Fluminense de Feira apresenta a sua analista de desempenho

Das 61 equipes femininas em atividade no Brasil, apenas 8 delas são treinadas por mulheres

O Fluminense segue se profissionalizando também na área futebol. Nesta segunda feira, o clube através do seu site oficial apresentou através de entrevista a jovem Lizandra Nunes que faz parte da comissão técnica como analista de desempenho. Algo raro considerando que até no futebol feminino são poucas as mulheres no comando das equipes. Das 61 equipes femininas em atividade no Brasil, apenas 8 delas são treinadas por mulheres e 53 são treinadas por homens.

 

Nome completo, idade e uma breve apresentação da formação.

Me chamo Lizandra Nunes, sou feirense, ex-atleta de futebol, tenho 24 anos, sou graduanda do último semestre do curso de Educação Física da Universidade Estadual de Feira de Santana. Por acreditar que o processo de formação deve ser contínuo, realizei e venho realizando alguns cursos e formações no âmbito do futebol, nas áreas de: análise de desempenho; tática para treinadores; jogos reduzidos; metodologia do treinamento no futebol; preparação física no futebol; princípios técnicos-táticos para a formação de jovens atletas, dentre outras áreas. Além disso, entre os anos de 2017 e 2018 realizei mobilidade acadêmica no curso de Ciências do Desporto da Universidade de Évora, em Portugal, onde participei do quadro técnico do Juventude Sport Clube.

Como é para você trabalhar com o Futebol masculino e integrar uma comissão técnica composta por homens?

Antes de estar no Fluminense, já trabalhava com futebol masculino no Projeto de Captação de Atletas FSA e, também, em uma escolinha de futebol que possui, em sua maioria, alunos do gênero masculino, infelizmente, nestes espaços sou a única mulher na condição de profissional do futebol. Ser mulher e trabalhar com futebol é um processo que exige subversão e resistência diária, e quando se trata de futebol masculino preciso provar a todo o tempo que sou tão competente quanto um homem. Com relação aos colegas da comissão técnica, nunca tive problemas, sempre demonstraram/demonstram confiar na minha capacidade, competência e trabalho. No que diz respeito aos atletas e alguns funcionários do clube, inicialmente senti desconfiança ou um pouco de estranhamento em alguns, pois nenhum deles trabalhou com uma profissional mulher que está diretamente envolvida nos processos do jogo, mas hoje, percebo que esse sentimento mudou e eles, no decorrer do trabalho passaram a me ver enquanto uma profissional do futebol. Apesar de ficar triste por ainda não ver muitas mulheres trabalhando com futebol, principalmente no futebol masculino, me sinto honrada por ser referência e inspiração para outras mulheres que desejam ou sonham trabalhar enquanto profissional do futebol, desempenhando funções que não são comumente vinculadas a nós, como técnica, preparadora física, analista de desempenho, preparadora de goleiro, auxiliar técnica, fisiologista e demais funções de comando do mundo futebolístico.

Qual a função do analista de desempenho?

O(a) analista de desempenho é um “filtro condutor” de informações, é um(a) auxiliar técnico(a) responsável por observar, analisar e estudar a sua equipe e as equipes adversárias que irá enfrentar. Para que seja possível esse processo, o(a) analista precisa conhecer os momentos do jogo de futebol (defesa, transição ofensiva, ataque e transição defensiva) e também compreender os princípios e os fundamentos do futebol, a nível individual e coletivo que serão utilizados nestes momentos. A partir destes conhecimentos, o(a) analista irá, através de dados qualitativos (ex: onde e como ocorreram os passes) e quantitativos (ex: nº de passes executados), buscar identificar padrões e variações de comportamentos nas equipes. O(A) analista de desempenho também possui outras atribuições como, por exemplo, realizar prospecção de atletas (buscando o jogador que se encaixe melhor com o comportamento almejado pelo técnico); estar familiarizado(a) com algumas tecnologias (ex: softwares; programas de edição de vídeo; saber utilizar filmadora, notebook, projetor e etc); destrinchar e compilar o material para ser entregue ao treinador, aos demais profissionais da comissão e aos atletas. É importante sinalizar que é possível realizar análise sem essas tecnologias (ex: papel e caneta), no entanto, dados ou informações importantes podem passar despercebidas e a análise pode ficar comprometida.

Como iniciou sua trajetória no Fluminense de Feira Futebol Clube?

Minha trajetória no Fluminense de Feira teve início em 2019, no final do mês de junho, através do convite do ex-coordenador George Silva o qual me convidou para acompanhar a categoria sub 15 do clube na Copa 2 de julho, na função de analista de desempenho. Após a competição, houve o convite para estar com a categoria sub 23 na Copa Baiana de Aspirantes e, logo em seguida, o atual técnico, professor Eduardo Silva me convidou para integrar comissão do profissional, onde estou e sou grata por poder conviver e trabalhar com excelentes profissionais e grandes seres humanos.

Como seu trabalho é desenvolvido no Fluminense?

No Fluminense, além de filmar alguns treinos, jogos, elaborar relatórios sobre a nossa equipe e dos adversários, realizar scouting, observações e análises no plano individual, setorial e coletivo, também participo do processo de elaboração de treinos, da construção do modelo de jogo da nossa equipe e auxilio quando necessário na preparação física.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

Deixe seu comentário