Em entrevista ao programa Bola da Vez, do canal ESPN Brasil, que foi gravado dias atrás, mas só foi ao ar neste sábado, o presidente do Esporte Clube Bahia falou sobre diversos temas, o principal referente as campanhas do Núcleo de Ações Afirmativas, entre elas, a luta contra a homofobia, que ganhou destaque nos jornais nacionais e internacionais após a decisão de utilizar a camisa 24 no volante Flávio como forma de protesto e de homenagem ao ex-jogador de basquete Kobe Bryant, que morreu em um acidente de helicóptero. Recentemente, o diretor de futebol do Corinthians, Duílio Monteiro Alves, fez um comentário homofóbico durante a apresentação do meia Cantillo: “24 aqui não”. O jogador colombiano sempre usou a camisa 24 em seu país, no entanto, foi orientado a não usar tal número que é popularmente associado ao homossexual. No entanto, Bellintani não vê o Bahia menos homofóbico que o Corinthians.
“Eu não acho o Bahia menos homofóbico que o Corinthians, não. Eu acho que somos tão homofóbicos quanto qualquer outro clube brasileiro. Acredito que temos nos esforçado para sermos menos homofóbicos mais do que a média dos clubes brasileiros. E também para combater o racismo, a violência contra a mulher. Mas ainda temos um caminho muito grande para percorrer para chegarmos a um comportamento aceitável nos estádios”, declarou em entrevista ao Bola da Vez, na ESPN Brasil.
Bellintani disse já ter ouvido provocações em momentos ruins da equipe dentro de campo, de torcedores alegando que a diretoria deixou de se preocupar com o futebol. “Quando o time não está bem, a gente ouve que é um clube que só quer saber de ações sociais e que parou de se importar com o futebol. Como se as mesmas pessoas fossem responsáveis pelos dois departamentos. […] Mas há um benefício também, que é o espaço que conquistamos na mídia. E isso retroalimenta nossa vontade de engajamento. Não que façamos para aparecer na mídia, mas por entendermos que promovemos o debate”, declarou.
O presidente do Bahia espera ver outros times brasileiros assumindo o protagonismo em temas sociais. Bellintani espera que um dia as ideias defendidas pelo Bahia sejam a regra e não a exceção. “Nós não queremos exclusividade nos nossos pensamentos. Até por entender que a heterogeneidade é o que compõe a sociedade. Se nós entendermos que todos os nossos pensamentos estão corretos, nós vamos criar uma ditadura do nosso pensamento, que é algo que combatemos também. Não temos inveja de ações dos outros clubes, mas ficamos felizes por iniciativas em outros lugares e também buscamos parcerias. Até porque o nosso objetivo é que nossas ideias sejam o normal e não algo diferente’, afirmou.