Bahia terá prejuízo milionário após Turner suspender pagamento

cada clube deveria receber aproximadamente R$ 10 milhões

O Esporte Clube Bahia e outros sete clubes que assinaram com a TURNER (casos de Athletico-PR, Coritiba, Ceará, Fortaleza, Internacional, Palmeiras e Santos) para os direitos de transmissão do Brasileirão terão prejuízo milionário após a empresa de Ted Turner decidir suspender os pagamentos referentes ao Campeonato Brasileiro de 2020. De acordo com informação da Tribuna do Paraná, no próximos três meses, entre maio e julho, cada clube deveria receber aproximadamente R$ 10 milhões como parte dos 50% igualitários do contrato de TV fechada, valor muito bem vindo principalmente em um momento de forte crise por conta da pandemia do coronavírus. No entanto, apesar da primeira parcela (de R$ 3,3 milhões) ainda não ter vencido, o conglomerado de mídia já indicou que não será paga.

 

Como não há previsão para o início do Campeonato Brasileiro e diante dos problemas latentes entre Turner e os times parceiros, o restante do acordo também fica ameaçado. Em 2019, a emissora dividiu a outra metade do contrato (R$ 60 milhões) entre audiência (25%) e performance (25%). Os valores são pagos após o fim da temporada.

No momento, os clubes estão negociando com a Turner uma solução para o assunto, já que o grupo americano acusa os times de quebra de cláusulas contratuais no ano passado. Se não entrarem em acordo, o caso certamente ganhará contornos judiciais.

Bahia e demais clubes informam à Turner que não aceitam a rescisão

Veja detalhes do impasse entre a Turner e os clubes com quem tem contrato

ENTENDA O CASO:

O contrato assinado com o grupo de mídia Turner para transmissão do Brasileirão (TV fechada) tem multa rescisória individual de aproximadamente R$ 300 milhões, de acordo com informação da Gazeta do Povo. O pagamento das parcelas da atual edição, ainda sem data de início por causa da pandemia do novo coronavírus, foi suspenso. Em nota, a dona dos canais TNT e Space, que exibiram 42 jogos da Série A em 2019, diz que acredita em uma solução conjunta e propõe uma nova conversa com os times, mas ressalta que “não descuidará das ações necessárias à defesa de seus direitos”. O tom do comunicado reforça um grave problema de relacionamento entre a Turner e seus parceiros.

O grande problema apontado pela Turner está no número de partidas exibidas em TV aberta (ou internet) para a mesma praça onde o duelo foi realizado. Para cada descumprimento, que deveria ser notificado pela empresa, existe multa de R$ 1 milhão. No entanto, há também um limite de seis jogos por clube — e a violação autorizaria a rescisão de todo o contrato.

Cinco das sete equipes parceiras tiveram mais de seis partidas transmitidas, nessas condições, pela Rede Globo. Segundo levantamento da reportagem, o Palmeiras teve 12 jogos, seguido pelo Athletico, com 11. Depois aparecem Santos (10) e Internacional e Fortaleza (7 cada). Ceará e Bahia ficaram exatamente no limite. É importante lembrar, contudo, que os times não têm qualquer poder de decisão sobre quais partidas são transmitidas. A escolha é da emissora, no caso a Globo.

A alegação da Turner para a inclusão da cláusula citada acima é de que a exibição de seus parceiros em TV aberta, de graça, prejudica seu produto, que depende de assinantes. O contrato, vale lembrar, foi formatado e assinado ainda em 2016. Mas existem outros dois artigos considerados essenciais no acordo que também teriam sido ignorados. Um deles estipula que o valor mensal do Premiere — pay-per-view (PPV) de futebol da Globo — não poderia ser menor do que R$ 60.

O outro impede a utilização da plataforma Premiere Play, que permite ao usuário assistir aos jogos ao vivo pela internet, sem cobrança extra ao assinante tradicional do Premiere. Novamente, duas situações que os clubes não controlam, mas que consentiram ao assinar o contrato. O futuro. Como deixou claro em seu comunicado oficial, a Turner está convocado os clubes para reuniões sobre o tema. Em um cenário ideal, as partes chegarão a um acordo sobre o futuro do contrato. Neste caso, os times poderiam retomar amigavelmente seus direitos de transmissão.

O vínculo, que vale por mais cinco temporadas, distribuiu cerca R$ 140 milhões às equipes em 2019. Sem o retorno esperado de audiência e publicidade, o grupo americano considera que o produto é muito caro. Hoje, internamente, a intenção seria romper de forma definitiva. No entanto, há uma grande possibilidade de a disputa ganhar contornos jurídicos, principalmente por envolver somas milionárias. Aí, a briga na Justiça seria por indenizações e compensações de ambos os lados.

Se isso acontecer junto com fim das transmissões de TNT e Space, a chance de um blecaute temporário desses times na TV fechada aumentaria consideravelmente. A reportagem entrou em contato com os clubes. Os presidentes de Fortaleza e Santos, Marcelo Paz e José Carlos Peres, afirmaram que não comentariam o tema. Já Athletico, Bahia, Ceará, Coritiba, Inter e Palmeiras não responderam aos questionamentos.

Autor(a)

Fellipe Amaral

Administrador e colunista do site Futebol Bahiano. Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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