes do craque.

Sei que muito torcedor do Bahia não sabe e, tampouco imagina, como aconteceu a vinda do jogador para o Bahia e, como sei de toda história, faço uma síntese à seguir: o craque chegou no primeiro semestre de 1972 à “Fazendinha” – antigo campo de treinamento do Bahia, localizado na Pituba, quando o bairro ainda mantinha entornos e contornos rurais -,  e até hoje, classifico como a contratação mais enigmática que já tomei conhecimento dentro do futebol, não sabendo definir se o jogador  foi contratado por obra do  acaso ou, se chegou ao clube por ironia do destino. A verdade é que ele foi formado nas categorias mirins ou juvenis do Santos (naquele tempo, “base”, só Naval ou Aérea), mas, em 1970, ele já jogava no time profissional, sendo o autor do primeiro gol assinalado no estádio Rei Pelé, inaugurado naquele ano em Maceió, quando o Santos humilhou a Seleção Alagoana, goleando-a pelo placar de 5×0.

Naquela época, o Palmeiras de Emerson Leão, Leivinha, Dudu, Ademir da Guia & Cia Limitada, já era chamado de “Academia de Futebol”, enquanto que o Santos de Pelé, Coutinho, Clodoaldo, Negreiros, Edu, Abel, Carlos Alberto, Ramos Delgado, Djalma Dias & Cia Ilimitada era chamado de “SeleSantos”, sendo que o então menino Douglas  em 1971, já era o reserva imediato de Pelé, mas, graças à Deus, no início da temporada de 1972, teve um desentendimento com o seu treinador, cismou e disse que não vestia mais a camisa do Peixe. Dito e feito!

Foi quando o América do Rio de Janeiro se interessou pelo jogador e quando já estava, praticamente, com tudo acertado e já com voo e hora marcada para o atleta embarcar para o Rio, apareceu na jogada o então superintendente do Bahia – na época, ainda não existia o cargo de Diretor de Futebol, era um superintendente que funcionava como uma espécie de “testa de ferro” do presidente nas contratações -, Manuel Francisco do Nascimento, o “Manu” , o “homem das cocadas” que já havia entrado no anedotário do então folclórico futebol baiano após ter presenteado com umas cocadas, em certa ocasião, um dirigente da então Confederação Brasileira de Desportos-CBD.

E  foi esse funcionário do clube ou, “emissário” como o sujeito era denominado antigamente para aquele tipo de transação, que convenceu Douglas a desistir de jogar no América para vestir a camisa do Bahia. Resumo da ópera: o avião que levaria Douglas para o Rio de Janeiro decolou minutos antes do avião que trouxe Douglas para Salvador e, assim que ele desembarcou em Salvador, recebeu a trágica notícia de que o avião que o levaria para o Rio caiu, sem deixar sobreviventes ficando o craque, a partir daquele dia, vivo, são e salvo graças ao Bahia,  jogando no time durante ininterruptos oito anos. Coisas da vida e de um longo passado. Vale salientar que em 1972, nem Osório Villas Boas e nem Paulo Maracajá, eram presidentes do Bahia, o presidente era o Doutor Wilson Trindade que, inclusive, já pertence ao Plano Espiritual, juntamente com os ex-presidentes Osório V. Boas e  Fernando Schmidt.

Curiosamente, 1972 foi o único ano da década de setenta que o Bahia não foi campeão baiano;  foi Bi-Campeão 1970/1971 e  Heptacampeão 1973 à 1979 e foi, justamente,  nesse período que o craque nascido em Barretos/SP, brilhou no Esquadrão de Aço, escreveu seu nome na história do clube e além de se tornar o melhor jogador de todos os tempos se consagrou, também, como o maior ídolo do torcedor em toda história do clube.

Amanhã vou falar sobre o jogador mais valioso da história do Esporte Clube Bahia.

#FiqueInCasa

José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.

Autor(a)

José Antônio Reis

Torcedor Raiz do Bahêa, aposentado, que sempre procura deixar de lado o clubismo e o coração, para analisar os fatos de acordo com a razão. BBMP!

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