Contratado em janeiro deste ano pelo Botafogo da Paraíba após deixar o futebol Húngaro, o goleiro Felipe revelou em entrevista ao programa Sportscenter da ESPN Brasil um caso de racismo quando atuava no Esporte Clube Vitória, onde foi revelado. Após o rebaixamento do Leão à Série C do Brasileiro em setembro de 2005 após empatar com a Portuguesa, Felipe prestou queixa de racismo e difamação contra o presidente da época Paulo Carneiro, que também comanda o clube atualmente. Ele alegou ter sido chamado de “negro safado”, “preto vagabundo” e “vendido” no vestiário após o fim da partida. Em seguida, ele foi emprestado ao São Caetano. “Senti muito raiva, porque dei minha vida pelo clube”.
“É um assunto complicado. A gente sabe que dificilmente é um assunto que vai ter fim, até porque as punições que a gente tem hoje são leves. Você vê casos de câmeras pegando torcedores imitando macacos ou falando outras ofensas e o máximo que toma é uma puniçãozinha leve. Passei por isso no início da minha carreira, foi um momento muito complicado. Salvador (BA), onde 70% da população é afro, você viver isso na pele é complicado”, afirmou em entrevista ao programa Sportscenter da ESPN Brasil.
O goleiro também recordou da passagem pelo Kisvárdia, da Hungria, entre os anos de 2018 e 2019 e revelou novos insultos, que se tornaram rotineiros durante grande parte dos jogos. “Na Hungria, eu vivia isso em praticamente todos os jogos, só não vivia isso quando jogava em casa, quando não tinha torcida rival. Com o tempo, você meio que acaba se acostumando com isso. Para isso, definitivamente, acabar, tem que ter punição pesada. A partir do momento que você tiver uma punição pesada ou para a pessoa que fez ou para o clube aí eu creio que é o primeiro passo para a gente tentar eliminar o racismo do futebol”, completou.
Natural do Rio de Janeiro (RJ), Luiz Felipe Ventura dos Santos, 35 anos, surgiu nas divisões de base do Esporte Clube Vitória, onde conquistou três títulos baianos (2003, 2004 e 2005) e a Copa do Nordeste de 2003, além de ter sido convocado para Seleção Brasileira Sub-17 para disputar o Campeonato Sul-Americano da categoria em 2001. Deixou o Barradão em 2005 e rodou por São Caetano, Bragantino e Portuguesa até chegar ao Corinthians, onde teve grande destaque, participando das conquistas da Série B (2008), do Campeonato Paulista (2009) e da Copa do Brasil (2009).
Após breve passagem pelo Braga de Portugal, acertou com o Flamengo chegando em meados de 2011 e ficando até 2014. Conquistou dois Campeonatos Cariocas (2011 e 2014) e a Copa do Brasil em 2013. Foi dispensado pelo clube carioca em 2015, acumulou passagens por Figueirense, Bragantino, Boavista-RJ, Uberlândia e o Kisvárda, onde atuou nas duas últimas temporadas. Esse ano, deixou o futebol Húngaro e acertou com o Botafogo-PB.